As cotações do milho, em Chicago, igualmente apresentaram um viés de baixa nesta semana, com o bushel do cereal fechando a quinta-feira (20) em US$ 6,84, contra US$ 6,97 uma semana antes.
Dito isso, a colheita do milho, nos EUA, até o dia 16/10, atingia a 45% da área semeada, contra 40% na média histórica. Por outro lado, do cereal a ser colhido, 21% apresentava condições entre ruins a muito ruins, 26% regulares e 53% entre boas a muito boas.
Por sua vez, as vendas externas de milho estadunidense, na semana encerrada em 06/10, atingiram a 200.200 toneladas, ficando abaixo das expectativas do mercado. Em todo o atual ano comercial dos EUA o país exportou, até o momento, 13,3 milhões de toneladas de milho, contra 27 milhões no mesmo período do ano anterior. O USDA estima exportar um total anual de 54,6 milhões de toneladas do cereal. O fato é que o milho estadunidense está muito caro, enquanto a China se mantém ausente do mercado pelo lado comprador.
De forma geral, existem preocupações quanto aos preços internacionais do milho, os quais podem se elevar nos próximos meses diante da redução da safra dos EUA; da continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia; e de uma produção menor na Argentina em função de problemas climáticos. Este aperto na oferta poderá durar até maio do próximo ano, segundo alguns analistas (cf. hEDGEpoint Global Markets).
No que diz respeito à Argentina, o plantio de milho local está sendo o mais lento dos últimos seis anos, devido a seca prolongada, lembrando que o vizinho país é o terceiro maior exportador de milho do mundo. Segundo a Bolsa de Rosário, o milho plantado precocemente representaria apenas 10% do total do ciclo 2022/23, nas principais áreas de produção. Esse seria o nível mais baixo em uma década. A Bolsa, atualmente, prevê uma produção de milho, em 2022/23, de 56 milhões de toneladas na Argentina, acima dos 51 milhões de toneladas atingidos pela seca no ano anterior, embora o número desta temporada provavelmente seja revisado para baixo devido ao atual clima seco. Até meados de outubro os agricultores argentinos plantaram 1,6 milhão de hectares com milho, abaixo dos 2,8 milhões de hectares plantados no mesmo período do ano passado.
E aqui no Brasil os preços do cereal se sustentam nos níveis das últimas semanas, com alguma recuperação pontual, graças as importantes exportações do país. Assim, a média gaúcha, no balcão, fechou a semana em R$ 84,00/saco, enquanto nas demais praças nacionais os valores se mantiveram entre R$ 65,00 e R$ 85,00/saco. Já na B3, o fechamento desta quarta-feira (19) registrou o contrato de novembro/22 cotado a R$ 87,30/saco; o janeiro/23 a R$ 92,15; o março/23 a R$ 95,40; e o maio/23 ficou em R$ 94,03/saco.
Dito isso, o plantio do milho de verão no Centro-Sul brasileiro atingiu a 38,9% da área esperada, em 14/10, contra a média histórica de 42,3% para esta data (cf. Datagro).
Pelo lado das exportações, nos 8 primeiros meses do ano de 2022 as mesmas atingiram a quase 18 milhões de toneladas, contra 10 milhões em igual período de 2021. Neste contexto, o milho nacional vem vivendo uma realidade positiva, sendo que as exportações de agosto superaram em 81,8% àquelas realizadas em julho do corrente ano (cf. Abramilho).
Por sua vez, segundo a Conab, a produção total brasileira de milho deverá crescer de 112 milhões de toneladas no ano passado, para quase 127 milhões no corrente ano comercial. O aumento da produção se deve ao incremento da 1ª safra, saindo de 25 para 28,6 milhões de toneladas, e um recorde de produção da 2ª safra, que sobe de 85,6 para 96,2 milhões, ou seja, um aumento de 12,4%. A 3ª safra terá um pequeno recuo de 2,1 milhões para 1,9 milhões de toneladas. Assim, a segunda safra brasileira, popularmente conhecida como safrinha, representa 80% do total produzido em milho no país. Em termos estaduais, a previsão de incremento é de 7,2% em Mato Grosso, subindo de 41,6 para 44,6 milhões de toneladas; 17,2% no Paraná, subindo de 16,4 para 19,2 milhões; 33,3% em Goiás, subindo de 9,7 para 12,9 milhões; 18,4% em Minas Gerais, subindo de 7,6 para 9,0 milhões e de 99% no Rio Grande do Sul, subindo de 2,9 para 5,7 milhões de toneladas. Já o Estado do Mato Grosso do Sul terá uma redução de 8,7%, caindo de 12,1 milhões para 11,1 milhões de toneladas.
Especificamente no Paraná, até o início da presente semana, 78% da área de milho de verão havia sido semeada. O plantio enfrenta dificuldades naquele Estado devido ao excesso de chuvas e frio fora de época. As chuvas, inclusive, têm causado erosões em áreas da região Noroeste paranaense. De forma geral, o desenvolvimento das lavouras de milho paranaenses segue em ritmo lento. Há relatos de que o crescimento das plantas está atrasado devido à baixa temperatura e à pouca luminosidade.
Pelo lado das exportações, nos primeiros nove dias úteis de outubro o Brasil exportou 3,2 milhões de toneladas de milho, ultrapassando em 81% o volume total exportado em todo o mês de outubro de 2021. Entre fevereiro (início do ano comercial brasileiro para o milho) e setembro de 2022 o Brasil já exportou 22 milhões de toneladas.
Considerando que se espera vendas ao redor de 6 milhões de toneladas, em outubro, (a Anec espera 7,2 milhões de toneladas) o total chegaria a 28 milhões, de um total de 40 milhões estimados pelo mercado para todo o ano comercial. Diante do exposto, a recomendação, aqui, é que também o produtor brasileiro faça média de comercialização. Enfim, o preço obtido pela tonelada exportada estava em US$ 288,00, com alta de 36,2% sobre a média do ano passado (cf. Secex).
A projeção, feita pela Anec, para o período de janeiro a outubro ficou em 32,8 milhões de toneladas de milho exportado, contra 20,6 milhões de toneladas em todo o ano de 2021, quando a produção quebrou por conta da seca e geadas.
Enquanto isso, o Brasil importou 175.677 toneladas de milho nos nove primeiros dias úteis de outubro. Isso significa que o país recebeu 34,9% do total de milho importado em outubro de 2021. Enfim, o preço pago pela tonelada importada recuou 6%, atingindo a US$ 224,20.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).