Nos últimos 60 dias as cotações da soja em Chicago passaram de $16,40/bushel para $ 17,49 na última quinta-feira, alta de 6,23%, enquanto o preço da soja, no mesmo período, passou de R$ 206,00/saca em Ijuí, no RS, para os atuais R$ 195,00/saca, queda de 5,34%. Custa ao agricultor brasileiro entender como, com uma grande quebra de safra, os preços não estão subindo ainda mais. O que explica isto e qual a tendência futura?
Razões da alta em Chicago:
- Ausência da Ucrânia como fornecedora de óleo de girassol, que aumentou a demanda por óleo de soja;
- Aumento do uso de óleos vegetais nos EUA como biocombustíveis, diante da crise do petróleo, com a
condenação da Rússia, segundo maior produtor de petróleo do mundo e fornecedor dos EUA; - Proibição da exportação de óleo de palma, pela Indonésia, aumentando a demanda por óleo de soja;
- Redução na área plantada de canola no Canadá, aumentando a procura por óleo de soja;
- Volta da demanda por farelo de soja pela China e pela Europa, que estavam reduzidas, garantindo as margens das indústrias esmagadoras (não adianta aumentar a produção de óleo se não houver escoamento para o farelo). Além disso, a Argentina, maior exportadora de farelo do mundo, diminuiu o seu esmagamento, abrindo espaço para maior exportação de farelo do Brasil (já falamos sobre isto há um mês).
Razões da queda no Brasil
A primeira explicação é que a soja é uma commodity, produzida em vários lugares do Brasil e do Mundo e não apenas nos lugares em que houve quebra. Desta forma, os compradores podem se abastecer em regiões onde a produção foi normal (como no Centro-Oeste do Brasil, por exemplo, que abasteceu as indústrias do RS e o PR nesta safra). A segunda explicação é justamente a quebra, que teve dois efeitos sobre o mercado:
- Com menor disponibilidade, as indústrias trataram de garantir o maior volume possível de matéria-prima para o seu esmagamento, oferecendo preços acima da paridade de exportação (razão pela qual os preços subiram justamente no início da colheita). Puderam fazer isto porque dominam os preços de venda de farelo e óleo no mercado interno. As Tradings não tiveram nem chance, porque as contas não fechavam para elas;
- Por outro lado, com menor disponibilidade para novos negócios (a maioria dos embarques atuais da soja brasileira para exportação foram fechados antes da colheita, como sempre acontece), a demanda internacional está se voltando para os Estados Unidos e procurando menos a soja brasileira. Com menor demanda, os preços voltaram a cair.
Os preços podem voltar a subir?
Ninguém sabe. Esta é uma resposta que vale um milhão de dólares. O que temos de garantido, neste momento, é a ainda alta lucratividade da soja, em torno de 45%, se levarmos em consideração os custos de produção levantados pelo DERAL, no Paraná e pela FARSUL, no Rio Grande do Sul ou pelo IMEA, do Mato Grosso, versus os preços pagos aos produtores nos respectivos estados. E este é um lucrão em qualquer parte do mundo, com ou sem guerra. Cabe ao agricultor decidir se ele é suficiente ou se vai arriscá-lo na esperança de conseguir algo maior.
CHICAGO: Soja termina a semana em forte queda de 1,90% no dia, mas alta de 0,64% na semana
O contrato de soja para maio22, mês de referência para a comercialização da soja brasileira, em grão fechou em leve queda de 1,90% ou 32,75 cents/bushel a $ 1686,75. A cotação de maio23, que já está sendo negociada no Brasil, fechou em queda de 1,29%, ou $ 19,50 cents/bushel a $ 1492,0. O contrato de farelo de soja fechou em queda de 2,13% ou 10,0/ton curta a $ 458,9 e o contrato de óleo de soja fechou em alta de 1,74% ou $ 1,42/libra-peso a $ 82,92.
Tomada de lucros após subir por 7 sessões consecutivas de altas e atingir máximas de 10 anos. O óleo de soja atingiu níveis recordes e deu suporte (a Indonésia anunciou o fechamento das exportações). No mesmo sentido, o USDA anunciou negócios de exportação. A evolução do clima nos EUA e o progresso do plantio são acompanhados de perto.
O USDA anunciou nesta manhã uma venda de exportação de soja. O México reservou 144k T, dividido em 48k T para safra antiga e 96k T para entrega no próximo ano de comercialização.
Os preços da palma da Malásia subiram nesta sexta-feira, para 6.871 ringgits. Isso manteve o imposto de exportação da Malásia de 8%. A Malásia tem uma estrutura tarifária de exportação determinada pelo preço, começando em 3% e chegando a 8% acima de 3.450 ringgits. Os preços estão acima dessa marca na maior parte desde janeiro de 2021.
A partir de 28 de abril, a Indonésia não permitirá mais embarques de óleo de palma. A proibição de exportação visa reduzir os preços do óleo de cozinha no país e permanecerá em vigor até novo aviso.
Os analistas esperam que a StatsCan relate entre 18,48 milhões e 23,5 milhões de hectares de canola nos dados de intenções de plantio da próxima terça-feira. Se a média de 22,11 milhões de acres (8,49 milhões de hectares) for realizada, isso representaria uma perda de 1,6% na área ano/ano. Para a área de soja canadense, o mercado está estimando entre 5,07 milhões (2,02 Mha) e 6 milhões de acres (2,43 Mha) com uma estimativa média de 5,5 milhões de acres (2,02 Mha).
A EPA decidiu que os combustíveis derivados do óleo de canola se qualificam como “biocombustíveis avançados” sob o programa RFS. O presidente do Conselho de Canola do Canadá sugere que isso poderia aumentar o biocombustível como uso da canola canadense da taxa atual de ~ 5-8% para 20% antes do final da década. A meta do Conselho de Canola do Canadá é colher 26 MT de canola até 2025 – acima dos 12,6 MT em 21/22 e 43% acima da média de 4 anos. 22 de maio A soja está em US$ 17,25 1/4, uma queda de 23 centavos,
O relatório semanal da CFTC mostrou que os fundos estavam com 7.850 contratos comprados líquidos a mais em soja em relação à semana que terminou em 19 de abril. Isso veio principalmente como novas compras líquidas. Os fundos também tinham 6.131 contratos comprados líquidos a mais em farelo de soja, após comprar mais 5.256 contratos líquidos durante a semana. Em óleo de soja, o relatório do CoT mostrou que os Fundos expandiram sua compra líquida em 12.025 contratos para uma alta de 13 meses de 96.088 contratos.
GIRO PELOS ESTADOS:
RIO GRANDE DO SUL: Mercado continua perdendo força, assusta vendedores que negociam 20k no dia
A colheita foi bem intensa por toda a semana, mas nesta sexta-feira foi interrompida por chuvas. Estima-se que tenha alcançado as bases de 60% do total de áreas plantadas, com algumas regiões muito mais avançadas do que outras. Os rendimentos estão em linha com as expectativas. A safra apontada é de 9,5 milhões de toneladas. Negócios deram uma melhorada considerável, cerca de 20.000 toneladas foram negociadas hoje.
Preços de pedra: seguiu em R$ 182,00.
Preços no porto: evolução de 1,02% no preço do porto, elevando-o a R$ 198,00.
Preços no Interior: Preços passam por altas gerais por todo o interior de Rio grande do Sul, com valorização que podem ser explicadas pela alta no dólar, que teve uma movimentação muito expressiva em que, embora não havendo muita força compradora nesse período. os preços ainda assim foram elevados. O dólar subiu em expressivos 4%, a soja grão caiu 1,9%, ainda deixando uma margem bastante considerável para a mudança nos preços. A evolução é muito próxima dessa diferença. Ijuí, Cruz Alta e Passo Fundo subiram de forma muito próxima em 1,5%, elevando os preços e, R$ 3,00/saca e indo respectivamente a R$ 195,00, R$ 195,00 e R$ 196,00, Santa Rosa ficou levemente atrás, subindo em 1,04% e alcançando o preço de R$ 194,00.
SANTA CATARINA: Porto sobe 0,79%, negócios seguem lentos
O dia de hoje marcou muitas oscilações em Santa Catarina, os preços variaram de R$ 191,50 para R$ 194,00 nos últimos 30 dias, o que foi o suficiente para incentivar algumas vendas, que alcançaram a casa das 3.000 toneladas, volume considerável para quem costuma vender volumes mais baixos. Muitos produtores continuam segurando suas mercadorias à espera de melhores valores.
PARANÁ: Paraná marca altas parciais, com o porto subindo e interior caindo
Com muitas colheitas na reta final o produtor se volta para o mercado novamente, por isso a dinâmica retorna a mercado externo/prêmios e oferta.
Preço no porto: Em resposta à melhora considerável do dólar, marcou alta de 4,0%, parcialmente compensado pela queda de 1,90% em Chicago, o porto elevou R$ 4,00/saca, indo a R$ 192,00, claramente se destacando acima dos níveis de semana passada.
Preços no interior: Ponta Grossa, como de costume, por ser mais estreitamente relacionado com as exportações e ao porto passa por um dia de evolução de 2,7%, valor equivalente a R$ 5,00/saca, com os preços elevados a R$ 190,00. Quanto às demais posições do interior, o dia foi marcado por quedas de 1,14%. O aumento exponencial da oferta segue sendo o motivo. Neste período de menor necessidade de volumes e aumento da soja disponível os preços tendem a diminuir devido à baixa procura, Cascavel, Maringá e Pato Branco perderam R$ 2,00/saca e foram a respectivamente de R$ 173,00, R$ 173,00 e R$ 172,00.
MATO GROSSO DO SUL: Dia de subidas gerais de até 1,69%
MS, de forma análoga às demais posições ao sul, também foi empurrado para cima, devido a dinâmica internacional, mas foi capaz de subir com maior consistência do que as demais localizações.
Preços: Dourados sobe R$ 3,00/saca indo a R$ 180,00; Campo Grande sobe R$ 3,00/saca indo a R$ 180,00; Maracaju sobe R$ 3,00/saca indo a R$ 179,00. Chapadão sobe R$ 2,00/saca indo a R$ 176,00; Sidrolândia sobe R$ 3,00/saca indo a R$ 178,00.
MATOPIBA: Dia dividido entre alta enorme e nenhum movimento
Na região de Balsas, no Maranhão, o preço da soja sobe R$ 23,76/saca e vai a R$ 194,56, segundo o Cepea. No porto maranhense de Itaqui a cotação permanece em R$ 164,00
Na cidade interiorana de Porto Nacional, no estado de Tocantins, o preço permanece a R$ 150,40 desde 13/4. Em Uruçuí, no Piauí, o preço está a R$ 170,00 no mercado de lotes e R$ 169,00/saca para o agricultor. Em Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, o preço spot permaneceu toda a semana a R$ 170/saca e o preço para maio a R$ 172,00.
MATO GROSSO: Dia de alguns movimentos, mercado dividido
O esmagamento de soja no estado, neste ano de 2022, passou de 790 mil toneladas em janeiro para 850 mil toneladas em fevereiro e 910 mil toneladas em março. No ano de 2021 o esmagamento foi significativamente maior que em 2020 e em 2022 parece ter possibilidade de repetir a dose. A projeção de esmagamento em 2022 é de aproximadamente 10,92 milhões de toneladas, para uma produção estimada em 30,19 MT, deixando para a exportação um volume não inferior a 19,27 milhões de toneladas.
Fonte: T&F Agroeconômica