CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS OCORRIDAS RIO GRANDE DO SUL 27 DE OUTUBRO A 02 DE NOVEMBRO DE 2022

Nos últimos sete dias foram registrados volumes expressivos de chuva no RS. Na quinta-feira (27), a propagação de uma frente fria provocou chuva em todo Estado. Na sexta (28), o ingresso de uma massa de ar seco manteve o tempo firme em todas as regiões. Entre o sábado (29/10) e a terça-feira (01/11), o deslocamento de uma área de baixa pressão e de uma frente fria provocaram chuva em todo RS, com registro de temporais isolados e elevados volumes em alguns municípios. Na quarta-feira (02/11), o ingresso de uma massa de ar seco e frio afastou a instabilidade e favoreceu o declínio expressivo da temperatura, com valores de mínimas próximas de 0°C em algumas localidades e formação de geadas tardias em diversas regiões.

Os totais acumulados de precipitação foram significativos e oscilaram entre 25 e 45 mm na maioria das regiões. Em parte da Campanha, Serra do Sudeste, Região Metropolitana, Missões e Alto Uruguai os volumes oscilaram entre 50 e 65 mm e superaram 70 em vários municípios. Os totais mais elevados observados na rede de estações SIMAGRO/INMET ocorreram em Ibirubá (61 mm), Porto Alegre e São Luiz Gonzaga (64 mm), Caçapava do Sul (65 mm), Canguçu (70 mm), Palmeira das Missões (71 mm), Campo Bom e Canela (81 mm) e Frederico Westphalen (84 mm).

A temperatura máxima ocorreu em Capão do Leão/Pelotas (34,7°C) no dia 26/10 e a mínima foi registrada no dia 02/11 em Getúlio Vargas e São José dos Ausentes (0,3°C).

DESTAQUES DA SEMANA

A cultura de trigo apresenta excelente potencial produtivo e evoluiu mais rapidamente para a finalização do ciclo. A maturação alcançou 62% das lavouras, e a colheita intensificou-se, especialmente na Região Oeste do Estado, alcançando 12% da área cultivada. Embora a evolução entre 24 e 30/10, o atraso aumentou em relação à média das últimas cinco safras, pois, nesta mesma época do ano, o índice de colheita superava 60%. Os fatores para essa demora foram a semeadura mais tardia e uma desuniformidade na maturação das lavouras. Na regional da Emater/RS-Ascar de Bagé, na região da Campanha, há apreensão causada pelos frequentes ventos fortes, embora ainda não tenham ocorrido relatos de perdas por acamamento de plantas. Na Fronteira Oeste, a colheita alcança 15%, com a produtividade oscilando entre 3.300 e 3.900 kg/ha e PH entre 78 e 82. Na região de Ijuí, a produtividade varia de 2.100 a 4.200 kg/ha. Nas lavouras com menor produtividade, houve danos ocasionados pelas geadas, doenças e concorrência com invasoras, que comprometeram o rendimento. A produtividade tende a aumentar, pois as lavouras remanescentes apresentam melhores condições. Na região de Porto Alegre, em Sertão Santana, houve queda de granizo e ventos fortes em parte das lavouras, causando danos de 30% e perda total em pequena área.

A cultura da canola já foi 53% colhida na região de Santa Rosa. A produtividade é variável. Plantios do cedo têm menores rendimentos, e alguns foram afetados por geadas; já nas lavouras mais tardias, o rendimento aumenta por apresentarem maior porte de plantas e maior número de síliquas por planta e de grãos por síliqua. Com isso, a produtividade obtida variou de 840 a 2.580kg/ha.

Na região de Frederico Westphalen, 32% das lavouras de cevada estão em enchimento de grãos e 46% em maturação. A colheita alcançou 22% da área, e o rendimento é de 3.020 kg/ha. A produtividade e a qualidade dos grãos são consideradas apropriadas.

A área projetada para a safra de soja é de 6.568.607 hectares para safra 2022/2023. A semeadura ainda está em fase inicial, pois os produtores se concentram na finalização da colheita de cereais de inverno, mas que está em atraso quando comparada outros anos. A semeadura deve se intensificar somente após a desocupação das áreas e após a superação da sequência de dias frios previstos para o início do mês de novembro. Os produtores também estão mais cautelosos neste início de plantio com a possibilidade de diminuição nas chuvas, que podem comprometer a emergência e a população de plantas. Na região de Bagé, na Fronteira Oeste, os trabalhos de dessecação foram dificultados devido aos ventos fortes constantes, sobretudo quando houve necessidade de aplicação de herbicidas hormonais.

A semeadura de milho apresentou evolução lenta, alcançando 76% no dia 30/10. As lavouras já estabelecidas apresentam ótimo desenvolvimento e iniciaram o processo reprodutivo. As temperaturas mais elevadas durante o dia e as noites amenas favorecem o acúmulo de fotoassimilados, possibilitando um incremento de matéria seca nas plantas. Nas lavouras com semeadura mais tardia, os produtores realizaram adubações nitrogenadas em cobertura e controle de plantas invasoras. A operação já está encerrada nas lavouras mais antigas, que apresentam maior porte e que já iniciam o processo de floração.

Dentro do período preferencial dos produtores, o processo de semeadura de arroz avançou rapidamente, quando as condições de baixa umidade nos terrenos permitiram. O índice alcançou 77%. As chuvas registradas no período favoreceram diretamente as lavouras semeadas em solo seco, que ainda não concluíram a emergência por falta de umidade. A elevação das temperaturas foi importante nesse processo. Na região de Pelotas, devido às condições ótimas de implantação, a semeadura caminha para a finalização. A operação já foi concluída em 92% da área de intenção de cultivo. Na regional de Bagé, na Fronteira Oeste, a implantação aproxima-se de 85%. As precipitações permitiram a redução temporária do uso de água com banhos nas lavouras para germinação.

A cultura de feijão 1ª safra está em implantação. Houve melhora significativa no desenvolvimento das plantas entre 24 e 30/10, proporcionado pela elevação das temperaturas. A emissão de flores e vagens é considerada adequada. Houve aumento de incidência de pragas desfolhadoras, com destaque à vaquinha (Diabrotica speciosa), sendo intensificado o monitoramento e controle. Na região de Pelotas os produtores diminuíram o plantio pelos prognósticos de frio intenso no início de novembro. As temperaturas baixas poderão influenciar negativamente na germinação e nas lavouras já estabelecidas na produtividade e no aparecimento de doenças como antracnose.

Nas frutíferas, continua a colheita de citros tardios. A safra de morango é muito boa. A safra de pêssego está em andamento, com redução da safra na região de Pelotas. Oliveiras apresentam ótima frutificação. Videiras estão em floração e frutificação, com redução do potencial em algumas regiões.

PREVISÃO METEOROLÓGICA (03 A 06 DE NOVEMBRO DE 2022)

A próxima semana permanecerá com tempo seco e temperaturas amenas na maior parte do RS. Entre a quinta-feira (03) e o domingo (06), a presença de uma massa de ar frio e seco manterá o tempo firme em todo Estado, com temperaturas amenas e mínimas inferiores a 10°C em diversas localidades.

TENDÊNCIA (07 A 09 DE NOVEMBRO DE 2022)

Na segunda (07) e terça-feira (08), o tempo permanecerá seco na maioria das regiões e o ingresso de ar quente favorecerá a elevação das temperaturas, e somente nos setores Leste e Nordeste a circulação de umidade do mar para o continente provocará chuvas fracas e isoladas. Na quarta-feira (09), o tempo firme e quente vai seguir predominando, com temperaturas próximas de 30°C em diversas regiões.

Na maior parte do território do RS não deverá chover e somente no Litoral, Região Metropolitana e na Serra do Nordeste poderão ocorrer precipitações de fraca intensidade, onde os volumes deverão oscilar entre 5 e 10 mm na maioria das localidades, com valores próximos de 20 mm apenas no Litoral Norte.

Equipe técnica

  • Caio Fábio Stoffel Efrom – Diretor do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária
  • Flávio Varone – Meteorologista da SEAPDR
  • Alice Cristina Schwade Kleinschmitt – Extensionista Rural da Emater/RS
  • Neimar Damian Peroni – Extensionista Rural da Emater/RS
  • Ricardo Machado Barbosa – Extensionista Rural da Emater/RS

Fonte: Boletim Integrado Agrometeorológico N° 43/2022 – SEAPDR



 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.