Ter conhecimento de quanto sua lavoura pode produzir é de suma importância, mas também, é imprescindível identificar quais são os fatores que estão acarretando a perda de produtividade de seu cultivo. Assim, analisando as práticas de manejo de 349 lavouras, durante três anos agrícolas (2016-2019), identificou-se variáveis que explicam as lacunas de produtividade do Rio Grande do Sul.
Ao gerar uma árvore de regressão a fim de pontuar os fatores, foi dividida em níveis de produtividade (alta e baixa), sendo que cinco variáveis explicaram 61% das altas produtividades e 22% das baixas produtividades (Figura 6.2.1.1). Essas variáveis foram: (i) data de semeadura, (ii) densidade final de plantas, (iii) número de aplicação de fungicidas, (iv) grupo de maturação das cultivares e (v) adubação de base.
A data de semeadura foi a variável mais importante para explicar a variação em ambos os níveis de produtividade, sendo a variável de maior importância. Em épocas de semeadura mais precoce (< 23/10), as maiores produtividades (4,6 ton ha-1) foram em função do uso de cultivares com GMR precoce (5.8), que, apresentaram maior coeficiente fototérmico, resultando em maiores produtividades (Figura 6.2.1.1 A) (Zanon et al., 2016).
Já para as semeaduras realizadas após 23/10, altas produtividades (4,4 ton ha-1) foram encontradas em lavouras que tiveram a maior quantidade de adubação de base aplicada (> 295 kg ha-1) e realizaram de 3 a 5 aplicações de fungicida, evitando a redução de 5,5 % da produtividade em relação às lavouras que utilizam a mesma adubação na base, mas tiveram menor número de aplicações de fungicidas (1 a 2 aplicações).
O maior número de aplicações de fungicida possibilitou a maior proteção da cultura às doenças, principalmente a Phakopsora pachyrhizi (ferrugem asiática). Nas lavouras onde a adubação de base foi menor que 295 kg ha-1, a densidade final de plantas foi primordial, onde as altas produtividades (4,3 ton ha-1) foram reportadas em lavouras com densidades maiores que 233 mil plantas ha-1.
Nas lavouras de baixas produtividades (Figura 6.2.1.1 B), a data de semeadura também foi o principal fator limitante. No entanto, as maiores produtividades (3,0 ton ha-1) são encontradas em semeaduras até o final de novembro (antes de 26/11), utilizando GMR < 6.2 e com 3 a 5 aplicações de fungicida, sendo a produtividade 12% maior em relação às lavouras com 1 ou 2 aplicações de fungicida e 19% maior que as com cultivares de GMR ≥ 6.2.
Nesse sentido, a data de semeadura e o GMR utilizado interferem na obtenção de altas produtividades, visto que, as maiores produtividades foram encontradas em semeaduras realizadas no início do período recomendado (outubro e novembro) e em cultivares com GMRs mais precoces.
Nas lavouras semeadas em dezembro (após 26/11), o fator que apresentou maior importância foi à densidade final de plantas, sendo que as maiores produtividades foram encontradas nas densidades mais elevadas (> 233 mil plantas ha-1). Nessa época de semeadura (tardia) tem-se a redução na fase vegetativa e no índice de área foliar, onde maiores densidades de planta proporcionam uma maior interceptação da radiação solar e consequentemente maiores produtividades.
Desse modo, a partir da identificação de quais fatores provocam perdas de produtividades na sua lavoura é possível buscar por estratégias específicas para aumentar a produtividade de cada local, possibilitando que os agricultores selecionem práticas que melhoram a lucratividade e a sustentabilidade da atividade agrícola (Water et al., 2015; Di Mauro et al., 2018; Agus et al., 2019; Deng et al., 2019).
Referências Bibliográficas
ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES / EDUARDO LAGO TAGLIAPIETRA… [ET AL.]. 2. ED. SANTA MARIA: [S. N.], 2022.