O Brasil, de acordo com o censo agropecuário (IBGE, 2017), possui 45% do uso de suas terras com pastagens, o que representa em torno de 158 milhões de hectares. Desse montante, estima-se que 58 milhões de hectares estejam com algum estágio de degradação (IBGE, 2017).  O que antes parecia não ser tão relevante, o manejo e a adubação de pastagens é hoje sem dúvida imprescindível e faz toda a diferença nas criações de bovinos, além da sua importância inquestionável na recuperação de áreas de pastagens degradadas.

Com o aumento da taxa de lotação das pastagens ao longo dos anos e a necessidade de elevar a produtividade nacional, o investimento e planejamento forrageiro tornaram-se parte fundamental do setor da bovinocultura, aliando a capacidade de adaptação e a resposta a adubação das forrageiras aos diversos sistemas de produção e suas práticas culturais. Logo, é de extrema importância conhecer o sistema de produção, pois quanto maior for a qualidade da planta forrageira, maior será sua exigência em fertilidade e quando a fertilidade do solo é ruim, o que ocorre é o crescente desaparecimento das plantas ao invés de apenas reduzirem seu valor nutritivo. Um exemplo, é com relação ao capim colonião (Gênero Panicum) que possui elevado valor nutritivo e alimentício, no entanto é mais exigente quanto aos manejos, não se adaptando a solos ácidos e de baixa fertilidade.

Para iniciar um manejo de adubação adequado, o primeiro passo é realizar a análise de solo, ter conhecimento das exigências da espécie forrageira que será implantada ou manejada e a posterior correção. O fundamento da adubação baseia-se na devolução ao solo dos nutrientes que as plantas absorvem e são exportados pelos animais. De maneira geral, animais para produção de leite exportam mais nutrientes que bovinos destinados ao corte.

Em áreas de renovação de pastagem a aplicação de calcário para correção da acidez do solo pode ser feita em duas vezes, sendo a primeira de forma incorporada e a segunda superficialmente de acordo com a necessidade da área.  A calagem deve ser feita em torno de 90 dias antes do plantio e da adubação fosfatada, pois o calcário demora para ser dissolvido no solo e iniciar seu efeito corretivo. Lembrando que para dissolução desse calcário é necessário água no solo, por isso a aplicação deve ser feita antes do período chuvoso em regiões onde se tem duas janelas bem definidas uma chuvosa e outra seca como o centro oeste do Brasil. Outro ponto importante é verificar na análise de solo a relação de cálcio e magnésio, pois se os níveis de cálcio estiverem mais altos, por exemplo, pode-se utilizar um calcário dolomítico que possui maior teor de magnésio, caso contrário pode-se utilizar calcário calcítico com maiores níveis de cálcio.

Para a calagem em cobertura, primeiramente deve-se reduzir a estatura do pasto, por exemplo, aumentando a taxa de lotação na área, pois dessa forma o calcário chega melhor na superfície do solo sem ser interceptado pelas folhas. Deve-se ter cuidado para aplicar apenas um terço da dose que foi recomendada, já que na aplicação em cobertura não será realizado revolvimento, sendo assim o calcário ficará mais concentrado na parte superficial. Aplicar a dose total pode acarretar em supercalagem que tem a tendência de inibir a absorção de potássio, fósforo ou outros micronutrientes.

Com relação à adubação fosfatada, esta deve ser feita no momento da semeadura e recomenda-se a aplicação junto com as sementes, devido à baixa mobilidade desse nutriente, assim quando a semente germinar, emitir o sistema radicular, o fósforo já estará disponível à planta, proporcionando pasto com sistema radicular mais forte e maior número de perfilhos.

O nitrogênio, de modo geral, é o principal nutriente, pois possui rápida utilização pelas plantas e efeito rápido na produção de forragem e na rebrota. Forrageiras cultivas em solos deficientes em nitrogênio apresentam crescimento lento, plantas de porte pequeno, com poucos perfilhos e baixo teor de proteína bruta, insuficiente à alimentação animal. Com relação ao nitrogênio, o indicado é que se utilize parte da adubação na semeadura e o restante em cobertura, quando a pastagem cobrir cerca de 60 a 70% da área.

 Outro nutriente interessante nas pastagens é o potássio que deve ser aplicado de acordo com a necessidade. Esse nutriente, além de proporcionar colmos mais resistentes, também atua aumentando a capacidade de fixação de nitrogênio pelas plantas. A aplicação deve ser feita a lanço, em cobertura, e a quantidade varia conforme a região, tipo de solo e a cultura implantada.

Com a finalização dos manejos de adubação e antes do primeiro pastejo é interessante realizar uma amostragem em diferentes pontos da área com as mãos, ou seja, puxar algumas plantas juntas e verificar se a raiz não sai inteira. Se todos os cuidados e recomendações foram corretamente aplicados, as plantas não vão ser arrancadas pois já estarão com seu sistema radicular bem estabelecido.

Além das vantagens como o aumento nas taxas de lotação de animais no pasto, o planejamento e o manejo de adubação também possibilitam uma cobertura mais homogênea da área, reduzindo a infestação de plantas daninhas. Ainda, eleva os níveis de matéria orgânica do solo pela maior quantidade de biomassa presente, o que proporciona melhor estruturação, absorção de água, bem como, redução nos processos de degradação.

Autoras: Denise Maria Vicente e Fernanda Trentin – Acadêmicas de Agronomia e Bolsistas do Grupo PET Ciências Agrárias/FW – UFSM – Campus Frederico Westphalen

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