A escassez de oferta e interna e o alto custo do trigo importado resultaram em altas expressivas nos preços domésticos. No Paraná, os últimos negócios foram reportados a R$ 2.200/tonelada, porém, com baixo volume de oferta. Na região de Ponta Grossa, os moinhos chegaram a indicar interesse de compra a R$ 2.350/tonelada nesta quinta-feira e não encontraram vendedores.

Os produtores com lotes remanescentes da safra velha elevaram as pedidas para R$ 2.500/tonelada. A paridade de importação em relação ao trigo argentino está em R$ 2.330/t. Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, isso mostra que o mercado, dada a escassez de oferta interna, está se ajustando a essa referência externa.

No Rio Grande do Sul os lotes remanescentes da safra velha são baixos – devido aos bons volumes exportados – e também apresentaram valorização expressiva. Os reportes de negócios oscilam entre R$ 2.150 e R$ 2.200 a tonelada dependendo da localização. “Os moinhos que não têm necessidades de aquisições imediatas seguem reticentes em aceitar os níveis pedidos. Na outra ponta os produtores seguem inflexível nas pedidas”, disse.

Cenário global

No início desta semana, Bento concedeu entrevista à SAFRAS TV e explicou os movimentos do mercado. “Costumo dizer que os agentes no Brasil são passageiros de um trem argentino, que anda sobre os trilhos das bolsas norte-americanas. Estas, por sua vez, dependem do relevo do mercado internacional”.

O mercado já vinha movimentos de alta desde o ano passado, com a pandemia e com quebras em importantes exportadores, e disparou com a guerra na Ucrânia. A partir daí, os eventos foram precificados e o mercado passou a trabalhar com os fundamentos da safra 2022/23.

“A próxima safra da Ucrânia deve ser menor, devido à guerra. A China pode ter que importar devido à redução de sua produção. A Índia deve produzir menos devido ao clima adverso e suspendeu suas exportações. Os Estados Unidos já vêm de uma safra pequena e atualmente cerca de 40% das lavouras de inverno estão ruins ou muito ruins. Uma acomodação imediata dos preços só aconteceria com um eventual fim da guerra, o que, agora, parece pouco provável”, disse.

Fonte: Agência SAFRAS

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