A afirmação de que “uma boa lavoura começa com uma boa semente” é verdadeira. Conforme observado por Bruinsma et al. (2024) o uso de sementes de soja com danos, prejudica o desenvolvimento inicial e estabelecimento das plântulas de soja, uma vez que reduz o vigor das sementes.
Nesse sentido, o uso de sementes de qualidade, com bons atributos fisiológicos, genéticos, físicos e sanitários é essencial para o bom estabelecimento da lavoura e adequado estande de plantas. No entanto, posicionar as sementes de forma correta no solo é tão importante quanto utilizar sementes de qualidade.
Características como profundidade de semeadura, temperatura e umidade do solo, bem como a distribuição das sementes, devem ser analisados, e ajustados quando possível. De forma geral, as sementes de soja devem ser depositadas a uma profundidade de 3 cm a 5 cm (Balbinot Junior et al., 2020).
Semeaduras em profundidades maiores dificultam a emergência, principalmente em solos sujeitos ao selamento superficial e a alagamentos eventuais, em que a carência de oxigênio dificulta a emergência das plantas. Em oposto, semeaduras muito rasas aumentam as chances de desidratação das sementes ou das radículas e dos caulículos, principalmente em regiões quentes e sujeitas a veranicos (Balbinot Junior et al., 2020).
Além disso, considerando que um dos principais componentes de produtividade da soja é o número de plantas por área, a boa distribuição das sementes é fundamental para a obtenção de um estande adequado refletindo na produtividade. A má distribuição de sementes no solo é reflexo de diversos fatores, dentre eles, ajustes da semeadora e a velocidade de semeadura.
Conforma observado por Reynaldo et al. (2016), o aumento da velocidade de semeadura da soja interfere no numero de espaçamentos falhos, múltiplos (duplos) e aceitáveis, havendo uma redução da porcentagem de espaçamentos aceitáveis a medida em que há o aumento da velocidade de semeadura.
Veja mais: Sementes danificadas prejudicam o desenvolvimento inicial da soja?
Figura 1. Porcentagem de plantas em espaçamentos falhos, múltiplos e aceitáveis em diferentes velocidades de deslocamento da semeadora e sua análise de regressão.
Em suma, com relação a distribuição de sementes na semeadura, um espaçamento entre plantas pode ser considerado duplo (múltiplo) quando a distância entre as plantas é inferior a 50% do espaçamento entre plantas recomendado. Já um espaçamento entre plantas pode ser considerado falho quando superior a 1,5 vezes o espaçamento recomendado.
Ex. Espaçamento recomendado = 10cm, ou seja, 10 plantas por metro linear
Quando o espaçamento entre plantas foi inferior a 5 cm, tem-se uma “dupla”, já quando o espaçamento entre plantas for superior a 15 cm, tem-se uma “falha”.
O ideal é que o somatório entre falhas e duplas não ultrapasse 30% da distribuição de plantas.
Figura 2. Distribuição de sementes: espaçamentos falhos e duplos.
Nesse contexto, diversos fatores podem atuar como limitantes no estabelecimento da lavoura, afetando consequentemente a produtividade da soja. Pensando nisso a equipe Mais Soja preparou para você uma mentoria focada em sementes e no plantio da soja. A “Mentoria com Alexandre Gazolla: Sementes e plantio sem limitações” traz atualizações e resultados sobre as boas práticas de plantio, limitações, patógenos no estabelecimento e os desafios na implantação da lavoura. Clique no Banner abaixo e garanta sua vaga.
Referências:
BALBINOT JUNIOR, A. A. et al. INSTAÇÃO DA LAVOURA. Tecnologias de Produção de Soja, cap. 4, Embrapa Soja, Sistemas de Produção, n. 17, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 02/01/2023.
BRUINSMA, M. S. et al. DESENVOLVIMENTO INICIAL DE PLÂNTULAS DE SOJA COM DIFERENTES DANOS NAS SEMENTES. Embrapa Soja, 39° Reunião de Pesquisa da Soja, p. 176, 2024. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1165081 >, acesso em: 07/08/2024.
REYNALDO, É. F. et al. INFLUÊNCIA DA VELOCIDADE DE DESLOCAMENTO NA DISTRIBUIÇÃO DE SEMENTES E PRODUTIVIDADE DE SOJA. Engenharia na Agricultura, 2016. Disponível em: < https://periodicos.ufv.br/reveng/article/view/571/388 >, acesso em: 07/08/2024.