Na cultura da soja, uma das espécies mais frequentes de besouro da família Chrysomelidae é a Diabrotica speciosa, conhecida popularmente como vaquinha, vaquinha-verde ou patriota.  A diabrotica é um inseto de hábito subterrâneo, muitas vezes passa despercebido, mas pode causar danos significativos às plantas (Sosa-Gómez et al., 2014).

Segundo Colpo et al. (2020), a vaquinha tem apresentado surtos populacionais, possivelmente devido a desequilíbrios ecológicos. Este inseto ataca principalmente as folhas mais jovens, mas também pode danificar brotos, flores e pólen. Além disso, as larvas podem afetar as raízes e reduzir a nodulação da soja, representando uma ameaça para a produtividade da cultura.

O adulto da D. speciosa apresenta cerca de 4,5 mm de comprimento, com coloração predominantemente verde e três manchas amarelas sobre os élitros, sendo a mancha basal mais longa e frequentemente avermelhada. Suas antenas são escuras, com os três primeiros segmentos basais mais claros, especialmente o escapo. A coloração da cabeça varia de pardo avermelhado a negro.

As larvas, quando totalmente desenvolvidas, atingem cerca de 10 mm de comprimento, têm coloração branca e, se alimentam das raízes das plantas. O ciclo de vida completo dura entre 24 e 40 dias, com a fase de ovo durando de 5 a 7 dias, a larva de 14 a 26 dias e a pupa de 5 a 7 dias. As pupas têm cerca de 5 mm de comprimento, são de cor branca e ficam protegidas em uma câmara pupal logo abaixo da superfície do solo (Medina et al., 2013).

Figura 1. Ciclo biológico de Diabrotica speciosa.
Fonte: Medina et al. (2013).

De acordo com Sosa-Gómez et al. (2014), os insetos adultos da diabrotica têm preferência por folhas e brotos mais tenros, ao se alimentarem  deixam pequenos orifícios, mas raramente causam desfolha significativa. Por outro lado, as larvas alimentam-se das raízes das plantas e o seu controle, normalmente, não é necessário.

Figura 2. Desfolha ocasionada por Diabrotica speciosa em soja.
Foto: Glauber Renato Stümer (2022).

No entanto, observou-se recentemente, nas últimas safras, mudanças nos hábitos alimentares desse inseto, resultando em danos que podem atingir até 20% nos legumes de soja. Esse potencial elevado de danos aos legumes representa uma preocupação devido ao impacto direto no rendimento de grãos da cultura (Stümer, 2022). Portanto, é fundamental realizar um monitoramento constante das áreas de cultivo com a presença dessa praga e implementar medidas preventivas, se necessário, para reduzir a população do inseto.

Figura 3. Danos de Diabrotica speciosa em soja.
Fotos: Glauber Renato Stümer (2022).

O controle da diabrotica requer uma abordagem integrada que envolve várias medidas aplicadas de forma integrada na lavoura. Inicialmente, é fundamental utilizar sementes de alta qualidade, preparar o solo adequadamente e eliminar plantas hospedeiras, sendo essas medidas que desempenham um papel crucial na redução da incidência da praga.

O uso de inseticidas é uma opção para o controle dessa praga, sendo que o tratamento de sementes atua de forma preventiva. Recomenda-se a aplicação de inseticidas quando a população da praga na lavoura atinge níveis que representam uma ameaça ao cultivo e podem resultar em perdas de produtividade. Além disso, outras medidas, como o uso de armadilhas, feromônios e controle biológico, também são utilizados no manejo da vaquinha.


Veja mais: Cigarrinha Dalbulus maidis e os enfezamentos do milho



Referências:

COLPO, T. L. et al. CONTROLE DE PRAGAS EM SOJA. Revista Cultivar, Grandes Culturas, 204. Disponível em: < https://revistacultivar.com.br/artigos/controle-de-pragas-em-soja >, acesso em: 29/02/2024.

MEDINA, L. B. et al. BIOECOLOGIA DE Diabrotica speciosa (GERMAR, 1824) (COLEOPTERA: CHRYSOMELIDAE) VISANDO FORNECER SUBSÍDIOS PARA ESTUDOS DE CRIAÇÃO EM DIETA ARTIFICIAL. Embrapa Clima Temperado, documentos, 375. Pelotas – RS, 2013. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/999017/1/documento375webIncluido.pdf >, acesso em: 29/02/2024.

SOSA-GÓMEZ, D. R. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE INSETOS E OUTROS INVERTEBRADOS DA CULTURA DA SOJA. Embrapa Soja, documentos, 269. Londrina – PR, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105924/1/Doc269-OL.pdf >, acesso em: 29/02/2024.

STÜMER, GLAUBER. DANOS EM VAGAS OCASINADOS POR VAQUINHAS NA CULTURA DA SOJA. Rede Técnica Cooperativa, 2022. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=DS_6up4Texs >, acesso em: 29/02/2024.

Foto capa: Paulo Roberto Valle da Silva Pereira

Acompanhe nosso site, siga nossas mídias sociais (SiteFacebookInstagramLinkedinCanal no YouTube)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.