Os preços médios da soja sobre rodas nos portos brasileiros subiu 9,10% nas três primeiras semanas de maio, para R$ 81,13/saca, muito embora nos portos de Rio Grande e Paranaguá os negócios tenham sido fechados nesta sexta-feira ao redor de R$ 82,00/saca.
A alta desta sexta-feira foi de 0,91%, com a manutenção de prêmios elevados, dólar em queda de 0,78%, parcialmente compensado com a alta de 1,06% da soja em Chicago. No mercado interno a alta foi de 0,31%, para R$ 75,01/saca, elevando os ganhos das três primeiras semanas de maio para 6,96%.
Quais são os principais fatores presentes no mercado da soja neste momento?
INCERTEZAS – O mercado de oleaginosas passou por uma semana de total incerteza, proveniente de diferentes fontes. O impulso foi dado pelo fenômeno climático e pelo anúncio de subsídios aos agricultores pelo governo americano. Mas, o mercado ponderou principalmente o primeiro elemento e permitiu um avanço moderado nos preços.
CLIMA ADVERSO – O tempo continuou adverso para o centro-oeste americano e foi devidamente precificado pelo mercado. As consequências são vistas no atraso da semeadura e as perspectivas para o futuro não são encorajadoras. No começo da semana, o USDA anotou em seu relatório oficial da colheita um avanço de plantação de 19%. Desta forma, há um atraso importante em relação à média histórica das últimas 5 safras para esta época do ano (47%).
Neste contexto, as previsões continuam a apontar para chuvas mais elevadas do que o normal, e os operadores de preços validados sobe. Deve-se lembrar, no entanto, que a janela de plantio de soja temporária ainda seria mantida para a maior parte de junho. Depois do pregão de Chicago desta segunda-feira haverá nova atualização do relatório do USDA.
SUBSÍDIOS – De um lado, o mercado reagiu aos anúncios do subsídio ao produtor do USDA, a fim compensar as perdas da guerra de comércio com China. O mesmo, contemplaria desembolsos pelo governo por U$S 16 bilhões. Em termos gerais, U$S 14,5 bilhões será na forma de pagamentos diretos para os produtores, U$S 1,4 bilhão em compras de alimentos e produtos agrícolas pelo governo e U$S 100 milhões para o desenvolvimento do mercado.
O pagamento direto aos produtores seria feito em 3 parcelas: o 1º, em julho/agosto; 2º, final do outono; e 3º, início de 2020. Por sua vez, a Agência observou que os pagamentos não serão feitos por commodities, mas serão calculados com base no departamento em que cada produtor está localizado. Isto gerou alguma incerteza sobre o mercado como a compensação que cada produtor receberá ainda não seria determinado.
HUAWEI – Na última sessão da semana, a oleaginosa recebeu impulso adicional com as declarações do Presidente Trump sobre como incluir a questão da Huawei no acordo da China. Ele disse, também, novamente afirmou que a vinda de um acordo poderia ser dada em breve, mas isto ele já disse tantas vezes.
FERIADO – Além disso, deve-se notar que segunda-feira será um feriado nos Estados Unidos, o que poderia despertar compras adicionais, de modo às posições não ficarem expostas a 3 dias sem mercado e à mercê da evolução do clima. Mais uma vez, acreditamos que o principal apoio ao preço residiu na questão climática.
A produção brasileira de soja continua sendo revisada para cima
A colheita de soja, já encerrada no país que é o maior exportador global da oleaginosa, continua sendo revista para cima. Segundo a pesquisa da Reuters com 12 especialistas, a produção total foi estimada em média de 116,2 milhões de toneladas, ante 115,5 milhões de toneladas na projeção do levantamento do mês passado.
“Com uma melhora nas produtividades em algumas regiões do país como Tocantins, Bahia, Santa Catarina e Goiás, alavancamos nossa projeção para 117,7 milhões de toneladas”, disse a analista Daniely Santos, da consultoria Céleres, que tem uma das maiores projeções entre os consultados.
Segundo ela, as melhores condições climáticas entre fevereiro e abril ajudaram a mitigar as perdas pela seca em outras áreas. Com isso, o país terá sua segunda maior safra de soja, atrás apenas da vista no ano passado, que rendeu mais de 119 milhões de toneladas, segundo a Conab.
Fonte: T&F Consultoria Agroeconômica