O controle de percevejos na soja é essencial para evitar perdas quantitativas e qualitativas causadas por essas pragas na cultura. Além de reduzir significativamente a produtividade da soja, os percevejos podem causar injurias às sementes, reduzindo a qualidade fisiológica delas, afetando principalmente germinação e vigor.

Dentre as principais espécies, destacam-se o percevejo-marrom (Euchistus heros), o percevejo-verde (Nezara viridula), o percevejo verde-pequeno (Piezodorus guildinii) e o percevejo barriga-verde (Dichelops sp.). Ambos apresentam potencial em causar danos à cultura da soja, mas sem dúvidas, a espécie com maior capacidade em reduzir a produtividade da soja é o percevejo verde-pequeno.

Figura 1. Danos dos principais percevejos da soja.

Considerando o potencial dos percevejos em causar danos à soja, o controle deles via aplicação de inseticidas é essencial quando atingido o nível de controle de praga. Segundo Roggia et al. (2020), o nível de controle dos percevejos em soja varia em função da finalidade do cultivo (produção de grãos ou sementes). Para lavouras destinadas a produção de grãos, recomenda-se que o controle dos percevejos em soja seja realizado quando atingido o nível de infestação de 2 percevejos/m durante a fase de formação das vagens e enchimento de grãos. Já se tratando da produção de sementes, o nível de ação para os percevejos, é de 1 percevejo/m.

Visando o controle químico eficiente dos percevejos, além do adequado posicionamento de inseticidas, é essencial atentar para a qualidade da aplicação dos inseticidas. Analisando o efeito do volume de calda, adjuvante e horário de aplicação sobre a eficiência de controle de percevejos em soja, Ferrari; Roggia; Felix (2014) observaram que, dentre os diferentes volumes de calda avaliados, as melhores eficiências e controle de percevejos foram observadas nos tratamentos com volume de calda de 50 L/ha, com adjuvante, aplicado tanto pela manhã como a tarde, sendo os únicos tratamentos que atingiram 80% de eficiência, tanto para o percevejo-marrom, como para o complexo de percevejos, percevejo-marrom e percevejo- -barriga-verde, demonstrando que, é possível reduzir o volume de calda de pulverizações para 50 L/ha, sem perda de eficiência de controle de percevejos em soja.



Além disso, conforme observado por Ferrari; Roggia; Felix (2014), fica evidente a importância do emprego de adjuvantes para o aumento do controle dos percevejos em soja (tabela 1). Embora os autores tenham observado boa eficiência de controle tanto no período da manhã quanto pela tarde, utilizando adjuvantes, é visível que as aplicações realizadas durante o período da manhã apresentam maior eficiência no controle dos percevejos em soja, demonstrando menor densidade da praga.

Tabela 1. Densidade acumulada diária de percevejos no período de avaliação, de 9 a 23 de janeiro de 2013, sob diferentes tecnologias de aplicação de inseticida. Paiçandu, PR. Safra agrícola 2012/13.
Fonte: Ferrari; Roggia; Felix (2014)
Fonte: Ferrari; Roggia; Felix (2014)
Fonte: Ferrari; Roggia; Felix (2014)

Corroborando, a afirmação, para o controle do percevejo-marrom em soja, o IRAC-BR, destaca que, independentemente do produto utilizado, melhores resultados de controle desse percevejo são observados quando as aplicações dos inseticidas são realizadas durante o início da manhã (sem estresse).

Figura 2. Controle de Euschistus heros ( % de eficácia). Aplicações em diferentes horários. São Martinho/PR.
Fonte: IRAC-BR

Embora as recomendações de manejo girem em torno da recomendação da aplicação de inseticidas durante o período da manhã para o controle dos percevejos em soja, vale destacar que, o que irá definir o melhor momento de aplicação são as condições ambientais, sendo essencial que a aplicação não seja realizada sob condições de estresse. No geral, melhores resultados no controle de percevejos em soja têm sido observados com as aplicações de inseticidas durante o período da manhã, sendo esse, normalmente o período mais adequado para a aplicação dos inseticidas.


Veja mais: Monitoramento de percevejos na cultura da soja



Referências:

FERRARI, F.; ROGGIA, S.; FELIX, L. F. EFEITO DO VOLUME DE CALDA, ADJUVANTE E HORÁRIO DE APLICAÇÃO SOBRE A EFICIÊNCIA DE CONTROLE DE PERCEVEJOS EM SOJA. IX Jornada Acadêmica da Embrapa Soja, Resumos expandidos, 2014. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/994012/1/caldaadjuvante.pdf >, acesso em: 14/02/2024.

IRAC. MANEJO DA RESISTÊNICA DO PERCEVEJO-MARROM A INSETICIDAS. Comitê de Ação à Resistência a Inseticidas Brasil. Disponível em: < https://www.irac-br.org/_files/ugd/6c1e70_23289b96aa09446f8e8a4091352aecaf.pdf >, acesso em: 14/02/2024.

ROGGIA, S. et al. MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS. Tecnologias de Produção de Soja, sistemas de produção, 17, cap. 9. Embrapa, Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 14/02/2024.

 

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