Calcário: ferramenta essencial para a produção agrícola e aumento da produtividade no campo. O calcário é o corretivo mais utilizado para a correção da acidez do solo, sendo o calcário dolomítico e o calcário calcítico as principais formas do corretivo.
Mas o que é acidez do solo e quais os prejuízos que trazem ao sistema de produção?
Um ácido é uma substancia capas de liberar íons H+, a acidez do solo é medida por uma escala logarítmica negativa, conhecida como escala de pH. Com o uso dessa escala é possível estimar a quantidade de íons H+ livres.
Há basicamente quatro formas de acidez presentes no solo, a acidez ativa, a acidez trocável, a acidez não-trocável e a acidez total ou potencial (figura 1).
Figura 1. Componentes da acidez do solo.
Segundo CAMARGOS (2005), a acidez ativa representa quantidade de íons H+ livre na solução do solo, medida pela escala de pH. É importante destacas que como se trata de uma escala logarítmica, o aumento de um ponto na escala de pH representa o aumento de 10 vezes na acidez do solo, de forma contrária para a diminuição de um ponto na escala de pH.
A acidez trocável, também conhecida como Alumínio trocável, representa o alumínio e hidrogênio trocáveis e adsorvidos na superfície dos coloides do solo, tanto minerais como orgânicos. CAMARGOS (2005) destaca que o alumínio trocável apresenta efeito tóxico sobre a maioria das culturas agrícolas, o principal efeito é a interrupção da divisão celular do sistema radicular da planta e com isso a interrupção do crescimento de raízes.
A acidez não-trocável representa a quantidade de íons de hidrogênio aderidos aos coloides do solo, contudo na prática, CAMARGOS (2005) afirma que o hidrogênio por si só não causa efeitos negativos no crescimento e desenvolvimento das culturas. Dessa forma a maior representatividade da acidez não-trocável fica por conta do efeito tampão exercidos pelos íons, sendo necessária a introdução de íons OH– para a neutralização dos íons de H+ e consequentemente uma maior quantidade de corretivo. De modo geral, tem-se a acidez não-trocável como uma estimativa das cargas negativas passiveis de serem liberadas a pH 7,0.
Já a acidez total ou potencial, nada mais é do que o somatório entre os íons de Al+3 e H+. A acidez potencial representa a quantidade de corretivo (calcário) a ser adicionada no solo para se elevar o pH ao valor desejado.
Tendo em vista a acidez do solo e sua interferência no crescimento radicular das culturas em virtude da toxidade de alumínio, é importante abordar outra importante interferência do pH, a disponibilidade de nutrientes do solo.
De modo geral, para a maior parte das culturas agrícolas, há uma faixa de pH onde está situada a maior disponibilidade de nutrientes para as plantas. Segundo CASARIN (2016) está faixa se limita a variação de pH de 6 a 7 (figura 2).
Figura 2. pH x disponibilidade de nutrientes no solo.
Segundo ASADA;PEREIRA;OLIVEIRA (2018), o baixo pH do solo implica em limitações da produtividade, crescimento e desenvolvimento das culturas, sendo uma das principais causas da ocorrência da acidez do solo a carência de bases Ca+2 e Mg+2, processos de lixiviação do solo e utilização de fertilizantes com características acidificantes.
A acidez do solo e/ou valores de pH inferiores a 6 podem diminuir drasticamente a assimilação de nutrientes pelas plantas, implicando em baixas produtividades, mesmo quando em níveis altos de fertilidade do solo.
Figura 3. Variação percentual da assimilação de nutrientes pelas plantas em função da variação do pH do solo.
O calcário é o principal corretivo utilizado para elevar os níveis do pH do solo, sendo um dos corretivos e fertilizantes mais importantes no sistema de produção. Outro fato interessante do calcário, é que além de corrigir a acidez do solo, aumentando a disponibilidade de nutrientes e neutralizando o alumínio toxico, ele é a principal fonte de Cálcio, podendo também ser fonte de Magnésio como nos calcários dolimíticos.
Além disso, conforme observado por CAIRES et al. (2002) para a cultura do milho, a aplicação de calcário melhora a distribuição de raízes e com isso maior volume de solo explorado, fato que em teoria também se aplica as demais culturas agrícolas, possibilita melhor crescimento e desenvolvimento das plantas.
Referências:
ASADA, F. K; PEREIRA, T. O; OLIVEIRA, J. A. G. INFLUÊNCIA DA CALAGEM NA CORREÇÃO DA ACIDEZ DO SOLO EM CULTIVOS AGRÍCOLAS. Revista Conexão Eletrônica, v. 15, n. 1, 2018.
CAIRES, E. F. et al. CORREÇÃO DA ACIDEZ DO SOLO, CRESCIMENTO RADICULAR E NUTRIÇÃO DO MILHO DE ACORDO COM A CALAGEM NA SUPERFÍCIE EM SISTEMA PLANTIO DIRETO. R. Bras. Ci. Solo, p. 1011-1022, 2002.
CAMARGOS, S. L. ACIDEZ DO SOLO E CALAGEM (REAÇÃO DO SOLO). Universidade Federal do Mato Grosso, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Departamento de solo e Engenharia Rural. Cuiabá, 2005.
CASARIN, V. DINÂMICA DE NUTRIENTES NO SISTEMA SOLO-PLANTA VISANDO BPUFs. IPNI – Brasil, Paragominas, PA, Ago. 2016.
Sobre o autor: Maurício Siqueira dos Santos, Engenheiro Agrônomo formado pela UFSM. Atualmente Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola da UFSM e Integrante da Equipe Mais Soja.