O recorde de produção da safra brasileira de grãos, estimada em mais de 255 milhões de toneladas, sendo o milho responsável por quase 103 milhões de toneladas desse volume total, tem mostrado a alta eficiência produtiva e tecnológica dos agricultores. “Objetivamente, esta agenda positiva representa para o Brasil a produtividade e a alta eficiência de desempenho de sistemas agrícolas complexos, fundamentados em inteligência, ciência e dados”, reforça Frederico Ozanan Machado Durães, chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo.
Nesse contexto de uma agricultura competitiva e tecnificada, buscar o acerto em todas as etapas produtivas é fundamental para se alcançar recordes em produção e produtividade. Na cultura do milho, o problema de falhas na granação das espigas tem sido recorrente e significativo em muitas lavouras. Segundo o pesquisador Paulo César Magalhães, da área de Fisiologia Vegetal, a má formação dos grãos acarreta quedas consideráveis de produção, sendo ocasionada por causas genéticas, bióticas, abióticas e “outros fatores”, como denomina o pesquisador.
Dessa forma, a Embrapa Milho e Sorgo produziu um vídeo com o pesquisador para que os produtores conheçam, diagnostiquem e controlem o problema. Na entrevista a seguir, saiba um pouco mais sobre o tema, as formas como o problema pode aparecer e a importância de se seguir todas as recomendações agronômicas antes, durante e após o plantio. Fatores que comprometem a eficiência produtiva, como o estresse hídrico, os ataques de pragas e o manejo cultural, podem comprometer ainda mais a formação dos grãos na espiga, prejudicando de forma acentuada a produção e a produtividade.
Entrevista – Pesquisador Paulo César Magalhães
O problema de falhas na granação das espigas de milho é recorrente e significativo entre as cultivares modernas de milho comercializadas no mercado?
Sim, é recorrente e significativo. Acontece muito com alguns híbridos comercializados no mercado; logicamente não são todos, pois para acontecer (o problema da má granação) é preciso que situações especiais ocorram – como as citadas no vídeo.
Em média, atinge qual porcentagem das cultivares? Há mais incidência entre algum tipo específico (variedade, híbridos simples, duplos ou triplos)?
Difícil precisar a porcentagem, pois como mencionei é preciso condições especiais (citadas no vídeo) para o problema ocorrer. Acontece com todos os materiais (HS, HD, HT, etc.). Assim, vai depender de híbrido utilizado, época de semeadura, presença de pragas, déficit hídrico, etc.
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Quais as quedas na produção e produtividade causadas por esse problema?
As quedas normalmente são significativas e serão tanto maiores quanto for a gravidade do problema (situações especiais). Ou seja, se for a incidência de uma praga, por exemplo, vai depender do grau de infestação, e assim por diante…
Sobre os fatores bióticos, há alguma praga que possa ser considerada como mais agravante do problema? Seria a lagarta-da-espiga?
Tanto a lagarta como a mosca-das-espigas são pragas muito importantes. De acordo com o pesquisador Ivan Cruz, da área de Entomologia, ambas são muito danosas. Às vezes, a mosca é negligenciada, porém, de acordo com ele, pode ser tão grave quanto a lagarta.
Em relação aos fatores abióticos, a Embrapa possui cultivares com mais tolerância ao estresse hídrico ou com maior performance e resistência a essa condição?
Tenho trabalhado bastante com o híbrido simples BRS 1055 e ele tem uma performance muito boa sob estresse hídrico. A cultivar da Embrapa BRS 1055 é minha referencia para tolerância ao estresse hídrico.
Sobre a questão “outros fatores”, a falta de sincronização floral entre a parte masculina e a feminina pode ser corrigida com o plantio de quais materiais? Somado a isso, quais as práticas de manejo recomendadas?
A questão da sincronização é agravada pelo estresse hídrico. Assim, cultivares tolerantes ao estresse hídrico não vão ter problemas com a sincronização. A época correta da semeadura é crucial para evitar esse problema, pois, dessa forma, evita que haja coincidência da ocorrência do estresse hídrico com o florescimento.
Assista ao vídeo no canal da Embrapa Milho e Sorgo no YouTube. Clique aqui.
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Fonte: Embrapa