Os negócios no mercado brasileiro de trigo seguem ocorrendo de maneira pontual. Segundo o analista de Safras & Mercado, Elcio Bento, apenas quando uma das pontas se mostra mais flexível.
Os preços da safra velha já apresentam elevações de aproximadamente 10% em relação ao mesmo período do ano passado. No Paraná, os moinhos com necessidade de aquisições imediatas pagam ainda mais caro. Na Argentina, as cotações estão pelo menos 35% mais altas ante um ano atrás. E o impacto disso é sentido no Brasil, que tem necessidade de importação.
As enchentes no Rio Grande do Sul devem ter impacto sobre a moagem. A Safras News conversou com representantes de moinhos gaúchos que relataram dificuldades no recebimento do grão importado da Argentina, bem como no escoamento da farinha produzida.
Conforme Elcio Bento, nos três meses que restam até o fim da temporada 2023/24, a necessidade de importação deve ser recorde para que os estoques de passagem não sejam muito apertados. O Brasil já vinha, ao longo da safra, com necessidade de importação de trigo após a quebra do ano passado.
Enquanto isso, os preços internacionais do cereal seguem subindo. Em Chicago, na comparação com um mês atrás, os preços estão quase 23% mais altos. Apenas na última semana, os contratos já subiram mais de 2%.
No Rio Grande do Sul, os técnicos ainda fazem os levantamentos das perdas ocorridas na soja, mas já projetam os impactos disso sobre o plantio de trigo para a próxima safra. Todas as análises apontam para uma redução de área levando em conta, principalmente, os altos custos de produção. Em algumas regiões, o investimento para uma produção de alto rendimento pode chegar a 90% do potencial produtivo.
A menor cobertura do Proagro em caso de eventos climáticos também é um fator que desestimula o cultivo do cereal de inverno, uma vez que há previsões de geadas durante a fase produtiva nas principais regiões produtoras. Além do menor investimento, os danos no solo provocados pela erosão também podem comprometer a produtividade na próxima safra.
O analista de Safras & Mercado, Elcio Bento, no entanto, mantém algum otimismo: a janela para o plantio no Rio Grande do Sul ainda é significativa e a elevação dos preços pode representar um incentivo para que o produtor não reduza tanto a área em meio às condições adversas.
Autor/Fonte: Gabriel Nascimento / Safras News