Os preços do arroz em casca reagiram em junho, impulsionados pelas maiores demandas interna e externa. As cotações, inclusive, recuperaram parte das perdas registradas nos dois meses anteriores e voltaram aos patamares nominais observados na primeira dezena de abril.
Com isso, ao contrário do registrado em 2021, os valores do arroz em casca e do beneficiado no atacado apresentam alta na primeira metade do ano. O Indicador CEPEA/IRGA-RS (58% de grãos inteiros e pagamento à vista) avançou 3,76% no acumulado de junho.
A média mensal foi de R$ 72,66/sc de 50 kg, sendo 2,54% superior que a de maio/22. Na parcial do ano, o Indicador acumula elevação de 19,01%. Ao se considerar as médias mensais, a valorização é de 16,3% em relação a dez/21. Um aspecto relevante é analisar as variações de preços desde janeiro/20, ou seja, durante o período de pandemia.
De janeiro/20 a junho/22, os preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul (Indicador CEPEA/IRGA) acumulam aumento nominal de 51,69%. Ao se considerar os valores do arroz
beneficiado, a alta nominal foi de 65,2% até maio/22 (neste caso, ainda não há dados disponíveis para junho/22), segundo o Irga.
Agora, ao se considerar os preços no varejo, pelo IPCA e pelo IPCA-15, as elevações são de 50,1% até maio/22 e de 48,6% até meados de junho/22, respectivamente. Assim, apesar das defasagens de ajustamento, as variações ao produtor e ao varejo são praticamente equivalentes, havendo descasamento apenas dos preços do beneficiado no atacado.
MOVIMENTAÇÃO DE MERCADO – Ao longo de junho, tradings seguiram ativas, buscando lotes de arroz para atender aos contratos de exportação, atraídas pela valorização do dólar frente ao Real. Em junho/22, a moeda norte-americana foi cotada em R$ 5,05, sendo 2,2% superior à de maio/22.
Indústrias brasileiras aumentaram suas ofertas para lotes de arroz posto/depositado e “a retirar” nas propriedades rurais, no intuito de repor estoques do casca e cumprir com os pedidos de atacadistas/varejistas dos grandes centros consumidores. No entanto, a competição com o preço do beneficiado de outras localidades, inclusive do importado, limitou os fechamentos, trazendo cautela para as ofertas de compra do casca.
Do lado vendedor, parte dos orizicultores disponibilizou seus lotes de casca de acordo com a necessidade de “fazer caixa”. No geral, a disparidade entre os preços seguiu crescente em relação aos oferecidos por compradores nacionais, o que fez com que orizicultores se interessassem mais em negociar com o mercado internacional.
Apesar de a média semestral deste ano ser a segunda maior para o período, em termos nominais, desde 2005, quando a série do Cepea para esse produto se iniciou, o cenário é de preocupação para o setor produtivo. Os custos de produção se elevaram, assim como os preços de produtos concorrentes em área, o que gera perda de competitividade para a orizicultura.
SECEX – Em junho/22, as importações totalizaram 104,73 mil toneladas, volume 1,6% acima do registrado em maio/22 e 22,6% maior que o de junho/21. Já as exportações somaram 131,25 mil toneladas, mais que triplicaram em relação ao volume do mês anterior e ficaram 87% acima do mesmo período de 2021.
Fonte: Cepea