A inoculação da soja com bactérias fixadoras de nitrogênio, normalmente do gênero Bradyrhizobium é fundamental para garantir o fornecimento de nitrogênio (N) para a cultura. Segundo Gitti (2016), a fixação biológica de nitrogênio (FBN), por meio da simbiose entre plantas e bactérias fixadoras de N é suficiente para suprir a demanda de nitrogênio da soja para produtividades médias de 3.600 kg ha-1.

Tagliapietra et al. (2022) destacam que a infecção da planta pelas bactérias fixadoras de N tem início próximo ao estádio V1 do desenvolvimento da soja, onde as necessidades da planta deixam de ser supridas pelas reservas cotiledonares e começam a ser supridas pelos fotoassimilados produzidos pelas folhas. Em média, entre cinco a 12 dias após a emergência da cultura já é possível observar a formação dos primeiros nódulos da FBN.

Embora as bactérias do gênero Bradyrhizobium possam ser naturalmente encontradas no solo, uma das principais formas de proporcionar a FNB em níveis satisfatórios para atender as necessidades da soja é por meio do aumento populacional dessas bactérias por meio da inoculação das sementes de soja, e/ou aplicação de inoculantes via sulco de semeadura. Demonstrando a importância econômica dessa prática de manejo, resultados de pesquisas desenvolvidas pela Embrapa demonstram que em média, a inoculação da cultura da soja pode proporcionar ganhos de rendimento na ordem de 8% em comparação a soja não inoculada (Prando et al., 2020).



Mas após a inoculação da soja em áreas de cultivo, é necessário seguir fazendo a reinoculação em safras posteriores?

O que ocorre é que no solo, essas bactérias estão limitadas por diversos fatores ambientais de nutricionais. Estima-se que de toda a população microbiana do solo, no máximo 10% dos microrganismos estejam no estádio ativo (Hungria; Campo; Mendes, 2001). Embora tanto sementes quanto raízes possam liberar compostos que atraem as bactérias fixadora de N no solo, Hungria; Campo; Mendes (2001) destacam que o segmento das raízes fica suscetível a formação de nódulos por poucas horas e em alguns casos as bactérias só atingem as raízes para a formação de nódulos após o crescimento delas.

Sendo assim, é fundamental garantir boas populações de bactérias fixadoras de N no solo, bem como o adequado contato delas com as sementes para uma boa nodulação e FBN. Logo, a reinoculação é necessária para maximizar a nodulação, promovendo melhor FNB e produtividade da soja (tabela 1).

Tabela 1. Efeito da reinoculação e da adubação nitrogenada, em solos com população superior a 103 células/g de solo, no rendimento da soja (kg/ha). Experimentos conduzidos em Londrina e Ponta Grossa (PR), na safra 1998/99, com a cultivar BR 37 inoculada com as estirpes SEMIA 587 + SEMIA 5019, em Goiânia (GO), na safra 1993/94, com a cultivar Doko e as estirpes SEMIA 587 + SEMIA 5019 e em Planaltina (DF), na safra 1997/98, com a cultivar Doko inoculada com as estirpes SEMIA 5079 + SEMIA 5080.

Fonte: Hungria; Campo; Mendes (2001)

Veja mais: Quando e por quanto tempo ocorre a fixação biológica de nitrogênio na soja?


Referências:

GITTI, D. C. INOCULAÇÃO E COINOCULAÇÃO NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2015/2016, 2016. Disponível em: < https://diadecampococamar.com.br/Inoculacao-ecoinoculacao-Fundacao-MS.pdf >, acesso em: 14/09/2022.

HUNGRIA, M.; CAMPO, R. J.; MENDES, I. C. FIXAÇÃO BIOLÓGICA DO NITROGÊNIO NA CULTURA DA SOJA. Embrapa Soja, Circular Técnica, n. 35, Embrapa Cerrados, Circular Técnica, n. 13, 2001. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPSO/18515/1/circTec35.pdf >, acesso em: 14/09/2022.

PRANDO, A. M. et al. COINOCULAÇÃO DA SOJA COM Bradyrhizobium E Azospirillum NA SAFRA 2019/2020 NO PARANÁ. Embrapa, Circular Técnica, n. 166, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/220542/1/CIrc-Tec-166.pdf >, acesso em: 14/09/2022.

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