É conhecido que a arquitetura de plantas exerce forte influência sobre a produtividade da soja. Com o avanço da genética, as cultivares modernas vem sendo desenvolvidas para otimizar o uso de recursos, bem como melhor aproveita-los. Uma estratégia para isso é ajustar a arquitetura de plantas, possibilitando além da melhor ramificação das plantas, a maior interceptação da radiação solar, refletindo em maior capacidade fotossintética.
De maneira geral, para melhor embasar estratégias de manejo, assim como o posicionamento de defensivos agrícolas, os estádios do desenvolvimento da soja são representados pela escala fenológica desenvolvida para a cultura, sendo possível ajustar o manejo à necessidade da planta. Visando analisar o crescimento e desenvolvimento da soja, sua arquitetura pode ser dividida em terços, facilitando a compressão.
Normalmente a planta da soja é divididas nos terços inferior, médio e superior (figura 1), o que contribui também para o monitoramento e manejo de pragas e doenças na cultura. Conforme analisado por Müller (2017) & Turra et al. (2018), embora possa varia em função de características genéticas da cultivar, a grande maioria das cultivares de soja apresenta maior produção de grãos no terço médio da planta.
Figura 1. Planta de soja dividida em: terço inferior, terço médio e terço superior.
O manejo da soja deve ser voltado para o terço médio da planta?
Não necessariamente, tendo em vista que a planta é um organismo vivo, tanto terço médio quando inferior e superior fazem parte do mesmo organismo (planta). Embora o terço médio seja considerado o mais produtivo como visto anteriormente, pensando no manejo fitossanitário da cultura, em algumas ocasiões além de analisar a planta inteira, deve-se destinar atenção especial também aos terços inferior e superior, além do médio.
Algumas doenças especialmente as causadas por fungos necrotrófico e de solo, por possuir fonte de inóculo em resíduos culturas e no solo respectivamente, infectam a planta primeiramente no terço inferior, em função dos métodos de dispersão dos patógenos. Nesse caso, o monitoramento do terço inferior da planta (baixeiro) é tão importante quando o monitoramento do terço médio.
O mesmo é valido para pragas, especialmente pragas eu atacam caules e hastes, bem como gemas florais e pontos de crescimento, sendo necessário além dos terços médio e inferior, analisar cautelosamente o terço superior da planta. Dependendo do horário do dia, algumas pragas a exemplo de percevejos podem ser estimuladas a se concentrar no terço superior da planta em busca de calor para se aclimatar/aquecer. Logo, visando um manejo fitossanitário cauteloso, é necessário analisar a planta como um todo.
Além disso, visando o manejo nutricional da soja, dependendo da mobilidade dos nutrientes, a identificação de sintomas pode se concentrar tanto no terço superior da planta (folhas jovens), quando no terço inferior (folhas velhas). Determinados nutrientes só expressam sintomas de deficiência em folhas velhas, enquanto outros só expressam em folhas jovens. Logo, a análise cautelosa da planta é essencial para embasar recomendações de manejo, não devendo ser direcionada apenas ao terço mais produtivo da planta.
Figura 2. Local de visualização de sintomas de deficiência nutricional em plantas de soja.
Veja mais: Qual a importância do Cobalto para a soja?
Referências:
MÜLLER, M. ARQUITETURA DE PLANTAS DE SOJA: INTERCEPTAÇÃO DE RADIAÇÃO SOLAR, DEPOSIÇÃO DE PRODUTOS FITOSANITÁRIOS E PRODUTIVIDADE. Universidade de Passo Fundo, Dissertação de mestrado, 2017. Disponível em: < http://tede.upf.br/jspui/bitstream/tede/1371/2/2017MarieleMuller.pdf >, acesso em: 18/01/2023.
TURRA, F. V. et al. RENDIMENTO E PROPRIEDADES FÍSICAS DE GRÃOS DE SOJA EM FUNÇÃO DA ARQUITETURA DA PLANTA. Anais – VII Conferência Brasileira de Pós-Colheita, 2018. Disponível em: < http://eventos.abrapos.org.br/anais/paperfile/910_20181103_02-53-41_847.pdf >, acesso em: 18/01/2023.
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