Além da obtenção e sementes com boa qualidade fisiológica, sanitária, genética e física, o processo de coinoculação dessas sementes e uma adequada adubação de base são fundamentais para um bom estabelecimento da lavoura e boas produtividade de soja. O solo é o principal substrato para o cultivo da soja, sendo fonte de água, nutrientes e dando suporte às plantas.
A adubação de base é fundamental para promover uma adequada nutrição as plantas e possibilitar que a cultivar expresse seu potencial produtivo, sendo que a deficiência de algum nutriente compromete a produtividade da soja por mais que os demais estejam em abundância no solo.
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Segundo Taiz et al. (2017), o potássio é um macronutriente requerido como cofator de várias enzimas na planta, além de ser o principal cátion no estabelecimento do turgor celular e na manutenção da eletroneutralidade celular. Além disso, o potássio é um dos macronutrientes mais exigidos pela cultura da soja.
Conforme destacado por Getii & Roscoe (2017), para produtividades médias de 3t.ha-1, são extraídos cerca de 114 kg.ha-1 de K2O e são exportados aproximadamente 60 kg.ha-1 de K2O, valores inferiores apenas ao nitrogênio, nutriente mais requerido pelas plantas. Sendo assim, pode-se dizer que o potássio é o segundo macronutriente mais requerido pela cultura da soja.
Tabela 1. Estimativas de extração e exportação totais de macronutrientes (kg.ha-1) e micronutrientes (g.ha-1), em função da produtividade esperada.

Tendo em vista a importante contribuição do potássio na produtividade da soja, é fundamental realizar uma adequada adubação de base, sendo necessário adequar a quantidade de fertilizantes as expectativas de produtividades e aos resultados obtidos na análise química da fertilidade do solo. Entretanto, dependendo da quantidade de fertilizantes necessária para suprir as necessidades da cultura, a adubação potássica em elevadas doses pode causar problemas de salinidade prejudicando o desenvolvimento das plântulas de soja.
Contudo, diferentemente do fósforo, o potássio apresenta alta mobilidade no solo, podendo ser aplicado a lanço quando necessário o parcelamento da dose do fertilizante. Conforme observado por Marcandalli et al. (2008) e corroborado por Cavalini et al. (2018), a adubação potássica pode ser fornecida via superfície do solo (a lanço) sem que haja perdas de produtividade da soja.
Avaliando a resposta da cultura da soja a adubação potássica em cobertura, Marcandalli et al. (2008) observaram o aumento da produtividade da soja conforme se deu o aumento do fornecimento de potássio a lanço, destacando que a adubação do nutriente fornecida via a lanço também apresenta eficiência.
Figura 1. Resposta da variedade de soja M-Soy 8008 RR a diferentes níveis de adubação potássica fornecida a lanço.

Cabe destacar que a fonte de fertilizante utilizada por Marcandalli et al. (2008) foi o KCl e que esse foi distribuido aos 30 dias após a emergência das plantas. Na mesma linha de raciocínio de Marcandalli et al. (2008), Cavalini et al. (2018) avaliaram a adubação potássica em cobertura para a cultura da soja em diferentes períodos de fornecimento.
Os tratamentos que compunham o trabalho de Cavalini et al. (2018) contemplavam a testemunha/controle a qual não recebeu adubação potássica a lanço; dose total (174,56 kg K2O.ha-1) 15 dias após a semeadura da soja; dose total distribuída em superfície no após a semeadura; dose total aos 30 dias após a semeadura da soja; 50% da dose aos 15 dias após a semeadura e 50% aos 30 dias após a semeadura e por fim, 50% da dose do fertilizante na semeadura da soja, 25% aos 15 dias após e semeadura e 25% aos 30 dias após a semeadura. Os resultados de altura de planta, massa de mil grãos e produtividade da soja obtidos por Cavalini et al. (2018) podem ser observados na tabela 2.
Tabela 2. Altura da planta em cm.planta-1 (AP), massa de mil grãos em kg (MMG) e produtividade (kg.ha-1), da soja em resposta da aplicação de potássio em diferentes épocas.

Embora os autores não tenham encontrado diferenças estatísticas significativas entre os diferentes tratamentos avaliados, quando comparado o controle/testemunha ao tratamento em que 50% da dose do fertilizante foi fornecida aos 15 dias após a semeadura e 50% aos 30 dias após a semeadura, um aumento de produtividade de 575 kg.ha-1 foi observado para a cultivar M-6410 IPRO.
Entretanto, cabe destacar que variações podem ocorrer de acordo com as características de solo, cultivar, ambiente e condições climáticas, contudo o potássio é um nutriente muito requerido pela soja e a cultura apresenta respostas significativas ao incremento desse nutriente.
Cada situação de cultivo pode exigir diferentes medidas e manejos quanto a utilização de fertilizantes, entretanto uma adequada adubação potássica seja ela realizada na base de semeadura ou posteriormente a lanço é fundamental para a obtenção de boas produtividades de soja. Contudo antes da adição de fertilizantes, seja ele qual for, é fundamental atentar para princípios básicos do manejo da fertilidade do solo, e um dos principais é a pH, visto que solos ácidos resultam na indisponibilidade dos nutrientes para as plantas.
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Referências:
CAVALINI, P. F. et al. RESPOSTA DA SOJA À ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DE POTÁSSIO EM COBERTURA. Arq. Ciênc. Vet. Zool. UNIPAR, Umuarama, v. 21, n. 1, 23-28, jan./mar. 2018.
GITTI, D. C.; ROSCOE, R. MANEJO E FERTILIDADE DO SOLO PARA A CULTURA DA SOJA. Tecnologia e Produção: Soja 2016/2017, Fundação MS, 2017.
MARCANDALLI, L. H. et al. RESPOSTA DA CULTURA DA SOJA A ADUBAÇÃO POTASSICA EM COBERTURA NA REGIÃO DOS CHAPADÕES. Fertbio, 2008.
TAIZ, L. et al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Porto Alegre, ed. 6, 2017.
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