Os percevejos fitófagos são insetos sugadores que apresentam como principal característica o hábito de introduzir seus estiletes no local de alimentação, podem atingir várias estruturas das plantas (Panizzi, 2000). Nas últimas décadas, algumas espécies do gênero Diceraeus (anteriormente denominado Dichelops), que no passado eram consideradas pragas secundárias da soja, passaram a ocorrer de forma expressiva na cultura do milho, especialmente quando as plantas encontram-se no início de desenvolvimento vegetativo (Duarte et al., 2015).
Os percevejos das espécies Diceraeus furcatus e Diceraeus melacanthus, popularmente conhecidos como percevejo barriga-verde, são importantes pragas capazes de causar danos em plântulas de milho. Além destes, outras espécies de percevejos (como Euschistus heros e Nezara viridula) podem eventualmente atacar as plântulas de milho, porém com menor capacidade de dano. É importante ressaltar que, quando aparecem sintomas visuais do ataque desses percevejos nas plantas de milho, os danos já aconteceram, não podendo ser revertidos (Rodrigues et al., 2011).
Figura 1 – Percevejo barriga-verde em milho.
Durante a alimentação esses percevejos posicionam-se, normalmente, no sentido longitudinal do colmo do milho, com a cabeça orientada para a região do colo da planta. Caso o meristema apical seja danificado, as folhas centrais da plântula murcham e secam, manifestando o sintoma denominado de “coração morto”. Além disso, pode ocorrer também o perfilhamento da planta, tornando-a improdutiva (Ávila, 2015).
Quando o meristema apical não é danificado, as primeiras folhas que se desenrolam do cartucho apresentam estrias esbranquiçadas transversais, muitas vezes com perfurações de halo amarelado, provenientes dos danos que o inseto fez ao se alimentar na base da planta ainda jovem. Quando as folhas do cartucho não conseguem se desenrolar, conferem um aspecto de “encharutamento” da planta.
Figura 2 – Dano característico causado pelo ataque do percevejo barriga-verde em milho.
O controle do percevejo barriga-verde pode ser realizado preventivamente, empregando-se inseticidas via tratamento de sementes ou em pulverizações sobre a cultura. O nível de dano para o controle do percevejo barriga-verde no milho de segunda safra é inferior a um inseto para cada cinco plantas de milho. Por isso, é fundamental realizar o constante monitoramento da lavoura (Ávila, 2015)
Entretanto, antes de realizar-se a semeadura do milho, recomenda-se que o produtor faça uma inspeção na área em que a lavoura será implantada, a fim de constatar a presença de ninfas e adultos do percevejo e, assim, avaliar a necessidade ou não de se tratar as sementes ou até mesmo de efetuar uma pulverização com inseticida após a semeadura do milho na área. O período de maior cuidado com o percevejo é durante a fase inicial de desenvolvimento da cultura, quando a planta de milho é mais suscetível ao ataque do inseto.
Revisão: Henrique Pozebon, Doutorando PPGAgro e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM
Referências:
ÁVILA, Crébio José. Manejo integrado das principais pragas que atacam a cultura do milho no país. Visão Agrícola, v. 13, p. 102-106, 2015.
BARROS, Ricardo. Pragas do milho. Tecnologia de produção: soja e milho, v. 2012, p. 275-296, 2011.
CHIARADIA, Luís Antônio; NESI, Cristiano Nunes; RIBEIRO, Leandro do Prado Ribeiro Prado. Nível de dano econômico do percevejo barriga-verde, Dichelops furcatus (Fabr.) (Hemiptera: Pentatomidae), em milho. Agropecuária Catarinense, v. 29, n. 1, p. 63-67, 2016.
DUARTE, MARCELA MARCELINO; ÁVILA, CRÉBIO JOSÉ; SANTOS, VIVIANE. Danos e nível de dano econômico do percevejo barriga-verde na cultura do milho. Brazilian Journal of Maize and Sorghum, v. 14, n. 3, p. 291-299, 2015.
PANIZZI, Antônio R. Suboptimal nutrition and feeding behavior of hemipterans on less preferred plant food sources. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, v. 29, n. 1, p. 1-12, 2000.
RODRIGUES, Rodrigo Borkowski et al. Danos do percevejo-barriga-verde Dichelops melacanthus (DALLAS, 1851) (Hemiptera: Pentatomidae) na cultura do milho. 2011.