A produtividade da soja é uma variável complexa, sujeita a interação entre genética, ambiente e manejo da cultivar, além da interferência de fatores bióticos como pragas, plantas daninhas e doenças. A produtividade da soja é formada por distintos componentes de produtividade
Esses componentes de produtividade são subdivididos em primários ou diretos e secundários ou indiretos. Os componentes primários são aqueles que afetam diretamente a produtividade da soja, tais como número de plantas por área, número de legumes por planta (ou área), número de grãos por legume e peso de grãos. Já os principais componentes secundários da produtividade (não afetam diretamente a produtividade mas afetam os componentes primários), são a estatura de plantas e o número de nós.
De acordo com Tagliapietra et al. (2022), o número de plantas por área é o primeiro componente de produtividade definido, e deve ser definido a partir das características genéticas da cultivar, época de semeadura e recursos disponíveis no ambiente de produção. Além do número de plantas por área, um dos principais e mais importantes componentes de produtividade da soja é o número de legumes por planta (ou área).
Esse componente é considerado o mais variável pelo arranjo de plantas (densidade de plantas e espaçamento entrelinhas). Contudo, mesmo com essa variação, estudos desenvolvidos pela Equipe FieldCrops demonstram que há valores ótimos de número de legumes por área. Avaliando quase mil lavouras e isolando o efeito da densidade de plantas por área, os resultados da Equipe FieldCrops demostram que para altas produtividades de soja, o valor agronômico ótimo do número de legumes por metro quadrado é de 1836 (figura 1).
Figura 1. Relação entre a produtividade de grãos (ton ha-1) e o número de legumes por m2 em soja para cultivo irrigado (círculos azuis) e sequeiro (círculos amarelos).
Contudo, atingir esse valor de legumes por metro quadrado é desafiador, sendo necessário para tanto, ajustes na densidade de plantas de acordo com a genética das cultivares e época de semeadura, a fim de estimular o aumento do número de nós por área, e sem ocorrer restrição de radiação solar no terço médio e inferior do dossel, necessário para fixação de flores e legume (Winck et al., 2020; apud. Tagliapietra et al., 2022).
Assim como para o número de legumes por área, os estudos conduzidos pela Equipe FieldCrops demonstram que para elevadas produtividades, há valores agronômicos ótimos de número de grãos por legume (2,2), peso de mil grãos (207 g), estatura de planta (104 cm) e número de nós (18), sendo que, diante desses valores “ótimos” dos componentes de produtividade, pode-se inferir que em uma lavoura com 1836 legumes por m², 2,2 grãos por legume e peso de mil grãos de 207 g, há potencial para produzir 8,3 ton ha-1, o que corresponde a 139,3 sacas de soja por hectare (Tagliapietra et al, 2022).
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Referências:
TAGLIAPIETRA, E. L. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Santa Maria, ed. 2, 2022.
