O trigo responde positivamente a adubação nitrogenada. Em média são necessários cerca de 30 kg de N por tonelada de grãos produzidos. Considerando que o trigo não possui a habilidade de fixar o N atmosférico, fornecer o Nitrogênio necessário via fertilizantes é indispensável para a obtenção de boas produtividades.

Figura 1. Rendimento de trigo em função da aplicação de N – equação média de 32 experimentos, RS.
Fonte: Wiethölter et al. (1998), apud. Wiethölter (2011)

Dentre as principais fontes de N utilizadas na cultura do trigo, destacam-se a ureia com 45% de N, o nitrato de amônio com 32% de N e o sulfato de amônio com 20% de N e 22% de S.

Recomendações para RS e SC

As recomendações de adubação nitrogenada na cultura do trigo variam em função da região e sistema de produção. Para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, deve-se levar em consideração os teores de matéria orgânica do solo e a cultura antecessora ao trigo (gramínea ou leguminosa).

No geral, para esses estados, recomenda-se que a dose de N a ser aplicada na semeadura varie entre 15 kg/ha e 20 kg/ha. O restante deve ser aplicado em cobertura entre as fases de perfilhamento e alongamento do colmo (Cunha & Caierão, 2023).

Tabela 1. Indicação de adubação nitrogenada (kg/ha) para as culturas de trigo e triticale nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
Fonte: Cunha & Caierão (2023).

Para as doses mais elevadas de nitrogênio em cobertura, pode-se optar pelo fracionamento em duas aplicações: no início do afilhamento e, o restante, no início do alongamento. Vale destacar que a aplicação tardia de N em cobertura, após a fase de emborrachamento, geralmente não afeta o rendimento de grãos, mas pode aumentar o teor de proteína do grão, sem que necessariamente, em todas as situações, o valor de W (força de glúten) seja alterado a tal ponto de modificar a classificação comercial do produto colhido (Cunha & Caierão, 2023).


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Recomendações para o Paraná

Para o estado do Paraná, as recomendações de manejo sugerem que a  adubação nitrogenada deva ser parcelada, aplicando-se parte na semeadura e o restante em cobertura. O aumento da dose de N no sulco é sugerido, pois resultados de pesquisa indicam que a aplicação do nitrogênio deve ser realizada nas fases iniciais do desenvolvimento da cultura. A adubação de cobertura deve ser feita no perfilhamento, a lanço (Cunha & Caierão, 2023).

Tabela 2. Indicação de adubação nitrogenada (kg/ha) para as culturas de trigo e triticale no estado do Paraná.
Fonte: Cunha & Caierão (2023).
Adubação nitrogenada em cobertura

Em suma, parte do N deve ser fornecido via semeadura (até 20 kg ha-1) e o restante em cobertura, podendo ser fracionado em função da quantidade para reduzir as perdas de N por lixiviação e potencializar a formação de componentes de produtividade do trigo.

Quando necessário fracionar a dose de Nitrogênio, a primeira parcela deve ser fornecida no afilhamento (ou perfilhamento) da cultura, e a segunda parcela no alongamento do colmo. A disponibilidade de N no início do afilhamento (4° folha) define o número de espiguetas por espigas, e na fase final, (7° folha), determina o número de afilhos que formarão espigas férteis (De Bona; De Mori; Wiethölter, 2016).

Figura 2. Manejo nutricional da cultura do trigo.
Adaptado: De Bona; De Mori; Wiethölter (2016)

Veja mais: Adubação nitrogenada em trigo pode contribuir para o aumento da proteína nos grãos?



Referências:

CUNHA, G. R.; CAIERÃO, E. INFORMAÇÕES TÉCNICAS PARA TRIGO E TRITICALE: SAFRA 2023. Embrapa, 2023. Disponível em: < https://www.conferencebr.com/conteudo/arquivo/informacoestecnicastrigotriticalesafra2023-1683736866.pdf >, acesso em: 17/07/2024.

DE BONA, F. D.; DE MORI, C.; WIETHÖLTER, S. MANEJO NUTRICIONAL DA CULTURA DO TRIGO. IPNI, Informações Agronômicas, n. 154, 2016. Disponível em: < http://www.ipni.net/publication/ia-brasil.nsf/0/47520FE3CAA3AEF183257FE70048CC16/$FILE/Page1-16-154.pdf >, acesso em: 17/07/2024.

WIETHÖLTER, S. FERTILIDADE DO SOLO E A CULTURA DO TRIGO NO BRASIL. Trigo no Brasil: bases para produção competitiva e sustentável. Cap. 6, p. 135-184. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2011. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/932199 >, acesso em: 17/07/2024.

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