Venda de maquinário agrícola disparou em 2021 e cresceu 43% em relação a 2020, devido às boas safras e à rentabilidade do setor. Apesar disso, desafios como câmbio, preço do aço, falta de componentes, frete marítimo e pandemia levaram o agricultor a esperar na fila para investir na renovação da frota de máquinas
De uma forma geral, a agropecuária registrou aumento em produção e até em produtividade no campo nas duas últimas safras, em Goiás e no Brasil, apesar dos efeitos econômicos causados pela Covid-19, especialmente em 2020. Como alegam produtores rurais e demais representantes do setor, ‘o agro não parou’ nos dois primeiros anos da pandemia e isso trouxe reflexos positivos para diferentes cadeias que integram o agronegócio. É o caso de segmentos que dependem do agro para faturar, como as indústrias e os comércios de máquinas e implementos agrícolas, que também registraram crescimento no volume de negócios nos últimos anos.
Segundo informações divulgadas, em janeiro de 2022, pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), houve aumento de 43% nas vendas de máquinas agrícolas em 2021. O número de empregos formais também cresceu 13%, saltando de 52 mil vagas, em 2020, para 59 mil postos de trabalho no ano passado. De acordo com o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Abimaq, Pedro Estevão Bastos de Oliveira, são vários os fatores que explicam os números irem ‘lá para cima’. “O câmbio valorizado e a rentabilidade do agricultor contribuíram para esse resultado. Apesar de os custos também terem aumentado, houve rentabilidade e o produtor investiu na aquisição de máquinas. A gente já vinha de cinco anos de crescimento nas vendas, mas 2021 foi bem superior ao esperado”, destaca.
O coordenador do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Leonardo Machado, avalia que o crescimento nas vendas de máquinas, em 2021, se deve a dois fatores principais. O primeiro, de acordo com ele, é a demanda por tecnologia. “É uma necessidade alta e isso faz com que o produtor busque sempre renovar seu maquinário, com itens com mais tecnologias disponíveis”. Leonardo acrescenta que o outro fator é, exatamente, a boa rentabilidade proporcionada pelas últimas safras. Mas, segundo ele, é preciso analisar que houve demanda represada de 2020, já que foi um período que praticamente não registrou grande volume de vendas de máquinas por causa da pandemia e, por isso, o produtor teve que aguardar um pouco para investir.
Já o diretor da Planalto Tratores, Marco Elísio Nunes Cunha, cita que o aumento das exportações e, consequentemente, a valorização das commodities, fizeram com que o agricultor tivesse maior capacidade de investimento. “Cada vez mais o uso de ferramentas e tecnologias é necessário no campo, aumentando, assim, a eficiência de produção e produtividade”, completa. Com 50 anos de atuação no setor e atendimento em 121 municípios goianos, a Planalto Tratores trabalha com produtos como tratores, colheitadeiras, sprayes e outros implementos agrícolas, além de assistência técnica especializada. “O desafio desse mercado é oferecer soluções aos clientes, investindo em qualidade, atendimento e tecnologias. Por isso, estamos nos preparando para 2022, pois acreditamos que será um ano de equilíbrio, com tendência de alta do preço da maioria das commodities. O mercado se manterá aquecido, com o retorno das feiras, e isso traz um movimento também positivo no sentido de poder apresentar os produtos aos clientes”, afirma.
De olho no consumidor
Com o aquecimento do agronegócio e o mercado de máquinas em crescimento, as marcas que atuam no segmento têm investido em pesquisa e desenvolvimento de produtos para conquistar clientes. É o caso da Case IH, que atua com agricultura digital, produtos e serviços do pré-plantio à colheita, como tratores, plantadeiras, pulverizadores, colheitadeiras de grãos, além de soluções de agricultura de precisão e outras tecnologias que estão reunidas no AFS Connect, solução de agricultura digital que torna possível realizar o monitoramento da frota, a gestão agronômica e o gerenciamento de dados em tempo real. Para potencializar ainda mais o serviço, a Case IH tem o AFS Connect Center, uma central de monitoramento que integra a fábrica e os concessionários para o atendimento ao cliente em tempo real.
Segundo o diretor de Marketing e Comunicação da Case IH para a América Latina, Eduardo Penha, nos dois últimos anos, a marca fez o maior número de lançamentos. Entre os itens que compõem o portfólio da empresa estão tratores Magnum AFS Connect e Steiger AFS Connect, além da colheitadeira de grãos Axial-Flow Série 250 Automation, que deram início à era das máquinas conectadas da Case IH, que combinam tecnologia, resistência, conectividade e desempenho para alta performance no campo. “A Case IH está à frente da revolução da agricultura digital, por isso, lançamos, no ano passado, a Fazenda Conectada Case IH. Localizada em Água Boa, no Mato Grosso, em uma área de mais de três mil hectares e que já apresenta alta produtividade, reunimos máquinas, serviços e pessoas para mostrar como a conectividade rural aumenta ainda mais a produtividade no campo. O local recebeu conexão 4G da TIM, parceira no projeto, reunindo nossas máquinas conectadas, gerando e recebendo dados em tempo real, e as nossas soluções que oferecem, por exemplo, radiografia de solo, geração de mapas, climatologia e medição da qualidade dos grãos, além de dados agronômicos e operação de frota. Tudo isso gerenciado pelo AFS Connect Center em tempo real, facilitando as tomadas de decisão do produtor”, destaca.
Eduardo Penha avalia ainda que, no geral, para o setor, foram dois anos de crescimento. “Houve sim, em um primeiro momento, questões pontuais de falta de componentes e 2020 como um todo foi marcado por imprevisibilidades. Mas continuamos nossos investimentos em pesquisa e desenvolvimento e tivemos o maior número de lançamentos da história da marca, com foco para o aumento da produtividade e eficiência no campo, objetivos que estavam alinhados com o que os produtores também estavam buscando no momento”.
Outra marca que fez investimentos voltados ao consumidor foi a New Holland Agriculture. De acordo com o diretor de Mercado Brasil da empresa, Eduardo Kerbauy, nos últimos dois anos foram lançadas as colheitadeiras TC e TX, nova linha de pulverizadores, inclusive para o setor de cana, linha de tratores de alta potência com os novos T8 e T9 PLM Intelligence, que são máquinas 100% conectadas e já vêm de fábrica com alta tecnologia voltada para a agricultura digital, além de plantadeiras, com a PL 7000, com opções de 27 a 61 linhas, que conferem maior eficiência e agilidade no plantio de sementes.
De um modo geral, ele acredita que o setor de máquinas agrícolas acompanhou o crescimento do agronegócio brasileiro. “Afinal, o agro não parou de produzir. Mesmo com problemas obviamente causados pelo coronavírus, a agricultura exportou bastante, principalmente por causa do valor elevado das commodities agrícolas, o dólar valorizado e as boas safras que colhemos nos últimos anos. Isso deixou o produtor rural capitalizado, que continuou investindo, por exemplo, na renovação da frota de máquinas, mesmo com alguma cautela, principalmente no período inicial da pandemia, quando havia muitas incertezas”.
Eduardo Kerbauy pontua que no caso do setor de máquinas, apesar de não ter parado a produção, houve impactos sim. Um dos principais, de acordo com ele, foi a crise provocada pela falta de componentes, que afetou toda a indústria automotiva mundial. “Além disso, o preço de muitos insumos, como o aço, disparou. Também tivemos uma quebra na cadeia logística, no caso, por exemplo, com uma demora maior na entrega de peças por falta de contêineres. Nessa situação, precisamos nos adaptar de muitas formas, seja para preservar a saúde dos nossos colaboradores, fornecedores e clientes ou para encontrar formas de não provocar maiores prejuízos na entrega das máquinas para o cliente final”, diz.
Ele acrescenta que a marca adotou, entre outras medidas, o trabalho não presencial, quando possível, e ferramentas de comunicação e serviços on-line, como o uso do WhatsApp para criar mais um canal de contato com o cliente. “Também preparamos nossas equipes para seguirem todos os protocolos sanitários, seja na fábrica ou no concessionário, para evitar colocar em risco a saúde das pessoas. E para não comprometer as entregas de máquinas, chegamos a trazer peças por avião para garantir que o cliente não ficasse na mão, mesmo sendo o frete aéreo bem mais caro”, informa.
Desafios
Apesar dos excelentes resultados alcançados pelo agronegócio e setor de máquinas e implementos nos últimos anos, houve desafios nesse período, que impactaram, de alguma forma, o consumidor final, que é o produtor rural. Na avaliação de especialistas do setor, os números seriam ainda melhores caso os problemas não tivessem ocorrido. “O preço de máquinas agrícolas tem uma forte ligação com o valor do aço, que é uma commodity agrícola, e consequentemente sofre as variações cambiais. A dificuldade de frete marítimo impactou na formação de preço de produtos e a Covid-19 nas fábricas, que ficaram paradas, reduziram muito a oferta de máquinas para o agricultor”, informa o coordenador do Ifag, Leonardo Machado.
O reflexo disso, segundo ele, é a demora na entrega de produtos. “Uma vez que você tem, como a gente traçou agora, impactos negativos na oferta, dificuldade de frete, aumento no preço do aço, questão de fábricas paradas por Covid-19, há uma redução na oferta. Por outro lado você tem um crescimento da demanda. Com isso houve filas e demora na entrega, que impactaram diretamente nessa compra por parte do agricultor”.
O produtor rural Welington Abadio Júnior, de 36 anos, passou pela situação de atraso na entrega. Ele conta que os prazos de fornecimento estão girando, em torno, de 10 a 12 meses. “Isso significa que, na prática, se a gente não comprar com prazo de antecedência, estamos sujeitos ao risco de ter área de soja disponível para colheita, por exemplo, e não ter a máquina para colher o grão. É ter o talhão aberto para plantar e não ter plantadeira ou trator para fazer a semeadura. Por isso, é importante planejar a compra com antecedência”.
Ele informa que trabalhava na produção agrícola, com o pai, e há dois anos passou a investir no cultivo de soja e milho, em seu próprio negócio. Para isso, adquiriu mais de 20 máquinas, além de implementos, para compor a operação na propriedade dele, que começou do zero. “Investimos, porque acreditamos no agro e na cultura da soja, que vive bons preços. A gente tem sido impulsionado pelas boas cotações”. Fora a situação de demora na entrega de maquinário, o produtor rural comemora os resultados do segmento nos últimos anos. Na safra 2021/2022, ele plantou uma área de 1.300 hectares na Sonho Grande Agricultura, com sede em Diorama e áreas em municípios do Oeste de Goiás. “A perspectiva de colheita desse ano é de 50 sacas por hectare, o que seria ótimo em uma área de abertura, que é o nosso caso”, relata. Para a safra 2022/2023, a previsão dele é de ampliar a área e cultivar de 2,5 mil a 3 mil hectares.
Pé no acelerador
O coordenador do Ifag, Leonardo Machado, acredita que as perspectivas são boas para 2022. “A gente espera uma normalidade em relação à entrega dos produtos e, com isso, a fila vai reduzir. Vai ter máquina disponível para o produtor levar e atender sua demanda. O frete marítimo deve voltar ao normal, enquanto a questão cambial é uma incógnita, depende de vários fatores, mas acreditamos que teremos estabilidade nos preços e melhoria de entregas podem ocorrer, sim, em 2022, trazendo estabilidade para esse mercado”, reforça.
Há a expectativa também do retorno de feiras presenciais de negócios, como é o caso da Tecnoshow Comigo, em Rio Verde, no Sudoeste goiano, que será realizada de 4 a 8 de abril, e a Agrishow, em Ribeirão Preto, em São Paulo, prevista para o período de 25 a 28 de abril. De acordo com organizadores, os eventos funcionam como termômetro para a venda de máquinas e implementos agrícolas, por exemplo, pois geram uma movimentação no setor, nas cidades e regiões no entorno, e, principalmente, possibilitam o contato direto com os produtores rurais, que têm o costume de valorizar o contato olho no olho. Nos dois últimos anos, por causa da pandemia, as feiras foram canceladas no formato presencial.
Como o mercado segue um ritmo acelerado de crescimento e precisa oferecer produtos, marcas já preparam novidades para 2022. “É o lançamento comercial no Brasil do primeiro trator movido a gás metano do mundo, uma nova tecnologia, disruptiva, que reduz as emissões em até 80%, além de aproveitar, por exemplo, os dejetos da suinocultura ou da produção de cana-de-açúcar na geração do combustível. Lembrando que essas máquinas todas possuem tecnologias voltadas para a agricultura digital, para entregar a melhor performance, obter a melhor produtividade e reduzir custos para o produtor”, lista Eduardo Kerbauy, da New Holland Agriculture.
Qualificação como diferencial
As estatísticas comprovam que o produtor rural tem buscado investir na aquisição de máquinas e implementos agrícolas, com o intuito de levar mais tecnologia ao campo e ampliar a produtividade das lavouras. Entretanto, especialistas orientam que é necessário, ainda, capacitar os trabalhadores rurais para o manuseio do maquinário agrícola. É nesse momento que entra o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás), que oferece mais de 40 treinamentos voltados para a área de mecanização agrícola, nos diversos segmentos.
Segundo a coordenadora de Formação Profissional Rural (FPR) do Senar Goiás, Claudimeire Castro, os treinamentos contribuem para melhorar a qualidade do serviço feito com a máquina, aumentar a eficiência, reduzir quebras, minimizar consumo de combustível e riscos operacionais, além de difundir tecnologias. “O importante é proporcionar conhecimento ao produtor e ao trabalhador rural para que as orientações técnicas e gerenciais sejam executadas corretamente. Assim, será possível atingir as metas e os objetivos planejados, através das primícias de que se aprende fazer ‘fazendo’, com treino prático. Além disso, é possível melhorar o desempenho e fornecer ao produtor rural a condição que ele precisa para participar, de maneira mais eficaz, na consolidação da sua pequena ou média produção”, destaca.
Venda de maquinário agrícola disparou em 2021 e cresceu 43% em relação a 2020, devido às boas safras e à rentabilidade do setor. Apesar disso, desafios como câmbio, preço do aço, falta de componentes, frete marítimo e pandemia levaram o agricultor a esperar na fila para investir na renovação da frota de máquinas
De uma forma geral, a agropecuária registrou aumento em produção e até em produtividade no campo nas duas últimas safras, em Goiás e no Brasil, apesar dos efeitos econômicos causados pela Covid-19, especialmente em 2020. Como alegam produtores rurais e demais representantes do setor, ‘o agro não parou’ nos dois primeiros anos da pandemia e isso trouxe reflexos positivos para diferentes cadeias que integram o agronegócio. É o caso de segmentos que dependem do agro para faturar, como as indústrias e os comércios de máquinas e implementos agrícolas, que também registraram crescimento no volume de negócios nos últimos anos.
Segundo informações divulgadas, em janeiro de 2022, pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), houve aumento de 43% nas vendas de máquinas agrícolas em 2021. O número de empregos formais também cresceu 13%, saltando de 52 mil vagas, em 2020, para 59 mil postos de trabalho no ano passado. De acordo com o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Abimaq, Pedro Estevão Bastos de Oliveira, são vários os fatores que explicam os números irem ‘lá para cima’. “O câmbio valorizado e a rentabilidade do agricultor contribuíram para esse resultado. Apesar de os custos também terem aumentado, houve rentabilidade e o produtor investiu na aquisição de máquinas. A gente já vinha de cinco anos de crescimento nas vendas, mas 2021 foi bem superior ao esperado”, destaca.
O coordenador do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Leonardo Machado, avalia que o crescimento nas vendas de máquinas, em 2021, se deve a dois fatores principais. O primeiro, de acordo com ele, é a demanda por tecnologia. “É uma necessidade alta e isso faz com que o produtor busque sempre renovar seu maquinário, com itens com mais tecnologias disponíveis”. Leonardo acrescenta que o outro fator é, exatamente, a boa rentabilidade proporcionada pelas últimas safras. Mas, segundo ele, é preciso analisar que houve demanda represada de 2020, já que foi um período que praticamente não registrou grande volume de vendas de máquinas por causa da pandemia e, por isso, o produtor teve que aguardar um pouco para investir.
Já o diretor da Planalto Tratores, Marco Elísio Nunes Cunha, cita que o aumento das exportações e, consequentemente, a valorização das commodities, fizeram com que o agricultor tivesse maior capacidade de investimento. “Cada vez mais o uso de ferramentas e tecnologias é necessário no campo, aumentando, assim, a eficiência de produção e produtividade”, completa. Com 50 anos de atuação no setor e atendimento em 121 municípios goianos, a Planalto Tratores trabalha com produtos como tratores, colheitadeiras, sprayes e outros implementos agrícolas, além de assistência técnica especializada. “O desafio desse mercado é oferecer soluções aos clientes, investindo em qualidade, atendimento e tecnologias. Por isso, estamos nos preparando para 2022, pois acreditamos que será um ano de equilíbrio, com tendência de alta do preço da maioria das commodities. O mercado se manterá aquecido, com o retorno das feiras, e isso traz um movimento também positivo no sentido de poder apresentar os produtos aos clientes”, afirma.
De olho no consumidor
Com o aquecimento do agronegócio e o mercado de máquinas em crescimento, as marcas que atuam no segmento têm investido em pesquisa e desenvolvimento de produtos para conquistar clientes. É o caso da Case IH, que atua com agricultura digital, produtos e serviços do pré-plantio à colheita, como tratores, plantadeiras, pulverizadores, colheitadeiras de grãos, além de soluções de agricultura de precisão e outras tecnologias que estão reunidas no AFS Connect, solução de agricultura digital que torna possível realizar o monitoramento da frota, a gestão agronômica e o gerenciamento de dados em tempo real. Para potencializar ainda mais o serviço, a Case IH tem o AFS Connect Center, uma central de monitoramento que integra a fábrica e os concessionários para o atendimento ao cliente em tempo real.
Segundo o diretor de Marketing e Comunicação da Case IH para a América Latina, Eduardo Penha, nos dois últimos anos, a marca fez o maior número de lançamentos. Entre os itens que compõem o portfólio da empresa estão tratores Magnum AFS Connect e Steiger AFS Connect, além da colheitadeira de grãos Axial-Flow Série 250 Automation, que deram início à era das máquinas conectadas da Case IH, que combinam tecnologia, resistência, conectividade e desempenho para alta performance no campo. “A Case IH está à frente da revolução da agricultura digital, por isso, lançamos, no ano passado, a Fazenda Conectada Case IH. Localizada em Água Boa, no Mato Grosso, em uma área de mais de três mil hectares e que já apresenta alta produtividade, reunimos máquinas, serviços e pessoas para mostrar como a conectividade rural aumenta ainda mais a produtividade no campo. O local recebeu conexão 4G da TIM, parceira no projeto, reunindo nossas máquinas conectadas, gerando e recebendo dados em tempo real, e as nossas soluções que oferecem, por exemplo, radiografia de solo, geração de mapas, climatologia e medição da qualidade dos grãos, além de dados agronômicos e operação de frota. Tudo isso gerenciado pelo AFS Connect Center em tempo real, facilitando as tomadas de decisão do produtor”, destaca.
Eduardo Penha avalia ainda que, no geral, para o setor, foram dois anos de crescimento. “Houve sim, em um primeiro momento, questões pontuais de falta de componentes e 2020 como um todo foi marcado por imprevisibilidades. Mas continuamos nossos investimentos em pesquisa e desenvolvimento e tivemos o maior número de lançamentos da história da marca, com foco para o aumento da produtividade e eficiência no campo, objetivos que estavam alinhados com o que os produtores também estavam buscando no momento”.
Outra marca que fez investimentos voltados ao consumidor foi a New Holland Agriculture. De acordo com o diretor de Mercado Brasil da empresa, Eduardo Kerbauy, nos últimos dois anos foram lançadas as colheitadeiras TC e TX, nova linha de pulverizadores, inclusive para o setor de cana, linha de tratores de alta potência com os novos T8 e T9 PLM Intelligence, que são máquinas 100% conectadas e já vêm de fábrica com alta tecnologia voltada para a agricultura digital, além de plantadeiras, com a PL 7000, com opções de 27 a 61 linhas, que conferem maior eficiência e agilidade no plantio de sementes.
De um modo geral, ele acredita que o setor de máquinas agrícolas acompanhou o crescimento do agronegócio brasileiro. “Afinal, o agro não parou de produzir. Mesmo com problemas obviamente causados pelo coronavírus, a agricultura exportou bastante, principalmente por causa do valor elevado das commodities agrícolas, o dólar valorizado e as boas safras que colhemos nos últimos anos. Isso deixou o produtor rural capitalizado, que continuou investindo, por exemplo, na renovação da frota de máquinas, mesmo com alguma cautela, principalmente no período inicial da pandemia, quando havia muitas incertezas”.
Eduardo Kerbauy pontua que no caso do setor de máquinas, apesar de não ter parado a produção, houve impactos sim. Um dos principais, de acordo com ele, foi a crise provocada pela falta de componentes, que afetou toda a indústria automotiva mundial. “Além disso, o preço de muitos insumos, como o aço, disparou. Também tivemos uma quebra na cadeia logística, no caso, por exemplo, com uma demora maior na entrega de peças por falta de contêineres. Nessa situação, precisamos nos adaptar de muitas formas, seja para preservar a saúde dos nossos colaboradores, fornecedores e clientes ou para encontrar formas de não provocar maiores prejuízos na entrega das máquinas para o cliente final”, diz.
Ele acrescenta que a marca adotou, entre outras medidas, o trabalho não presencial, quando possível, e ferramentas de comunicação e serviços on-line, como o uso do WhatsApp para criar mais um canal de contato com o cliente. “Também preparamos nossas equipes para seguirem todos os protocolos sanitários, seja na fábrica ou no concessionário, para evitar colocar em risco a saúde das pessoas. E para não comprometer as entregas de máquinas, chegamos a trazer peças por avião para garantir que o cliente não ficasse na mão, mesmo sendo o frete aéreo bem mais caro”, informa.
Desafios
Apesar dos excelentes resultados alcançados pelo agronegócio e setor de máquinas e implementos nos últimos anos, houve desafios nesse período, que impactaram, de alguma forma, o consumidor final, que é o produtor rural. Na avaliação de especialistas do setor, os números seriam ainda melhores caso os problemas não tivessem ocorrido. “O preço de máquinas agrícolas tem uma forte ligação com o valor do aço, que é uma commodity agrícola, e consequentemente sofre as variações cambiais. A dificuldade de frete marítimo impactou na formação de preço de produtos e a Covid-19 nas fábricas, que ficaram paradas, reduziram muito a oferta de máquinas para o agricultor”, informa o coordenador do Ifag, Leonardo Machado.
O reflexo disso, segundo ele, é a demora na entrega de produtos. “Uma vez que você tem, como a gente traçou agora, impactos negativos na oferta, dificuldade de frete, aumento no preço do aço, questão de fábricas paradas por Covid-19, há uma redução na oferta. Por outro lado você tem um crescimento da demanda. Com isso houve filas e demora na entrega, que impactaram diretamente nessa compra por parte do agricultor”.
O produtor rural Welington Abadio Júnior, de 36 anos, passou pela situação de atraso na entrega. Ele conta que os prazos de fornecimento estão girando, em torno, de 10 a 12 meses. “Isso significa que, na prática, se a gente não comprar com prazo de antecedência, estamos sujeitos ao risco de ter área de soja disponível para colheita, por exemplo, e não ter a máquina para colher o grão. É ter o talhão aberto para plantar e não ter plantadeira ou trator para fazer a semeadura. Por isso, é importante planejar a compra com antecedência”.
Ele informa que trabalhava na produção agrícola, com o pai, e há dois anos passou a investir no cultivo de soja e milho, em seu próprio negócio. Para isso, adquiriu mais de 20 máquinas, além de implementos, para compor a operação na propriedade dele, que começou do zero. “Investimos, porque acreditamos no agro e na cultura da soja, que vive bons preços. A gente tem sido impulsionado pelas boas cotações”. Fora a situação de demora na entrega de maquinário, o produtor rural comemora os resultados do segmento nos últimos anos. Na safra 2021/2022, ele plantou uma área de 1.300 hectares na Sonho Grande Agricultura, com sede em Diorama e áreas em municípios do Oeste de Goiás. “A perspectiva de colheita desse ano é de 50 sacas por hectare, o que seria ótimo em uma área de abertura, que é o nosso caso”, relata. Para a safra 2022/2023, a previsão dele é de ampliar a área e cultivar de 2,5 mil a 3 mil hectares.
Pé no acelerador
O coordenador do Ifag, Leonardo Machado, acredita que as perspectivas são boas para 2022. “A gente espera uma normalidade em relação à entrega dos produtos e, com isso, a fila vai reduzir. Vai ter máquina disponível para o produtor levar e atender sua demanda. O frete marítimo deve voltar ao normal, enquanto a questão cambial é uma incógnita, depende de vários fatores, mas acreditamos que teremos estabilidade nos preços e melhoria de entregas podem ocorrer, sim, em 2022, trazendo estabilidade para esse mercado”, reforça.
Há a expectativa também do retorno de feiras presenciais de negócios, como é o caso da Tecnoshow Comigo, em Rio Verde, no Sudoeste goiano, que será realizada de 4 a 8 de abril, e a Agrishow, em Ribeirão Preto, em São Paulo, prevista para o período de 25 a 28 de abril. De acordo com organizadores, os eventos funcionam como termômetro para a venda de máquinas e implementos agrícolas, por exemplo, pois geram uma movimentação no setor, nas cidades e regiões no entorno, e, principalmente, possibilitam o contato direto com os produtores rurais, que têm o costume de valorizar o contato olho no olho. Nos dois últimos anos, por causa da pandemia, as feiras foram canceladas no formato presencial.
Como o mercado segue um ritmo acelerado de crescimento e precisa oferecer produtos, marcas já preparam novidades para 2022. “É o lançamento comercial no Brasil do primeiro trator movido a gás metano do mundo, uma nova tecnologia, disruptiva, que reduz as emissões em até 80%, além de aproveitar, por exemplo, os dejetos da suinocultura ou da produção de cana-de-açúcar na geração do combustível. Lembrando que essas máquinas todas possuem tecnologias voltadas para a agricultura digital, para entregar a melhor performance, obter a melhor produtividade e reduzir custos para o produtor”, lista Eduardo Kerbauy, da New Holland Agriculture.
Qualificação como diferencial
As estatísticas comprovam que o produtor rural tem buscado investir na aquisição de máquinas e implementos agrícolas, com o intuito de levar mais tecnologia ao campo e ampliar a produtividade das lavouras. Entretanto, especialistas orientam que é necessário, ainda, capacitar os trabalhadores rurais para o manuseio do maquinário agrícola. É nesse momento que entra o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás), que oferece mais de 40 treinamentos voltados para a área de mecanização agrícola, nos diversos segmentos.
Segundo a coordenadora de Formação Profissional Rural (FPR) do Senar Goiás, Claudimeire Castro, os treinamentos contribuem para melhorar a qualidade do serviço feito com a máquina, aumentar a eficiência, reduzir quebras, minimizar consumo de combustível e riscos operacionais, além de difundir tecnologias. “O importante é proporcionar conhecimento ao produtor e ao trabalhador rural para que as orientações técnicas e gerenciais sejam executadas corretamente. Assim, será possível atingir as metas e os objetivos planejados, através das primícias de que se aprende fazer ‘fazendo’, com treino prático. Além disso, é possível melhorar o desempenho e fornecer ao produtor rural a condição que ele precisa para participar, de maneira mais eficaz, na consolidação da sua pequena ou média produção”, destaca.
Autor/Fonte: Comunicação Sistema Faeg/Senar, disponível no portal da FAEG