As cotações do trigo, em Chicago, voltaram a subir, com o bushel, para o primeiro mês cotado, ultrapassando novamente os US$ 8,00 em alguns momentos da semana. Porém, também aqui o movimento não se sustentou e o fechamento desta quinta-feira (01) ficou em US$ 7,75/bushel, contra US$ 7,69 uma semana antes. Já a média de agosto ficou em US$ 7,84, o que representou um recuo de 2,7% sobre a média de julho, após o forte recuo de 20,2% na média de julho em relação a junho. Aliás, entre junho e agosto (três meses) a média do bushel de trigo, em Chicago, recuou 22,4%.

Enquanto isso, a colheita do trigo de inverno, nos EUA, foi concluída, enquanto a do trigo de primavera, no dia 28/08, chegava a 50% da área, contra a média histórica de 71% para esta data. Já as condições das lavouras a serem ainda colhidas se apresentavam com 68% entre boas a excelentes, 26% regulares e 6% entre ruins a muito ruins.

Quanto aos embarques de trigo, por parte dos EUA, na semana encerrada em 25/08, os mesmos atingiram a 520.791 toneladas, ficando dentro das expectativas do mercado. No atual ano comercial 2022/23, iniciado em 1º de junho, os EUA já embarcaram 5,01 milhões de toneladas, o que representa 19% a menos do que o registrado no mesmo período do ano anterior.

Já na Ucrânia, a colheita de trigo chegava a 98% da área nesta semana, atingindo um total de 18,8 milhões de toneladas, contra 32,2 milhões colhidas em 2021. No total de grãos a Ucrânia colheu, em 2021, 86 milhões de toneladas, sendo, além do trigo, outras 42,1 milhões de toneladas de milho, 5,5 milhões de cevada, 246.000 toneladas de ervilhas e 3,1 milhões de toneladas de colza. O rendimento médio do trigo, neste ano, está em 4.080 quilos/hectare. Segundo o governo local, a produção total, neste ano de guerra, ficaria entre 65 e 67 milhões de toneladas, o que representa um recuo em torno de 23% sobre o total registrado em 2021.

E no Brasil, os preços do trigo voltaram a recuar, atingindo, depois de muito tempo, valores abaixo de R$ 100,00/saco, apesar de perdas já anunciadas nos trigais devido as geadas da semana passada. A média gaúcha ficou em R$ 99,88/saco, enquanto as principais praças locais trabalharam na média de R$ 97,00. No Paraná, o produto oscilou entre R$ 102,00 e R$ 106,00/saco. Por enquanto, as negociações seguem de maneira pontual, com baixa disponibilidade de trigo e produtores e compradores aguardando a intensificação da colheita para voltar ao mercado livre.

As geadas da semana anterior no Sul irão reduzir o volume a ser colhido no país. Enquanto o Paraná contabiliza os prejuízos, no Rio Grande do Sul a Emater informou que 13% da área de trigo do Estado estavam em regiões atingidas pelas geadas, especialmente no oeste. E novas geadas estão previstas para este início de setembro no Estado gaúcho, mais precisamente, no Noroeste do Estado, no domingo (04) e segunda-feira (05). Nas próximas semanas deveremos ter os primeiros números da quebra no Estado gaúcho.

Enfim, no Paraná, 2% das lavouras de trigo estavam colhidas no final de agosto, enquanto em todo o país cerca de 6% estariam colhidas na virada do mês. Antes das geadas a previsão era de uma colheita de 3,89 milhões de toneladas de trigo no Paraná, o que seria 21% acima da parcialmente frustrada safra do ano anterior. A área cultivada teria chegado a 1,175 milhão de hectares, com recuo de 4% sobre o ano anterior e a produtividade média era projetada em 3.309 quilos por hectare, contra os 2.632 quilos por hectare registrados no ano de 2021. Agora, será preciso esperar para se verificar em quanto as geadas quebraram, e ainda poderão quebrar, a safra daquele Estado.

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).



 

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