Potássio na planta

O Potássio (K) é o segundo macronutriente mais querido pela soja, ficando atrás apenas do Nitrogênio. O Potássio está envolvido em processos bioquímicos, sendo requerido como cofator de mais de 40 enzimas, além de ser o principal cátion no estabelecimento do turgor celular e na manutenção da eletroneutralidade celular (Taiz et al., 2017).

Em média, são extraídos cerca de 38 kg K2O para cada tonelada de soja produzida (Embrapa Soja, 2008). Considerando que 20 kg k2O são extraídos pelos grãos e 18 kg k2O pelos resíduos culturais, realizar o aporte nutricional via adubação com fertilizantes potássicos é essencial para assegurar a manutenção da produtividade da soja.

Respostas da soja ao K e mobilidade do nutriente no solo

Conforme destacado por Marcandalli et al. (2018), a soja apresenta respostas positivas ao incremento da adubação potássica, o que torna essencial a reposição do nutriente exportado pela cultura para a obtenção de altas produtividades de soja. Além disso, cabe destacar que a eficiência de utilização do K dos adubos, quando se realizam as boas práticas de uso de fertilizantes em sistema plantio direto, está acima de 90% (Gitti; Roscoe; Rizzato, 2018), o que facilita a reposição do nutriente no solo.

Figura 1. Médias de produção em função das doses de potássio utilizadas na cultura da soja.
Fonte: Marcandall et al. (2018)

A maior mobilidade do nutriente no solo em comparação ao Fósforo, possibilita maior flexibilidade quanto a época e o modo de aplicação, facilitando a logística e o manejo da adubação (Seixas et al, 2020). A maior mobilidade do Potássio no solo viabiliza inclusive a adubação de cobertura em ambientes de fertilidade construída. Nesse sentido, o  particionamento da adubação potássica pode ser uma interessante alternativa em algumas situações, conduto, é preciso definir o melhor momento de aplicação do potássio em cobertura.


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Potássio no enchimento de grãos

Na cultura da soja, o enchimento de grãos, mais especificamente no estádio R5.5 ocorre a maior absorção de potássio pela planta. Sendo assim, a deficiência desse nutriente nesse período pode comprometer significativamente a produtividade da soja.

Plantas com deficiência de potássio durante o enchimento de grãos podem apresentar sintomas como má formação dos grãos, vagens “chochas”, clorose nas bordas das folhas, retenção foliar e hastes verdes, o que também, pode resultar em alguns casos, no atraso da maturação da planta. Logo, o potássio deve estar prontamente disponível para a planta durante o período de enchimento de grãos. Portanto, o enchimento de grãos pode ser considerado um período crítico da soja a deficiência de potássio.

Figura 2. Marcha de absorção de Potássio em soja.
Adaptado: Oliveira Junior et al. (2016)
Manejo do nutriente

Conforme recomendações de manejo, em solos com fertilidade construída, é possível fazer a aplicação de potássio antecipadamente à semeadura ou em cobertura até o estádio V4/V5 do desenvolvimento da soja. Em função da versatilidade do nutriente e da sua mobilidade no solo, a adubação potássica em cobertura é muito usual visando evitar o efeito salino na linha de semeadura.

Entretanto, Seixas et al. (2020) destacam que, quando realizada a adubação na linha de semeadura, mesmo com os processos de fluxo de massa e difusão que determinam o maior contato do íon de potássio com as raízes, é necessário atentar aos limites máximos indicados para cada região, evitando efeitos indesejado.

Avaliando o efeito da adubação potássica, em diferentes épocas de aplicação em cobertura, na cultura da soja, Cavalini et al. (2018) observaram que a adição potássica em superfície a lanço 50% da dose 15 dias após a semeadura + 50% da dose 30 dias após a semeadura aumentou em 575 kg ha–1 a produtividade da soja, em comparação ao controle (testemunha), demonstrando que o parcelamento da dose de potássio pode ser uma interessante alternativa para o aumento da produtividade.

Além disso, o parcelamento da dose de potássio pode reduzir as perdas do nutriente no solo por escoamento superficial e lixiviação, possibilitando o adequado aporte nutricional durante o período de maior exigência da soja (enchimento de grãos). Com base nos aspectos observados, pode-se dizer que a absorção do potássio é maior durante a fase de enchimento dos grãos, sendo, portanto, fundamental garantir que durante essa fase, haja a adequada concentração e disponibilidade do nutriente para a planta.

Em suma, analisando suas funções bioquímicas e a marcha de absorção do Potássio em soja, pode-se dizer que o nutriente é indispensável para o processo de enchimento de grãos, podendo sua deficiência, afetar o potencial produtivo da soja.


Veja mais: Boro e sua relação com a produtividade da soja



Referências:

CAVALINI, P. F. et al. RESPOSTA DA SOJA À ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DE POTÁSSIO EM COBERTURA. Arq. Ciênc. Vet. Zool. UNIPAR, Umuarama, v. 21, n. 1, 23-28, jan./mar. 2018. Disponível em: < https://ojs.revistasunipar.com.br/index.php/veterinaria/article/download/6953/3663#:~:text=Estudos%20com%20soja%20constataram%20que,ao%20agricultor%20decidir%20a%20%C3%A9poca>, acesso em: 04/04/2024.

EMBRAPA SOJA. TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE SOJA – REGIÃO CENTRAL DO BRASIL 2009 E 2010. Embrapa Soja, Sistemas de Produção, 13, 2008. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/471536/1/Tecnol2009.pdf >, acesso em: 04/04/2024.

GITTI, D. C.; ROSCOE, R.; RIZZATO, L. A. MANEJO E FERTILIDADE DO SOLO PARA A CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2017/ 2018, 2018. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/httpswww.fundacaoms.org_.brpublicacoestecnologia-e-producao-safratecnologia-producao-soja-2017-2018.pdf >, acesso em: 04/04/2024.

MARCANDALLI, L. H. RESPOSTA DA CULTURA DA SOJA A ADUBAÇÃO POTASSICA EM COBERTURA NA REGIÃO DOS CHAPADÕES. FertiBio: Desafios para o uso do solo com eficiência e qualidade ambiental, 2018. Disponível em: < http://www.diadecampo.com.br/arquivos/materias/%7BCF06123E-51F7-4015-BCEB-D60AA7899E13%7D_57_2.pdf >, acesso em: 04/04/2024.

OLIVEIRA JUNIOR, A. et al. ESTÁDIOS FENOLÓGICOS E MARCHA DE ABSORÇÃO DE NUTRIENTES DA SOJA. Embrapa Soja, Fortgreen, 2016. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1047123 >, acesso em: 04/04/2024.

SEIXAS, CLAUDINE et al. TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE SOJA EMBRAPA SOJA, Londrina-PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf>, acesso em: 04/04/2024.

TAIZ, L. et al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Ed. 6, Porto Alegre, 2017.

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