Os insetos-praga podem causar injúrias na cultura do milho desde a emergência até a maturação fisiológica, comprometendo o desenvolvimento das plantas, a produtividade e a qualidade dos grãos. A fenologia do milho está diretamente relacionada com a ocorrência de insetos, sendo algumas espécies associadas a fases específicas de desenvolvimento da planta.
Os estádios fenológicos do milho são divididos em cinco etapas de desenvolvimento: germinação e emergência (período da semeadura até o aparecimento da plântula de milho); crescimento vegetativo (emissão da segunda folha definitiva até o início do florescimento); florescimento (período entre a polinização e início da frutificação); frutificação (etapa entre fecundação e enchimento de grãos); e maturação (período entre o fim da frutificação e a maturação fisiológica) (Vargas et al., 2006).
Figura 1. Fenologia da cultura do milho.

A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) é exemplo de uma importante praga da cultura capaz de danificar as plantas de milho tanto na fase vegetativa quanto reprodutiva. As injúrias causadas por S. frugiperda vão desde a emergência até o pendoamento e espigamento, podendo ocasionar perdas de rendimento que variam entre 34 e 52 % (Valicente, 2015). Na ocorrência de seca, as populações da lagarta-do-cartucho aumentam, resultando em ataques severos no estabelecimento da cultura e reduzindo o estande de plantas. Já a lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea) ocorre principalmente durante a fase reprodutiva, sempre associada às espigas das plantas. Em estudo conduzido por Dalasta et al. (2010), por exemplo, a espécie Helicoverpa zea foi mais abundante no estádio R2, enquanto S. frugiperda atingiu seu pico populacional em V3.
A cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) é uma praga sugadora responsável por transmitir microorganismos patogênicos às plantas de milho, resultando no chamado complexo de enfezamentos. Embora os sintomas de enfezamento sejam observados principalmente durante o enchimento de grãos, a infecção das plantas ocorre ainda nos estádios iniciais da cultura, sendo este o período típico de ocorrência da praga.
Outra praga sugadora de relevância na cultura do milho é o percevejo barriga-verde (Diceraeus spp.), cujos danos são causados nos primeiros dias após a emergência das plantas (Francelli; Dourado Neto, 2000). Os danos dos percevejos são decorrentes da penetração dos estiletes e da sucção de seiva na base do colmo das plantas jovens, associadas à injeção de secreções salivares tóxicas que causam deformações e morte dos tecidos vegetais (Panizzi et al., 2009). Esse problema ocorre na fase inicial e até no máximo vinte e cinco dias após a germinação, resultando em plantas com crescimento reduzido, pontuações e faixas cloróticas que podem evoluir e prejudicar a abertura normal das folhas (Damasceno et al., 2018).
Por fim, a ocorrência de pulgão-verde (Rhopalosiphum maidis) é mais expressiva durante o pendoamento das plantas de milho, quando os nutrientes direcionados à formação dos grãos de pólen no pendão ainda fechado são sugados pelo inseto e utilizados como fonte de aminoácidos para o seu completo desenvolvimento (Silva et al., 2005). Entretanto, trata-se de uma praga secundária no Brasil, cujo controle nem sempre é necessário.
Figura 2. Incidência das principais pragas do milho nos diferentes estádios fenológicos da cultura.

Portanto, o monitoramento de insetos-praga em lavouras de milho deve estar atrelado ao conhecimento dos estádios fenológicos em que cada espécie ocorre com maior predominância, possibilitando uma tomada de decisão mais assertiva e protegendo o potencial produtivo da cultura.
Revisão: Henrique Pozebon, doutorando PPGAgro – UFSM e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM
Referências:
DALLASTA, M. C. et al. Levantamento populacional de insetos-praga associados à cultura do milho.
DAMASCENO, N. C. R. et al. Injúrias do percevejo-barriga-verde em diferentes híbridos de milho. In: Embrapa Milho e Sorgo-Artigo em anais de congresso (ALICE).
In: SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC/CNPq, 13., 2018, Sete Lagoas.[Trabalhos apresentados]. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2018., 2018.
PAIVA, L. A. Resistência de genótipos de milho à lagarta do cartucho Spodoptera Frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae). 2015.
PANIZZI, A. R. et al. Insetos sugadores de sementes. In: PANIZZI, A. R.; PARRA, J. R. P. (Ed.). Bioecologia e nutrição de insetos: base para o manejo integrado de pragas. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica; Londrina: Embrapa Soja, 2009. p. 465-422.
SILVA, W. J. de M. et al. Efeito do estádio fenológico do milho (Zea mays l.) sobre infestação pelo pulgão Rhopalosiphum maidis (FITCH, 1856). Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v. 4, n. 03, 2005.
VALICENTE, F. H. Manejo Integrado de Pragas na cultura do milho. Embrapa Milho e Sorgo-Circular Técnica (INFOTECA-E), 2015.
VARGAS, L. et al. Manejo de plantas daninhas na cultura do milho. Passo Fundo: Embrapa Trigo, Documentos online, 61, 20p., 2006.