Mais um capítulo da polêmica entre o presidente da França, Emanuel Macron e o Brasil, na última terça feira,12/01, em suas redes sociais o mandatário, que é uma das principais figuras públicas que levantam a bandeira anti-desmatamento da Amazônia, publicou um vídeo em que explica com pretende desenvolver a soja Européia ou equivalente, segundo o mesmo, “depender da soja Brasileira, é endossar o desmatamento da Amazônia”.
O vídeo foi feito durante uma visita a produtores franceses, o líder insistiu que não é coerente que produtores tomem medidas contra o desmatamento e continuem a comprar produtos que desmatam a floresta. Segundo ele: “A maneira concreta de fazer não é apenas dizer, mas agir. E agir é dizer: nós precisamos hoje da soja brasileira para viver. Portanto, vamos produzir a soja europeia ou o equivalente”.
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A fala do presidente, não foi bem recebida pelas instituições ligadas a cadeia da soja no Brasil, a Abiove (Associação Brasileira de indústria de óleos vegetais), se pronunciou dizendo:
“A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) lamenta que o presidente da França, Emmanuel Macron, busque justificar sua decisão de subsidiar os agricultores franceses atacando a soja brasileira. Como bem sabe Macron, a soja produzida no bioma Amazônia no Brasil é livre de desmatamento desde 2008, graças a Moratória da Soja, iniciativa internacionalmente reconhecida, que monitora, identifica e bloqueia a aquisição de soja produzida em área desmatada no bioma, garantindo risco zero do envio de soja de área desmatada (legal ou ilegal) deste bioma para mercados internacionais.
A situação, ainda carece de muita pesquisa, porém acende um sinal de alerta, se os preços se manterem competitivos, tanto a França quanto a china, seguirão comprando soja Brasileira, a pergunta que fica é se um país parar de comprar, talvez abra a porteira para que outros deixem de fazer também.
Também em resposta, a Frente Parlamentar da Agropecuária emitiu uma nota oficial, leia a nota na íntegra:
A Frente Parlamentar da Agropecuária acompanhou com profundo constrangimento as declarações de ontem (12) do presidente francês, Emmanuel Macron, em que associa a agricultura brasileira aos crimes de desmatamento ilegal, sem nenhum dado oficial que comprove tal ilação, a não ser nosso recorde de exportação que alcançou mais de US$ 100 bilhões em 2020.
A França, em toda sua história, nunca demonstrou tanto desespero em relação ao desenvolvimento sustentável que o Brasil alcança ano a ano, com novas tecnologias e uma agricultura de precisão que garante duas safras/ano, responsável pelo aumento robusto de nossa produtividade ao longo dos últimos 40 anos, a um custo diferenciado para abastecimento interno e do mundo todo.
Somos uma potência agrícola por vocação e possuímos uma área de 66,3% de vegetação protegida e preservada. Dessas, 20,5% estão em imóveis rurais. De todo o território nacional, utiliza-se apenas 7,8% para lavouras e florestas plantadas. E quais são os números de ocupação de solo na França?
Alertamos que a política interna da França não pode colocar em xeque outra Nação e a legalidade de nossas políticas públicas para a agricultura como um todo. Atualmente, apenas 10% da soja brasileira é produzida no bioma Amazônico, sem contar que toda a produção está dissociada de qualquer processo de desmatamento desde 2008.
Por último, é preciso entender e considerar que, em números redondos, a União Europeia importa cerca de R$ 13 milhões toneladas/ano, das quais 5 milhões vão para a França. A produção atual dos franceses é de 200.000 t/ano irrigada e a um custo alto, ou seja, apenas 5% da demanda. Para atender, seria necessário plantar cerca de 2 milhões de hectares. Basta saber quem vai liberar essa terra toda e o impacto ambiental disto. Um discurso para atender eleitores não pode ser utópico ao ponto de não ser alcançada a autossuficiência.
Não aceitaremos acusações deste tipo. O Brasil é um grande exportador mundial de alimentos, um dos maiores responsáveis pelo abastecimento alimentar no mundo e ocuparemos nosso lugar, independente das guerras comerciais em franco desenvolvimento na França. Somos sustentáveis, cumprimos regras sanitárias e ambientais mais rígidas do que os países competidores e estamos alcançando um padrão de qualidade nunca visto antes, sem aumentar nossa área de plantio. Para a França alcançar o patamar brasileiro, teria que conquistar novos territórios ou colônias, o que a modernidade e a civilidade não permitem mais.
Assina a nota oficial da FPA o DEP. ALCEU MOREIRA, Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária