As cotações da soja, em Chicago, se mantiveram estáveis nesta semana, com leve viés de baixa. O primeiro mês cotado, após recuar para US$ 13,72/bushel durante a semana, fechou a quinta-feira (20) em US$ 13,91, contra US$ 13,95/bushel uma semana antes.

Esta situação se dá, em particular, à forte pressão da colheita nos EUA, além de um mercado externo sem grandes novidades. Ao mesmo tempo, avança o plantio da soja na América do Sul, com indicativo de uma futura safra recorde.

Em relação a colheita da soja nos EUA, até o dia 16/10, a mesma atingia a 63% da área semeada, contra a média histórica, para esta data, em 52%, confirmando o seu estágio acelerado. Por sua vez, das lavouras a colher, 15% estavam em condições entre ruins a muito ruins, 28% regulares e 57% entre boas a excelentes.

Enquanto isso, as exportações de soja pelo país norte-americano, na semana encerrada em 6 de outubro, atingiram a 724.400 toneladas da oleaginosa, com a China comprando mais de 620.000 daquele total. O volume total exportado ficou dentro do esperado pelo mercado. Em todo o presente ano comercial, os EUA já exportaram 28,2 milhões de toneladas, contra pouco mais de 26 milhões no mesmo período do ano anterior. O USDA estima que serão exportadas, pelo país, nesta safra, 55,7 milhões de toneladas do grão de soja. Em relação aos derivados de soja, os EUA exportaram 491.100 toneladas de farelo de soja neste novo ano comercial, iniciado em 1º de outubro, volume este que ficou acima do esperado pelo mercado. Em óleo de soja, na semana do 6 de outubro, as exportações atingiram a 3.300 toneladas, ficando dentro do esperado pelo mercado.

Pelo lado da demanda, a China vê o risco de seus estoques de soja diminuírem ainda mais diante dos atrasos nos embarques nos EUA. Tais atrasos ocorrem devido a problemas logísticos no país norte-americano, em particular a baixa vazão do rio Mississipi, em função da seca, que impede a livre navegação de barcaças e navios. Assim, os atrasos impactam nos preços em Chicago, enquanto a oferta apertada de farelo de soja impulsionará os preços do suíno na China. Os suinocultores chineses estão procurando fontes alternativas de proteína, pois reduziram a quantidade de farelo de soja na ração, o que deve sustentar os preços da carne suína naquele país. Por sua vez, nos EUA os transportadores reduziram os reboques de barcaças em quase 40% e diminuíram a quantidade de grãos carregados em cada barcaça para evitar encalhe em cursos d’água ressecados pela seca.

Já no Brasil, os preços da soja subiram levemente, puxados por um câmbio que chegou a se aproximar de R$ 5,30 em alguns momentos da semana. Com isso, a média gaúcha, no balcão, fechou esta terceira semana de outubro em R$ 173,64/saco, enquanto as principais praças negociadoras ficaram em R$ 170,00. Já nas demais praças nacionais, o saco de soja oscilou entre R$ 159,00 e R$ 172,00.

Dito isso, o plantio da atual safra de soja 2022/23 chegou a 19,1% até o dia 14/10, enquanto a média histórica é de 15%. No Paraná, o plantio chega a 29%, contra a média de 34,2%. No Rio Grande do Sul, os trabalhos iniciaram com 0,2% semeado. No Mato Grosso, a área já atinge 41%, contra a média de 26,6%. No Mato Grosso do Sul, o total plantado ocupava 15%, contra 17,3% na média. Em Goiás, o plantio chegava a 17%, contra a média de 8,8%. Em São Paulo, a semeadura estava em 15%, contra a média de 7,6%; e em Minas Gerais atingia a 8%, superando a média que é de 5,4% para esta data. A expectativa é de que os produtores brasileiros de soja semeiem 42,9 milhões de hectares em 2022/23, sendo esta a maior área da história, com aumento de 2,6% sobre o total semeado no ano passado. A produção total nacional deverá atingir, em clima normal, a 151,5 milhões de toneladas, a partir de uma produtividade média de 59,2 sacos/hectare. Isso significa um aumento de 20,3% sobre a parcialmente frustrada safra passada (cf. Safras & Mercado).

Reforçando os dados anteriores, segundo o Imea, o Mato Grosso havia semeado, até o dia 14/10, cerca de 41,4% da área prevista para a soja. Mesmo com o importante avanço na semana anterior, até aquele momento o plantio mato-grossense estava atrasado, em relação aos 45,1% semeados no ano anterior, porém, bem acima da média histórica que é de 24,2% naquele Estado. O Mato Grosso, maior produtor nacional da oleaginosa, espera colher, neste ano 2022/23, um total de 41,8 milhões de toneladas de soja.

Enfim, pelo lado das exportações gerais do país, a Conab projeta um total de 95,9 milhões de toneladas de soja em 2022/23, ou seja, um incremento de 22,5% sobre o ano comercial anterior.

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).



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