Ao contrário do que informamos na última quinta-feira, o Cepea divulgou a pesquisa naquele dia, registrando alta de 0,20% nos preços nos portos e 14% nos preços oferecidos pelas indústrias. Nesta sexta-feira a pesquisa voltou a registrar alta de 0,94% nos portos, acumulando 1,15% no mês e de 0,11% no interior, acumulando 0,25% nos dois primeiros dias do mês.
O mercado físico do Rio Grande do Sul, os preços começaram o ano em R$ 86,50 em Passo Fundo e R$ 86,00 em Ijuí, enquanto o preço do porto continuou na média de R$ 89,50/saca para dezembro. A pouca soja disponível está sendo muito cobiçada pelas indústrias, que continuam pagando preços 3,59% acima do que os exportadores oferecem.
No Paraná os preços oferecidos continuaram a R$ 80,00 no balcão, para o produtor, em Ponta Grossa, com o mercado de lotes reduzindo um real/saca para R$ 85,00 para soja disponível com entrega em janeiro e pagamento início de fevereiro e mantendo R$ 86,00 no porto também para janeiro. O mercado futuro se manteve inalterado em R$ 83,00 em Ponta Grossa para abril/maio.
Os preços se mantém inalterados para os agricultores, mas ainda assim estão lucrativos, ao redor de 16% livres de todo o custo de produção, o que é significativo para qualquer setor da economia. O que se ressalta e que os preços de exportação voltaram a indicar alta, como mostra o gráfico acima, na esteira da alta do dólar, grandemente potencializado pelos acontecimentos no Oriente Médio entre EUA e Irã.
Subprodutos em Dallian e em Rotterdam: óleo de soja avançou na China e recuou novamente em Rotterdam
No porto chinês de Dallian o preço flat da soja-grão avançou forte para US$ 485,15t, contra US$ 477,59/t do dia anterior; o farelo de soja recuou para US$ 377,00/t, contra US$ 379,47/t do dia anterior e o preço do óleo de soja, recuou forte para US$ 970,01/t, contra US$ 956,03/t do dia anterior.
Em Rotterdam, o principal porto não-China de demanda de soja e subprodutos, a soja-grão avançou para US$ 393,70, contra R$ 398,90/t do dia anterior; o pellets de soja recuou para US$377,00/t contra US$ 378,50/t do dia anterior, afloat. Os preços de alguns óleos vegetais, para o primeiro mês cotado, foram: o óleo de canola, para dezembro avançou para US$ 959,76/t, contra US$ 954,52/t do dia anterior; o óleo de linhaça permaneceu em US$ 927,50/t; o de soja, avançou para US$ 900,61/t, contra US$ 896,47/t do dia anterior; o óleo de girassol, para dezembro, recuou para US$ 860,00, contra US$ 865,00/t do dia anterior e o óleo de palma recuou forte para US$ 860,00, contra US$ 880,00/t do dia anterior.
A soja deve continuar lucrativa em 2020
Fizemos diversos comentários em 2019 sobre os possíveis efeitos do resultado do acordo entre EUA e China sobre os preços da soja. Todas as nossas previsões estão se confirmando. A principal delas é que, mesmo tendo potencial de reconduzir os preços ao seu leito natural de $ 10,50/bushel em Chicago, isto não deveria (deverá) acontecer de sopetão, mas muito lentamente, porque os chineses são os melhores comerciantes do mundo, sua principal virtude é a paciência e não tem nenhum interesse em fazer os preços saltarem de um momento para outro.
Para isto, usam alternativamente compras nos EUA e na América do Sul com períodos em que ficam fora de mercado para esfriar a pressão
sobre os preços.
A segunda conclusão é que os preços no Brasil não devem baixar dos atuais R$ 75,00/80,00 para os agricultores nos três estados do Sul ou seus equivalentes nos demais estados, justamente devido a esta manutenção da demanda chinesa, até porque os EUA não tem produção suficiente para atender a China sozinho.
Com isto, mantemos nossa perspectiva de lucratividade ao redor de 23,8% sobre os todos os custos de produção estimados pelo Deral, atualizados em novembro de 2019, e comparados com os preços pagos ao agricultor em Ponta Grossa e outros pontos do país, o que é significativo em qualquer ramo da economia.
Esta lucratividade deverá se manter até 2023, quando entrar em vigor um aumento de mais 5%, para 15% o uso de óleo de soja na produção de biodiesel no Brasil, passando, então, a ser uma incógnita, uma vez que os preços dependerão de leilões governamentais, embora os líderes do setor estejam bem animados com esta possibilidade. Vide tabela no final deste boletim sobre o uso atual.
Os três principais grãos deverão ser bem lucrativos em 2020
Os analistas da T&F Agroeconômica detectaram lucros significativos para os três principais grãos produzidos no país, depois de pagos todos os custos de produção. Para a soja, a lucratividade média está prevista em 23,8%. Para o milho, os lucros da primeira safra (de verão) estão previstos em 27,27% no comparativo simples de custo/preço de venda por saca, mas depende muito da produtividade de cada lavoura.
Já para o milho safrinha, a lucratividade está por enquanto reduzida, ao redor de 7,14%, o que significa que os preços precisarão subir mais para aumentar a lucratividade, embora ela não esteja ruim, porque também depende da produtividade de cada lavoura.
Com relação ao trigo, o comparativo entre os custos variáveis de produção e os atuais preços pagos aos agricultores no Paraná estão, neste momento, em 6,67%, o que é uma grande lucratividade, quando se sabe que até 10% de prejuízo ainda é viável, porque eleva nesta proporção a produtividade da soja.
Fonte: T&F Agroeconômica