O pesquisador Alan Bennett, da Universidade Davis, na Califórnia, descobriu uma espécie de milho, cultivada pelo povo Mixe, no México, capaz de fixar o nitrogênio do ar e reduzir em 82% a necessidade do fertilizante.
Milho de comunidade indígena do México tem 5 metros de altura capta até 82% do nitrogênio que precisa do ar – Foto: Alan Bennett
O caso foi apresentado durante o Congresso Aapresid 2021, no início deste mês, na Argentina, e aponta para a possibilidade de uma verdadeira revolução na agricultura.
O milho é o grão mais produzido no planeta com cerca de 800 milhões de toneladas e um dos alimentos básicos mais importantes para as pessoas e os animais.
Conhecido como o “grão de ouro”, o cereal tem no nitrogênio sua principal necessidade para crescer, mas os nitrogenados químicos são responsáveis por até 3% de toda a emissão de CO2 no mundo.
No congresso, o cientista explicou da importância do nitrogênio (N) para as plantas. Ele esclareceu que, embora o nitrogênio constitua 78% da atmosfera, apenas as leguminosas eram conhecidas por terem a capacidade de usá-lo.
A espécie descoberta na Serra de Oaxaca, no centro do México, no entanto, cresce em solos quase desprovidos do nutriente. A variedade pode atingir quase 5 metros de altura e suas raízes aéreas captam o nitrogênio do ar.
“Essa variedade tem raízes aéreas com muco onde vive uma comunidade de bactérias que ajuda a planta a obter nitrogênio da atmosfera”, explicou o pesquisador em entrevista à BBC.
Contudo, o plantio dessa variedade em grande escala não é viável justamente por ser grande demais e levar muito tempo para crescer. Contudo, segundo o pesquisador, a partir da descoberta, é possível usar o mecanismo de fixação em outras variedades.
O cientista afirma que o processo pode ocorrer por hibridização, ou seja, inserir esta característica genética em outros milhos, mas está ciente de que pode ser um processo longo e tem seus riscos.
Patente comunitária
Caso isso esse mecanismo de fixação possa ser inserido em outras variedades de milho e pudesse ser comercializado, eles o fariam com base no Protocolo de Nagoya.
De acordo com esse acordo internacional, a comunidade que cultiva o milho também se beneficiaria economicamente com sua comercialização. “A ideia é que esse material seja da comunidade Sierra Mixe, que está nos permitindo investigar”, explica a pesquisadora.
Fonte: Da Redação AG Evolution disponível no portal da FEBRAPDP – Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto