Um dos insumos agrícolas mais utilizados com o intuído de corrigir o pH do solo e neutralizar sua acidez é o calcário. Diferentes tipos de calcário podem ser utilizados na agricultura, a definição do uso varia de acorno com a necessidade em neutralizar a acidez do solo, e/ou corrigir os teores de Cálcio e Magnésio. Dentre os calcários, o dolomítico é o mais adequado para a maioria dos solos por conter maior quantidade de magnésio (> 12% de MgO). O calcário magnesiano apresenta 5 a 12% e o calcítico menos de 5% de MgO (Souza, 2022).
Além de definir o tipo de calcário utilizado, uma característica em particular deve ser considerada na aquisição do produto para uma maior performance na correção do solo. Trata-se da granulometria do calcário. A análise granulométrica do corretivo é feita por meio do peneiramento mecânico da amostra do corretivo, usando peneiras com aberturas de malhas específicas, e permite a avaliação da sua granulometria (Primavesi & Primavesi, 2004).
Por apresentar uma baixa solubilidade no solo, a relação do calcário com o solo é influenciada pela umidade e contato das partículas com o solo. Logo, o grau de moagem do calcário pode influenciar em sua capacidade de interação com o solo. De modo geral, pode-se dizer que quanto mais moído é o calcário, maior será o seu contato e mais rápida é sua ação no solo.
Conforme destacado por Alcarde (2005), o tamanho de partícula do calcário também exerce influência sobre sua reatividade no solo. A reatividade do calcário é a velocidade de sua ação no solo, ou seja, a rapidez com que corrige a acidez. A reatividade é fortemente influenciada pelas condições de solo e clima, assim como pela natureza química do corretivo (bases fortes são mais reativas do que bases fracas) e pela granulometria do calcário (quanto mais fino mais reativo). A taxa de reatividade para os calcários foi determinada para diferentes frações de granulometria (o percentual de ação do calcário no solo num período de três meses).
Tabela 1. Taxas de reatividade das partículas de diferentes tamanhos dos calcários, adotadas pela legislação brasileira.
Isso significa que a fração maior que 2 mm (retida na peneira No 10) não tem efeito considerável na correção da acidez; que 80% da fração 10-20 (2 a 0,84 mm) e 40% da fração 20-50 (0,84 a 0,30mm) continuarão agindo no solo mais lentamente após o período de 3 meses; e que a fração menor que 0,3 mm reage totalmente em 3 meses (Alcarde, 2005).
Vale lembrar, que, quanto menor a granulometria do calcário, maiores são as dificuldades operacionais relacionadas a aplicação do corretivo, estando mais suscetível a influência de condições ambientais como o vento no momento da aplicação. Também é fundamental compreender que, além da granulometria do calcário, quando maior a capacidade de “mistura” do corretivo com o solo, maior sua capacidade em atuar na correção do solo. Pode-se afirmar com segurança que se perde muito do efeito dos corretivos devido a imperfeições na aplicação (Alcarde, 2005).
Também deve-se considerar características químicas do calcário como a sua capacidade em atuar na correção da acidez do solo, sendo necessário considerar seu Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT) na hora de quantificar necessidade do corretivo.
Veja mais: Uso e qualidade do calcário
Referências:
ALCARDE, J. C. CORRETIVOS DA ACIDEZ DOS SOLOS: CARACTERISTICAS E INTERPRETAÇÕES TÉCNICAS. ANDA Associação Nacional para Difusão de Adubos, Boletim Técnico, n. 6, 2005. Disponível em: < https://anda.org.br/wp-content/uploads/2019/03/boletim_06.pdf >, acesso em: 01/02/2024.
PRIMAVESI, A. C.; PRIMAVESI, O. CARACTERISTICAS DE CORRETIVOS AGRÍCOLAS. Embrapa, Documentos, n. 37, 2004. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/61985/1/Doc37ACP2004.pdf >, acesso em: 01/02/2024.
SOUZA, R. B. ADUBOS E CORRETIVOS. Embrapa, 2022. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/agencia-de-informacao-tecnologica/cultivos/cebola/pre-producao/insumos/adubos-e-corretivos >, acesso em: 01/02/2024.
