Walder Antônio Gomes de Albuquerque Nunes, pesquisador chefe adjunto de P&D da Embrapa Agropecuária Oeste, fez a abertura do 2º Seminário do 6º Ciclo de Seminários do Cana MS 2021 no dia 9 de setembro. e informou aos participantes que serão três Seminários no total. O último será em novembro e já está sendo elaborado “A Embrapa tem um grande apreço por este evento, já bastante consolidado junto ao setor, sempre com parceiros muito relevantes de dentro e de fora do estado de MS”, disse Nunes. Ele falou ainda na importância das parcerias para o foco na entrega das pesquisas.
O 2º Seminário pode ser assistido na íntegra por este link: https://youtu.be/FcWS_dDm5xI
O evento é uma realização da Embrapa Agropecuária Oeste e conta com a organização da TCH Gestão Agrícola. Teve os seguintes apoios: Biosul, Sulcanas, Coplacana, Athenas Consultoria Agrícola e Laboratórios, Adecoagro. Os moderadores do 2º Seminário foram: Aldair dos Santos Rodrigues, consultor técnico e sócio administrador da TCH Gestão Agrícola, e Márcio Akira Ito, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste.
A primeira palestra foi sobre “Consumo hídrico da cana-de-açúcar”, apresentada pelo pesquisador Danilton Luiz Flumignan, da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS). Segundo ele, vários fatores determinam a produtividade das culturas. Dentre eles, o clima é fator chave, sendo a água o fator que mais impacta a produtividade. “Em Mato Grosso do Sul a gente tem incertezas com relação a dinâmica das chuvas. A cana está em um ambiente um pouco restrito, não no total de água no ano, mas sim na dinâmica das chuvas. Como ela é uma planta de metabolismo fotossintético do tipo C4, ela responde fortemente à disponibilidade dos fatores temperatura, radiação solar, CO2 e, principalmente, água”, disse.
O adequado manejo dos sistemas de produção é capaz até de contornar as dificuldades relacionadas à água, quando se faz sistemas de produção que reduzem a evaporação da água do solo e/ou que favorecem o aprofundamento do sistema radicular.
Existem estudos que demonstram que se a disponibilidade de água no sistema de produção de cana for alta, a produtividade é alta e se a disponibilidade for baixa, a produtividade da cana é baixa, respondendo à escassez hídrica.
Lisímetros de pesagem
São equipamentos usados nas pesquisas de campo para medir as taxas de evapotranspiração (ET), ou seja, o consumo de água das culturas agrícolas.
“Monitorando o consumo hídrico conseguimos determinar os valores de Kc, o chamado coeficiente de cultivo. Com ele é possível realizar o zoneamento agrícola de risco climático (ZARC), realizar irrigação e estimar a produtividade de canaviais”, afirma o pesquisador.
A Embrapa Agropecuária Oeste realizou estudo sobre o consumo hídrico da cana-de-açúcar. Ela leva, aproximadamente, 100 dias para chegar na fase de máxima demanda hídrica. Isso converge com a quantidade de área foliar, ou seja, o porte das plantas. Um canavial irrigado com 80 dias desde o plantio cobre somente 25% do solo com sua vegetação, mas 80% dessa cobertura é atingida já aos 140 dias.
Outra palestra da Embrapa Agropecuária Oeste foi do pesquisador Cesar José da Silva, sobre “Preparo com perfil ou reduzido? Resultados do TCH em ambientes restritivos”.
Segundo Cesar Silva, é necessário ter a visão dentro de um planejamento de áreas de expansão e renovação de diversas etapas e fases dos sistemas de produção da cana. Último levantamento: 70% das áreas de renovação dos canaviais na região sul do MS é cana sobre cana.
Associação de práticas do preparo mecânico e culturais visando à melhoria dos ambientes. No caso de expansão do canavial em áreas de pastagens degradadas, a maioria segue o preparo e a correção química, e entra a cana no primeiro ciclo. “É importante observar que para ambientes restritivos para sistemas conservacionistas tem que haver sistemas mais complexos que combinam diferentes práticas: entre elas físicas e culturais”.
Os primeiros trabalhos da Embrapa em Dourados foram com cana cultivada em área onde havia pastagens ou lavouras de grãos em ambientes considerados A e B para produção de cana. Ele mostrou os resultados de três sistemas que foram conduzidos em Dourados, MS: Sistema de Preparo Convencional (SPC): dessecação, grade aradora, corretivos de solo, grade intermediária, subsolador, grade intermediária, grade niveladora, soja, cana. Sistema Plantio Direto (SPD): dessecação, corretivos de solo, soja, cana. Duplo Sistema Preparo Convencional (DSPC): SPC + grade intermediária pós-soja.
Um dos critérios para tomada de decisão sobre qual sistema adotar apontado pelo pesquisador foi o químico. Ele citou que, após o 2º corte da cana no ano de 2015 e após o 4º corte em 2017, o Sistema Plantio Direto e o Sistema de Preparo Convencional quase não apresentaram diferença na quantidade de alumínio, teores de cálcio, magnésio, fósforo e a saturação por bases apresentaram-se dentro da faixa adequada, até pelo menos 20 cm de profundidade no perfil.
Histórico de produtividade nessa área. O experimento foi monitorado até cinco cortes. Não havendo diferença entre os três sistemas. Outro exemplo da viabilidade de sistemas conservacionista para cana-de-açúcar em solos corrigidos apresentado foi em Pitangueiras, SP, onde a produtividade da cana em SPD foi de 98 Mg ha-1 enquanto do SPC foi de 89 Mg ha-1. Houve aumento de 9% da produtividade com o Plantio Direto, redução do custo de produção da soja em 24% e redução de 10% no custo de produção da cana-de-açúcar. Solo tradicional de cana, corrigido e muito provavelmente sem restrições químicas, físicas e biológicas.
Já os experimentos conduzidos em Caarapó e Angélica foram implantados em ambientes restritivos, que são área de expansão sobre pastagem degradada, solos arenosos, com baixa capacidade de retenção de água, baixa fertilidade, problema com alumínio tóxico, entre outros. Ainda se observa limitação química ao longo do perfil nessas áreas nos primeiros anos, entregando produtividades baixas aquém do potencial da região.
Soja e cana
A melhoria do ambiente antes do plantio, com uso de corretivos do solo incorporados no perfil com arado de aivecas, realizar o plantio de plantas de cobertura e adubação verde para cobertura com palhada e estruturação desse solo com diferentes sistemas radiculares, posicionamento adequado das cultivares, resultam em ganho na produtividade da soja e na cana.
Produtividade da soja e da cana após consórcio entre gramíneas e leguminosas com doses de fosfato: as crotalárias produzem massa verde, controlam nematoides e fixa o nitrogênio – baixa persistência da cobertura; a urochloa possui alta produção de massa e alta relação C/N (persistência); o consórcio alia benefício das duas espécies.
Segundo Silva, para adotar sistemas conservacionistas deve haver envolvimento de todos da equipe: gerência, planejamento, colheita, preparo do solo, plantio e tratos culturais, grãos e diretoria.
Ao definir o tipo de preparo do solo, deve-se obedecer a critérios técnicos como análise química, física e biológica do solo e problemas fitossanitários, como bicudo-da-cana, risco de erosão e época em que vai realizar o preparo. Em situações onde há necessidade de preparo convencional, agregar ao sistema de manejo do solo a implantação de plantas de cobertura imediatamente após o preparo para promover a cobertura, estruturação do solo, evitar a erosão e obter aumento no TCH.
Mais palestras
Outras duas palestras foram “Preparo de solo em faixas sob dois sistemas e seus efeitos no solo, máquina e planta”, por Gustavo Naves dos Reis, gerente regional de manutenção automotiva do Grupo Adecoagro, no Vale do Ivinhema. E “Considerações sobre o preparo de solos e sistematização, buscando maximizar a longevidade do canavial “, por Marcos Malerba Fernandes, da Athenas Consultoria Agrícola e Laboratório (Jaboticabal, SP).
Para assisti-las, é só clicar em https://youtu.be/FcWS_dDm5xI
Fonte: Embrapa Agropecuária Oeste
Foto de capa: Cesar José da Silva – Embrapa Agropecuária Oeste