O milho (Zea mays) é uma cultura de alto potencial produtivo. No Brasil é o cereal mais produzido em virtude da possibilidade de ser cultivado em duas safras, chamadas de normal e de safrinha. Durante o seu florescimento, a temperatura média ideal noturna é acima de 12,8°C e a diurna superior a 19°C. Para que haja um desenvolvimento satisfatório são necessários 500 a 800 mm de água desde a semeadura até o ponto de maturação fisiológica dos grãos. As fases mais sensíveis à deficiência de água são a iniciação floral e o desenvolvimento da inflorescência, além do período de fertilização e enchimento dos grãos.
Como o nosso país tem vasta extensão territorial e grande variabilidade de sistemas de produção, há também oscilação de clima e produtividade. A qualidade das sementes associada ao seu tratamento, especialmente o tratamento industrial, máquinas e equipamentos de melhor qualidade, garantem uma boa plantabilidade e boa distribuição das plantas na lavoura. Além disso, diferentes manejos da cultura e de insumos, que adotam (total ou parcialmente) ou não adotam o uso do Manejo Integrado de Pragas, Doenças e Plantas Daninhas, adubação e correção da acidez do solo e irrigação, irão refletir nos resultados obtidos na colheita.
No entanto, o fator que mais afeta a produtividade do milho é a sua exigência por água. No período de 15 dias antes e 15 dias após o aparecimento da inflorescência masculina, o requerimento de um suprimento hídrico satisfatório aliado às temperaturas adequadas tornam esse período altamente crítico. No quesito chuvas, a cultura exige um mínimo de 350-500 mm de precipitação no verão para uma boa produção sem a necessidade da utilização de irrigação. O consumo de água pelo milho, em um clima quente e seco, durante o período entre o espigamento e a maturação pode ser de 5,0 a 7,5 mm diários.
No estágio de pendoamento (VT), o potencial de tamanho das espigas e grãos por fileira começa a ser definido e reflete no potencial de número final de grãos a partir do número de óvulos (Figura 1). Nesse período a demanda por nutrientes se dá na ordem K > N > P e a de água de 7,5 mm/dia. Além disso, deve-se tomar cuidado com as pragas e assim evitar a perda de área foliar, que pode afetar severamente a produção final.
Figura 1: Pendoamento do milho
Fonte: Pedro Miranda Cechin, 2022.
Já durante o estágio de embonecamento e polinização (R1), o florescimento inicia quando os estiloestigmas, também chamados popularmente de “cabelos”, se projetam para fora da palha (Figura 2). São esses “cabelos” que são responsáveis pela polinização, pois o pólen vai do pendão até eles fazendo com que ocorra a fertilização do óvulo, produzindo um embrião que vai começar a sua divisão celular. Nesse período a demanda por água é de 8 mm/dia.
Figura 2: Florescimento do milho.
Fonte: Pedro Miranda Cechin, 2022.
Embora a ocorrência de déficit hídrico possa ocasionar danos em todas as fases na cultura do milho, na fase do florescimento ela é mais severa. Isso porque nesta fase, especificamente, pode promover a dessecação dos estilosestigmas, aumentando o grau de protandria, abortos dos sacos embrionários, de distúrbios na meiose, aborto das espiguetas e de morte dos grãos de pólen, resultando em redução no rendimento de grãos. Portanto, o montante de água fornecido à cultura do milho durante esse período, seja por irrigação (Figura 3) ou por precipitação, é um fator limitante que afeta diretamente a produção de grãos de milho.
Figura 3: Sistema de irrigação por aspersão em milho no estágio de pendoamento.
Fonte: Pedro Miranda Cechin, 2022.
Texto escrito por:
Alissa Frigotto – Acadêmica do 7º semestre de Agronomia
Universidade Federal de Santa Maria – Bolsista do grupo PET Agronomia
Integrante do Laboratório de Melhoramento e Propagação de Plantas
Técnica em Agropecuária – IFC campus Concórdia
E-mail: alissafrigotto@gmail.com
Linkedln: www.linkedin.com/in/alissa-frigotto-bb46401a7
Referências:
AGRONOMIA CONCURSOS. Cultura do Milho. Disponível em: https://agronomiaconcursos.com.br/wp-content/uploads/2018/12/AULA-0-5.pdf. Acesso em 12 fev de 2023.
CRUZ, J. C. et al. Circular técnica 87: Manejo da cultura do Milho. EMBRAPA, Sete Lagoas, MG, 2006. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/490419/1/Circ87.pdf. Acesso em 12 fev. 2023.
