O adequado balanço nutricional é essencial para garantir o bom crescimento, desenvolvimento e produtividade da soja. Após o nitrogênio (N), o Potássio (K) é o nutriente requerido em maiores quantidades pela soja, sendo necessários em média, cerca de 31,8 kg para cada tonelada de grãos produzidos (Nutrição de Safras, 2019).
Normalmente, o Potássio é fornecido para a cultura da soja por meio da adubação, utilizando fertilizantes minerais. A quantidade requerida do nutriente pode variar de acordo com os níveis de fertilidade do solo e expectativa de produtividade da cultura. Além dos fertilizantes minerais, a adubação verde pode ser uma forte aliada no manejo da fertilidade do solo, visando reduzir os custos com a aquisição de fertilizantes potássicos, proporcionando também, maiores níveis do nutriente para as plantas.
Espécies x capacidade de ciclagem de P
Algumas espécies de plantas possuem a capacidade de ciclar nutrientes do solo, acumulando-os em sua biomassa e posteriormente disponibilizando-os ao solo por meio da decomposição e mineralização dos resíduos culturas. Sendo assim, uma gama de plantas de cobertura pode ser utilizada com esse intuito, melhorando a fertilidade do solo e ciclando o potássio dele.
Conforme observado por Wolschick et al. (2016), o acúmulo de potássio da parte aérea e raízes de plantas de cobertura pode variar de acordo com a espécie cultivada, sendo possível observar acúmulo de até 358,4 kg ha-1 de potássio na parte aérea da ervilhaca e até 63,3 kg ha-1 nas raízes da aveia, demonstrando assim a capacidade de algumas plantas de cobertura em contribuir de forma benéfica para a fertilidade do solo, beneficiando culturas em sucessão como a soja.
Tabela 1. Acúmulo (kg ha-1) de nutrientes na parte aérea e nas raízes de diferentes plantas de cobertura.

Outros autores a exemplo de Torres & Pereira (2008) também estudaram o acúmulo de K na matéria seca de plantas de cobertura (Tabela 2). Ambos os estudos evidenciam a capacidade de algumas espécies em acumular Potássio, algumas, se destacando em relação a outras.
Tabela 2. Potássio acumulado até os 110 dias após semeadura do manejo e liberação ocorrida nos intervalos avaliados.

Visando a rápida liberação do potássio acumulado para a soja, cabe destacar que é necessário também levar em consideração da relação C/N da cultura de cobertura. Conforme observado por Bertolini et al. (2019), plantas com menor relação C/N, a exemplo das plantas da família Fabaceae em comparação as da Poaceae, mostram-se mais eficiente na liberação dos nutrientes dos resíduos culturas para o solo.
Figura 1. Potássio liberado de resíduos de plantas de diferentes plantas de cobertura.

Tendo em vista a capacidade de algumas plantas de cobertura em acumular Potássio e a importância desse macronutriente para a soja, o adequado posicionamento e cultivo de plantas de cobertura pode ser uma interessante ferramenta para o manejo da fertilidade do solo, contribuindo para a sustentabilidade do cultivo e aumento da disponibilidade desse nutriente para a cultura da soja.
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Referências:
BERTOLINI, A. et al. COBERTURA DE SOLO E TAXA DE CICLAGEM DE NUTRIENTES EM PLANTAS DE COBERTURA DE VERÃO NO OESTE DE SANTA CATARINA. Unoesc & Ciência – ACET Joaçaba, v. 10, n. 2, p. 83-92, jul./dez. 2019. Disponível em: < https://portalperiodicos.unoesc.edu.br/acet/article/view/20767/14466 >, acesso em: 08/03/2022.
NUTRIÇÃO DE SAFRAS. TABELA DE EXTRAÇÃO E EXPORTAÇÃO DOS NUTRIENTES NA CULTURA DA SOJA. 2019. Disponível em: < https://nutricaodesafras.com.br/tabela-de-extracao-e-exportacao-dos-nutrientes-na-cultura-do-soja/ >, acesso em: 08/03/2022.
TORRES, J. L. R.; PEREIRA, M. G. DINÂMICA DO POTÁSSIO NOS RESÍDUOS VEGETAIS DE PLANTAS DE COBERTURA NO CERRADO. R. Bras. Ci. Solo, 32:1609-1618, 2008. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/rbcs/a/srJW4KyMwPtRsnrFp5Cn4tt/?lang=pt >, acesso em: 08/03/2022.
WOLSCHICK, N. H. et al. COBERTURA DO SOLO, PRODUÇÃO DE BIOMASSA E ACÚMULO DE NUTRIENTES POR PLANTAS DE COBERTURA. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v.15, n.2, p.134-143, 2016. Disponível em: < https://revistas.udesc.br/index.php/agroveterinaria/article/download/223811711522016134/pdf_32/25737#:~:text=O%20uso%20de%20plantas%20de,destacam%2Dse%20EC%20e%20CE. >, acesso em: 08/03/2022.