Na última semana a Conab, lançou a 10ª edição das Perspectivas para a agropecuária Brasileira, para a safra 2022/23, confira agora o que é projetado para a cultura da soja:
Com oferta e demanda mundial bastante ajustadas, os preços de soja em grãos devem continuar atrativos para um aumento de produção nacional. E com isto, a estimativa é que o Brasil aumente a área de soja para a safra 2022/23. Apesar do elevado aumento do custo de produção e da redução da rentabilidade estimada para 2023, a soja ainda é uma cultura com boa rentabilidade e alta liquidez, gerando uma perspectiva de aumento de exportação e esmagamento para produção de farelo de soja e de óleo de soja para a próxima safra.
Cenário Interno
A área cultivada com soja na última safra 2021/22, foi de 40,95 milhões de hectares, um aumento de 4,47% em relação a safra 2020/21. Já para a produtividade, devido aos problemas climáticos, a redução foi de 14% comparado com a safra 2020/21, fechando em 3.029 Kg/Ha. A produção total foi de 124 milhões de toneladas uma queda de 10,21% comparado aos 138,15 milhões de toneladas de 2020/21.
Preços
Aumento de 12% nas médias (janeiro a julho 2022), em relação ao mesmo período de 2021 motivado pela menor oferta mundial, elevados preços internacionais e prêmios de portos em alta, associado ao dólar forte em 2022.
Demanda e balança comercial
Esmagamentos
Perspectivas
Cenário Interno
Para a companhia a área projetada para ser semeada é de 42,20 Mihões de hectares na safra 2022/23, um aumento de 3,54%, com destaque para um aumento de 3,08% no Mato Grosso, 4,76% no Rio Grande do Sul, 1,97% no Paraná e 4,29% no MATOPIBA.
Produtividade e Produção
Projeção de preços
A conab estima que os preços permaneçam em um cenário neutro de leve alta com valorização de 7,5% em comparação de jan de 2022 e jan de 2023, para que isso ocorra, é necessário que se consolide uma menor oferta da oleaginosa pelos EUA.
Rentabilidade
Em 2022, a rentabilidade foi de 58,83%. A diminuição esperada para 2023 é reflexo, principalmente, da elevação dos custos de produção, destaque para 129,38% nos fertilizantes e 42,83% nas sementes. Com isso a perspectiva de rentabilidade (Margem líquida sobre o custo variável no cenário neutro) no MT é de 24,3% em 2023.
Exportação
Cenário Externo
Projeção e análise de mercado
Produção e quadro de suprimentos – Brasil
- Preços recordes em 2022, motivam um aumento de área de soja em 3,54%, passando de 40,95 milhões de hectares para 42,40 milhões de hectares.
- Destaque para o aumento de área do Mato Grosso, que deve crescer 3,08%, Rio Grande do Sul 4,76%, Paraná 1,97%, Goiás 1,08% e Matopiba 4,29%.
- Após problemas climáticos na região Sul do Brasil, estima-se que a produtividade média brasileira deve passar de 3.029 kg/ha, na safra 2021/22, para 3.546 kg/ ha, na safra 2022/23. Esta estimativa seria próxima a produtividade observada na safra 2020/21.
- Com a estimativa de aumento de área e de produtividade, a produção da safra 2022/23 é estimada em 150,36 milhões de toneladas, a maior da série histórica, com aumento de 21,21%, em relação à safra 2021/22, que foi de 124,04 milhões de toneladas.
- A maior parte do aumento de área para safra 2022/23 devem se originar de áreas de pastos degradados.
- Para 2023, os estoques iniciais são estimados em 5,98 milhões de toneladas.
- Com a estimativa de aumento de área e de produtividade, a produção é estimada em 150,36 milhões de toneladas.
- Após uma queda das exportações, motivada por uma menor oferta em 2022, projeta-se uma recuperação da oferta em 2023 e das exportações, que estão estimadas em 91,95 milhões de toneladas, com um aumento percentual de 22,22%, em relação a 2022.
- A estimativa de esmagamento para a safra 2022/23 é 6,89% maior que o esmagamento da safra 2021/22, passando de 47,90 para 51,20 milhões de toneladas de soja em grãos, motivado principalmente por uma expectativa de aumento do percentual de biodiesel ao diesel em 2023 e, ainda, por uma elevada exportação de óleo de soja.
- Caso não haja nenhuma mudança na oferta ou na demanda da safra 2022/23, os estoques de passagem devem ficar próximo de 9,89 milhões de toneladas, um aumento de 65,65% em relação à safra 2021/22.
Produção e quadro de suprimentos – Mundo
- O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que a área mundial de soja em grãos de 2023 deva aumentar 2,84%.
- Após uma safra 2021/22, com quebra de produtividade na América do Sul motivada por problemas de restrições hídricas, a produtividade média mundial deve passar de 2.700kg/ha, na safra 2021/22, para 2.920kg/ha na safra 2022/23, podendo sofrer variações negativas a depender do clima na época de desenvolvimento da lavoura e da colheita norte-americana, assim como no plantio e na colheita da América do Sul.
- Com isto, estima-se um incremento na produção mundial de soja de 10,96% sobre a safra 2021/22, passando de 352,7 milhões de toneladas para 391,4 milhões de toneladas. Após uma forte queda de importação de soja em grãos, provocada por uma menor oferta mundial e uma menor demanda importadora chinesa, as importações de soja mundiais devem passar de 153,4 milhões de toneladas para 166,1 milhões de toneladas.
- Segundo o USDA, a China continua sendo o maior importador e esmagador de soja, com 59% das importações mundiais (98 milhões de toneladas).
- Com relação aos esmagamentos mundiais (consumo), estes devem aumentar em 4,27%, passando de 313,74 milhões de toneladas para 327,18 milhões de toneladas.
- A China deve ser o maior esmagador mundial com 29% dos esmagamentos (95 milhões de toneladas), os Estados Unidos deve ser o segundo maior esmagador de soja em grãos mundial com 18,67% (61,1 milhões de toneladas), o Brasil o terceiro com 15,13% (49,5 milhões de toneladas) e a Argentina o quarto maior com 12,53% (41 milhões de toneladas).
- As exportações mundiais devem crescer em 9,56%, passando de 154,16 milhões de toneladas para 168,89 milhões de toneladas.
- O Brasil deve continuar a ser o maior exportador de soja mundial com 52,69% das exportações (89 milhões de toneladas), os Estados Unidos devem ser o segundo maior exportador com 34,40% das exportações mundiais (58,11 milhões de toneladas).
- É estimada que a maior oferta seja acompanhada por uma demanda elevada para a safra 2022/23 e, em meio a este cenário, os estoque de passagem mundiais devem ter uma elevada folga, com uma relação estoque e consumo mundial dentro da média dos últimos anos.
- Os Estados Unidos devem continuar com estoques bem ajustados. Já no Brasil, os estoques devem ser um pouco mais folgados e, para a China, a perspectiva é de manutenção dos estoques das últimas safras.
- As exportações brasileiras de soja em grãos devem alcançar o quantitativo de 91,95 milhões de toneladas na safra 2022/23, motivadas por uma maior oferta e uma demanda aquecida.
- Para 2022, as exportações devem ser 12% menores que em 2021, movidas por uma menor oferta após quebra de produção na Região Sul do Brasil. Mas com expectativa de recuperação da oferta em 2023, as exportações devem crescer 22,22%.
- Apesar da menor exportação em 2022, as altas dos preços internacionais e prêmios de portos elevam o desempenho, em termos monetários, da balança exportadora em 22,93% em relação à 2021.
- No acumulado de janeiro a julho de 2022, o Brasil exportou 60,54 milhões de toneladas de soja em grãos, somando 35,20 bilhões de dólares em exportações. No mesmo período de 2021, o Brasil havia exportado 66,20 milhões de toneladas de soja em grãos, com um valor de 28,63 bilhões de dólares.
- Caso a média do valor da tonelada do segundo semestre de 2022 continue igual a do primeiro semestre de 2022, de 575,10 dólares a tonelada, a estimativa de valor exportado com soja em grãos para 2022 é de 43,26 bilhões de dólares. Caso esse valor médio continue também em 2023, as exportações de soja em grãos podem alcançar 52,88 bilhões de dólares.
- A China deve continuar a ser o maior importador de soja brasileira em 2023, com 63% do total exportado.
- As importações de soja em grãos devem continuar baixas e pontuais.
Preços
- Preços internacionais elevados e prêmios de portos em alta, adicionado a um
dólar valorizado, elevam preços de paridade. - Os preços na Bolsa de Valores de Chicago (CBOT) têm aumentado desde o fim da guerra comercial entre Estados Unidos e China e tiveram uma forte alta em 2022, motivados por uma menor oferta mundial e pela Guerra entre Rússia e Ucrânia.
- Diante dessa conjuntura, os preços CBOT chegaram a UScents 1.769/bu, a maior cotação nominal desde 2012.
- A média dos preços CBOT, de janeiro a julho de 2021, foi de UScents 1.441,26/bu, já a média das cotações em Chicago, de janeiro a julho de 2022, foi de UScents 1.610,41/bu, alta de 11,74% entre os dois períodos.
- A cotação média dos prêmios de portos para soja em grãos,de janeiro a julho 2021 no porto de Paranaguá-PR foi de UScents 17,46/bu, variando entre UScents 50/bu e UScents 230/bu. Para o mesmo período de 2022, a cotação média dos prêmios de portos em Paranaguá-PR foi de UScents 121,48/bu, variando entre UScents 30/bu e UScents 245/bu, alta média de quase 600% entre os períodos.
- Os preços médios no Brasil de soja em grãos entre janeiro e julho de 2022 estão 12,22% maiores que no mesmo período de 2021, com média de R$ 155,49/60kg em 2021 e de R$ 174,48/60kg em 2022.
- A sazonalidade dos preços internacionais normalmente acompanha a sazonalidade da safra norte-americana. Com altas na época de entressafra e baixas na época de safra norte-americana.
- A sazonalidade dos preços nacionais normalmente acompanha a sazonalidade da safra brasileira. Com baixa na época de entrada de safra e altas nas épocas de entressafra brasileira.
Projeções econométricas
- Segundo os modelos autorregressivos (VAR), os preços nacionais, em 2023, devem variar acima dos preços praticados em 2022. Mas para que isto ocorra, os preços internacionais, prêmios de portos e/ou dólar terão que variar também acima do praticado em 2022.
- No Mato Grosso, a perspectiva de rentabilidade para 2023 (margem líquida sobre o custo operacional) é estimada em 23,35%. Este resultado é menor que a média calculada em maio de 2022, de 58,83%. Mesmo assim, muito atrativa para um aumento de área e produção para a safra 2022/23.
- O aumento do custo de produção deverá refletir negativamente nas rentabilidades da próxima safra, com destaque para os fertilizantes, que tiveram um aumento médio anual no Brasil de 129,38%, e paras as sementes, com incremento médio de 42,83%.
- Os preços futuros para 2023 de soja em Chicago e os prêmios futuros estão variando abaixo dos preços Spot (primeira entrega) de 2022 e, apesar disso, a tendência é de que os preços nacionais de 2023 variem acima dos preços praticados em 2022.
- Com alta probabilidade de reflexos negativos sobre a produtividade da safra norte-americana, em razão dos atuais problemas climáticos nos EUA, a perspectiva é que as cotações nacionais, que são altamente correlacionadas com os preços internacionais, fiquem próximos do estimado pelo modelo econométrico no cenário neutro.
Perspectivas de mercado para a proxima safra e conclusão
Com os preços internacionais em 2022 12% superiores aos de 2021 e com a oferta e demanda mundial bastante ajustada, é estimado um aumento de área mundial para a safra 2022/23 de 2,84%. Este aumento de área, somado a uma melhor produtividade, após uma quebra de rendimento provocada por adversidade climática na safra 2021/22 no Brasil, Argentina e Paraguai, faz com que a expectativa de produção mundial cresça 10,96%.
No Brasil, mesmo com uma expectativa de menor rentabilidade para 2023, motivada pelo forte aumento de custos de produção, principalmente fertilizantes e sementes, a soja ainda é uma cultura bastante rentável e de grande liquidez. Por este motivo, mas também pela forte demanda interna e externa pelos grãos, a estimativa é que a área brasileira de soja, na safra 2022/23, aumente em 3,54%, que associada a um aumento significativo da produtividade, de 17,1%, resulta em uma produção projetada recorde de 150,36 milhões de toneladas.
É estimado também um aumento de exportações de 22,22% para o ano comercial de 2023 e aumento de 6,89% nos esmagamentos, tendo como resultado o também aumento de estoques, que passarão de 5,98 para 9,89 milhões de toneladas.Fonte: Adaptado de Conab