As folhas são os principais órgãos da planta responsáveis pela produção de fotoassimilados para as plantas. A produção desses fotoassimilados se dá através do processo de fotossíntese nas folhas. Segundo BALBINOT JUNIOR et al. (2018) o índice de área foliar é a relação entre a área foliar da planta e a área ocupada pela planta no solo, por exemplo, uma área foliar de 5,5 corresponde a 5,5m² de folhas para 1m² de área. Os autores ainda destacam que a área foliar apresenta relação direta com a produtividade da cultura, uma vez que maiores áreas foliares correspondem a maior interceptação de radiação, produção de fotoassimilados e consequentemente acúmulo de biomassa nos grãos.
Em um trabalho intitulado “Índice de área foliar para atingir potencial de produtividade em soja’, Viesloski et al (confira o trabalho clicando aqui) observaram que com o IAF preconizado atualmente próximo a 4.0, é possível atingir produtividades próximas a 4 Mg ha-1,mas que, com o avanço genético das cultivares as produtividades em experimentos e lavouras de alto nível tecnológico chegam a 6 Mg ha-1 e, para atingir produtividades maiores que 4,5 Mg ha-1, valores de IAF menores que 4,0 passam a ser um fator limitante.
Com valores de IAF maiores que 6,0, é necessário um manejo mais rigoroso em relação a perda de área foliar por pragas, doenças e competição com plantas daninhas, mantendo folhas mais velhas como reserva de fotoassimilados e principalmente de nitrogênio para translocação e enchimento de grãos.Confira os resultados na figura acima.
Tendo em vista o importante papel que as folhas da soja desempenham na produtividade da cultura, é fundamental atentar para cuidados no que diz respeito a manter a quantidade e qualidade das folhas. E trabalho intitulado “Níveis de Desfolha em Estádios Vegetativo e Reprodutivo de Cultivares de Soja com Diferentes grupos de Maturidade Relativa” (confira clicando aqui), DURLI et al. (2020) avaliaram o desempenho de diferentes cultivares de soja submetidas a desfolha artificial no período vegetativo (V6) e reprodutivo (R3). O intuído foi observar o comportamento das cultivares frente ao desempenho produtivo. As cultivares foram submetida a diferentes níveis de desfolha sendo eles, 0,0%; 16,6%; 33,3%; 50% e 66,6% (figura 1).
Foram avaliadas as cultivares:
- BMX Veloz, com grupo de maturação relativa (GMR) 5,0 e hábito de crescimento indeterminado;
- NA 5909 com GMR 5,9 e hábito de crescimento indeterminado e
- TMG 7262 com GMR 6,2 e hábito de crescimento semi-determinado.
Figura 1. Representação da porcentagem de desfolha utilizada pelos autores para realização do trabalho.
Os autores observaram que ambas as cultivares apresentaram perda de produtividade (rendimento) quando submetidas a desfolha, sendo maior à medida que a porcentagem de desfolha aumenta. Para a desfolha no período vegetativo, a cultivar com menor GMR (BMX Veloz) apresentou maior sensibilidade à desfolha, sofrendo maior interferência em seu rendimento (figura 2).
“GMR: Grupo de Maturidade Relativa é a duração do ciclo de desenvolvimento da soja (semeadura até a maturidade fisiológica), sendo determinada pela resposta ao fotoperíodo, práticas de manejo e área geral de adaptação das cultivares de soja.”
Figura 2. Rendimento de grãos de diferentes cultivares de soja em resposta a diferentes níveis de desfolha no período vegetativo (V6).
Com base nos dados observados por DURLI et al. (2020), para as cultivares estudadas, pode-se compreender que para a desfolha em período vegetativo (V6), a cultivar com menor GMR é mais afetada. No entanto, os autores não encontraram relação com o GMR para a perda de rendimento ocasionada pela desfolha no período reprodutivo (R3), sendo que as três cultivares avaliadas responderam de forma semelhante (figura 3).
Figura 3. Rendimento médio de grãos das cultivares de soja BMX Veloz, NA 5909 e TMG 7262 em resposta a diferentes níveis de desfolha no período reprodutivo (R3).
Os autores concluem que o GMR não interfere na resposta da cultivares BMX Veloz, NA 5909 e TMG 7262 à desfolha no período reprodutivo, no entanto, quando submetidas a desfolha no período vegetativo, maior sensibilidade a desfolha é notada na cultivar de menor GMR. Com base nos aspectos observados e nos resultados obtidos por DURLI et al. (2020), pode-se dizer que independentemente do nível de desfolha que a planta é submetida, perdas de rendimento foram observadas. Relacionando ao manejo da cultura, isso pode implicar em perdas de produtividade da soja quando atacada por pragas desfolhadoras ou doenças que diminuam a atividade fotossintética da planta, ressaltando a importância do adequando manejo fitossanitário da cultura.
Confira o Trabalho completo clicando aqui!
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Referências:
BALBINOT JUNIOR, A. A. et al. ÍNDICE DE ÁREA FOLIAR DA SOJA EM FUNÇÃO DA REDUÇÃO DA DENSIDADE DE SEMEADURA. Embrapa, Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, n. 17, 2018.
DURLI, M. M. et al. DEFOLIATION LEVELS AT VEGETATIVE AND REPRODUCTIVE STAGES OF SOYBEAN CULTIVARS WITH DIFFERENT RELATIVE MATURITY GROUPS. Rev. Caatinga, Mossoró, v. 33, n. 2, p. 402 – 411, abr. – jun., 2020. Disponível em: <https://periodicos.ufersa.edu.br/index.php/caatinga/article/view/8999/10209>, acesso em: 01/06/2020.
Sobre o autor: Maurício Siqueira dos Santos, Engenheiro Agrônomo formado pela UFSM. Atualmente Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola da UFSM e Integrante da Equipe Mais Soja.
Considerando que temos perda de produtividade na cultura da soja em razão da diminuição do IAF, podemos também considerar perdas de produtividade em razão da menor luminosidade que a planta recebe, exemplo, muitos dias nublados no período de florescimento e enchimento de grãos?
Aproveito para solicitar a recomendação de algum trabalho nesse sentido: Incidência solar x produtividade em soja.
Att