Durante o ciclo de desenvolvimento da soja, diversas práticas de manejo são necessárias para assegurar o bom crescimento e desenvolvimento vegetal, resultando em boas produtividades da lavoura. Entretanto, além da obtenção de boas produtividades, é necessário retirar o produto do campo, sem grandes perdas.

Embora perdas possam ser observadas durante o processo de transporte dos grãos ou sementes, grande parte das perdas são observadas no momento da colheita, ou até mesmo antes da colheita dos grãos. Uma das principais causas da perda de colheita antes da entrada da colhedora na lavoura é a debulha natural dos legumes de soja (figura 1). A debulha natural é um processo ligado à cultivar, existindo as que são mais suscetíveis do que outras (Silveira & Conte, 2013).

As perdas pela debulha natural são acentuadas pelo atraso da colheita, segundo Silveira & Conte (2013), retardamentos muito prolongados acarretam perdas na qualidade e na quantidade produzida, especialmente sob condições de alta umidade e temperatura elevada.

Figura 1. Debulha natural legumes de soja.

Além da perda pré-colheita pela debulha natural, dependendo das características da cultivar e sistema de manejo, pode-se observar perdas em função acamamento das plantas (figura 2). O acamamento das plantas pode ser compreendido como a queda ou arqueamento das plantas em função da flexão da haste ou má ancoragem proporcionada pelas raízes (Balbinot Junior, 2012).



Figura 2. Plantas de soja acamadas: (A) detalhe do acamamento; (B) vista geral da lavoura.

Fonte: Balbinot Junior (2012)

Dependendo da porcentagem de plantas acamadas, as perdas de grãos na colheita em função da dificuldade em colher as plantas podem chegar a 15%. Além das perdas citadas anteriormente, as perdas de colheita em função da colheita mecanizada, podem representar significativa redução da produtividade em casos de má regulagem da colhedora e/ou operação inadequada dela.

As perdas de colheita podem ser observadas tanto no sistema de corte da colhedora, quando no sistema de trilha. O sistema de corte é composto de barra de corte, molinete, condutor helicoidal (conhecido como sem-fim ou caracol) e esteira alimentadora, já o sistema de trilha pode ser tanto radial quanto axial. O sistema radial é composto de cilindro, côncavo e batedor, dispostos transversalmente no equipamento colhedor, enquanto o sistema de fluxo axial, é caracterizado por um rotor longitudinal e côncavo, associado ou não a um elemento batedor localizado na parte anterior do sistema (Silveira & Conte, 2013).

Embora normalmente o foco do ajuste da colhedora seja voltado ao sistema de trilha, Silveira & Conte (2013) destacam que o sistema de alimentação também é responsável por parte das perdas de colheita. Os ajustes principais desse sistema são a rotação, a posição do molinete e a velocidade de trabalho da colhedora. Os autores ainda enfatizam que a velocidade periférica do molinete deve ser um pouco superior à da colhedora e que, o molinete opere com seu eixo central um pouco à frente da barra de corte (de 15 a 30 cm).

Figura 3. Detalhamento do molinete em relação à barra de corte e à altura das plantas de soja.

Fonte: Mesquita et al. (1998), apud. Silveira & Conte (2013)

Cabe destacar que mesmo nas colhedoras mais modernas, realizando os ajustes necessários, perdas de colheita podem ser observadas, sobretudo, é necessário analisar se as perdas estão dentro do aceitável. Conforme destacado por Portugal & Silveira (2021), considera-se aceitável, perdas de colheita de até 60 kg ha-1, ou seja, 1 saco ha-1. Quando observados valores de perda colheita dentro do considerado adequado, é possível prosseguir com a colheita sem interrupções, já se os valores observados forem superiores a 1 saco ha-1, deve-se realizar os ajustes cabíveis a fim de reduzir as perdas de colheita.

Clique aqui e confira os possíveis problemas e soluções para reduzir as perdas de colheita em soja.


Veja mais: Como medir as perdas de colheita em soja?



Referências:

BALBINOT JUNIOR, A. A. ACAMAMENTO DE PLANTAS NA CULTURA DA SOJA. Revista Agropecuária Catarinense, v.25, n.1, mar. 2012. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/59792/1/digitalizar0009.pdf >, acesso em: 20/04/2023.

PORTUGAL, F. A. F.; SILVEIRA, J. M. PERDAS NA COLHEITA. Embrapa: Soja, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/agencia-de-informacao-tecnologica/cultivos/soja/producao/colheita/perdas-na-colheita >, acesso em: 20/04/2023.

SILVEIRA, J. M.; CONTE, O. DETERMINAÇÃO DE PERDAS NA COLHEITA DE SOJA: COPO MEDIDOR DA EMBRAPA. Embrapa Soja, disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/97495/1/Manual-Copo-Medidor-baixa-completo.pdf >, acesso em: 20/04/2023.

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