Uma análise de indicadores químicos em 2 mil pontos de coleta resultará em uma radiografia dos solos no estado do Rio Grande do Sul, mostrando limitações e desafios para recuperação da capacidade produtiva da agropecuária gaúcha.
O trabalho de amostragem química do solo março começou, com as coletas pelos profissionais da Emater/RS-Ascar e de cooperativas, com as análises no laboratório da CCGL. De acordo com o engenheiro agrônomo da Embrapa Trigo, Marcelo Klein, o protocolo de coleta consiste em amostragens em três profundidades no talhão: 0 a 10 cm, 10 a 20 cm e 20 a 30 cm. Nossos indicadores químicos são baseados em acidez do solo, teores de fósforo, potássio, cálcio e magnésio. “A expectativa é identificar as principais limitações do solo para maximizar a produção.
Nas primeiras amostras que chegaram, conseguir identificar problemas com excesso de alumínio no solo, além de teores muito baixos de fósforo e potássio nas camadas abaixo de 10 centímetros. Isso mostra tantas limitações químicas, com a concentração dos nutrientes somente na camada superficial, bem como limitações físicas, com a compactação limitada que reduz a infiltração de água, impede a distribuição de distinção dos nutrientes e o crescimento das raízes das plantas. A consequência é a queda na produtividade, tanto em grãos como nas forragens, bem como perdas por estiagens ou excesso hídrico”, explica Klein.
Até o momento, já foram concluídas 325 amostras, mas a meta é alcançar 2 milhões até o final de 2025. “A partir do diagnóstico da qualidade química dos solos gaúchos, poderemos definir estratégias de intervenção adequadas a cada realidade regional ou atividade produtiva”, afirma o pesquisador da Embrapa Trigo, André Amaral. Ele destaca que, em termos práticos, o trabalho de recuperação da capacidade produtiva pode desde a correção no manejo de fertilizantes até o uso de implementos para incorporação de corretivos e nutrientes. “A tomada de decisão será devidamente baseada em critérios técnicos que, nem sempre, dependem de grandes investimentos financeiros para os melhores resultados na produção”, orienta o pesquisador.
A ação faz parte da Plataforma Colaborativa Recupera Rural RS , que reúne esforços de diversas instituições no combate às mudanças climáticas. Os resultados da pesquisa serão divulgados por meio de publicação técnica da Embrapa, que ficarão disponíveis para consulta pública em formato online. Os indicadores de qualidade química dos solos no Rio Grande do Sul deverão formar uma base de dados de apoio à formulação de políticas públicas, projetos de pesquisa e transferência de tecnologia em sistemas de produção agropecuária.
Fonte: Embrapa