- A nodulação da soja deve ser avaliada em V3-V4
- Em V1-V2 a planta deve apresentar de 4 a 8 nódulos
- Em V3-V4 deve apresentar no mínimo 10 nódulos
- O tamanho e viabilidade dos nódulos são tão importantes quando a quantidade deles.
A fixação biológica de nitrogênio é um processo essencial para a obtenção de boas produtividades de soja. Através desse processo, bactérias fixadoras de nitrogênio, normalmente do gênero Bradyrhizobium estabelecem uma relação simbiótica com a soja, capturando o Nitrogênio atmosférico, convertendo-o para formar assimiláveis pela soja.
O Nitrogênio (N) é o macronutriente mais requerido pela soja, sua deficiência pode limitar a produtividade da cultura, mesmos que os demais macro e micronutrientes estejam disponíveis em concentrações adequadas. Em média, são necessários cerca de 80 kg de N para cada tonelada de soja produzida (Hungria; Campo; Mendes, 2001).
Convertendo em ureia (fonte de N mais utilizada na agricultura comercial), considerando a concentração de 46% de N no fertilizante, para produtividades médias de 3 t ha-1, seriam cerca de 521 kg ha-1 de ureia. Felizmente, quando bem estabelecida, a fixação biológica de nitrogênio (FBN) é capaz de fornecer todo o Nitrogênio necessário para produtividades médias de até 3600 kg ha-1 (Gitti, 2015).
Contudo, quando a FBN não é eficiente, sintomas de deficiência de N podem surgir na cultura da soja. Normalmente, os sintomas são observados em manchas na lavoura, geralmente nas partes mais deficientes de Nitrogênio no solo (figura 1).
Figura 1. Sintomas típicos de deficiência de Nitrogênio em soja.
Além dos sintomas foliares na planta, que incluem a descoloração uniforma das folhas (clorose) e redução do porte das plantas, pode-se analisar o sistema radicular da planta, a fim de verificar a qualidade da inoculação e FBN.
Figura 2. Sintomas foliares típicos da deficiência de Nitrogênio em soja.
Em situações onde a deficiência de Nitrogênio é resultante da baixa eficiência da FBN, ao “arrancar” cuidadosamente a planta do solo, e analisar seu sistema radicular, é possível constatar a ausência ou baixa nodulação da soja (Figura 3). Para uma FBN eficiente, capaz de suprir toda a demanda por N da planta, no estádio V1-V2, deve-se observar uma média de 4 a 8 nódulos por planta com 1 mm a 2 mm de tamanho cada. Já entre V3 – V4 é necessário que a planta de soja apresente pelo menos 10 nódulos, com tamanho igual ou superior a 2 mm (Hungria & Nogueira, 2020).
Para a obtenção de boas produtividades, quando a soja atingir o período do florescimento, em que há o rápido aumento da taxa de fixação de N2 e elevada demanda de N, é necessário que a planta de soja apresente entre 15 e 30 nódulos viáveis para que sua exigência de N seja suprida.
Figura 3. Raiz de soja em V3, sem a presença de nódulos da fixação biológica de Nitrogênio.
A fim de verificação, recomenda-se que a avaliação da FBN seja realizada em V3-V4 (Hungria; Campo; Mendes., 2001). Se a quantidade média de nódulos por plantas for inferior a 10, até o estádio V3-V4, pode-se realizar a aplicação complementar de inoculante via pulverização, como alternativa de manejo.
Nesse caso, a dose sugerida é de 6 milhões de células por planta, equivalente a 5 a 7 doses de inoculante por hectare, dependendo da concentração do produto. Essa aplicação deve ser realizada com volume mínimo de 200 litros por hectare de calda. Vale destacar que essa medida de manejo contribui para contornar o problema, no entanto, não apresenta a mesma eficiência de uma inoculação via sulco ou semente (Hungria & Nogueira, 2020).
Hungria et al. (2007), destacam que a formação dos nódulos ocorre na região chamada coroa da raiz, principalmente na raiz principal, em uma região de aproximadamente 4 cm de comprimento por 3 cm de largura. Logo, por se tratar de uma região restrita, caso a inoculação via pulverização seja realizada, é fundamental que o inoculante atinja o solo.
Sobretudo, além da quantidade e tamanho dos nódulos, é essencial avaliar a viabilidade deles. Um nódulo saudável de FBN deve apresentar uma coloração interior rósea. Essa coloração é resultante da presença de proteínas que se ligam ao oxigênio, denominadas leg-hemoglobinas. Essas proteínas são essenciais para o processo de fixação biológica de Nitrogênio, além de conferir a colocação rósea ao interior do nódulo.
Figura 4. Raiz de soja nodulada (A) e corte de nódulo (B), mostrando a coloração rósea interna indicativa de atividade da nitrogenase, pela presença de leg-hemoglobina funcional.
Veja mais: Herbicidas podem afetar a nodulação da soja?
Referências:
GITTI, D. C. INOCULAÇÃO E COINOCULAÇÃO NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2014/2015, 2015. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-Producao-Soja-20142015.pdf >, acesso em: 08/01/2024.
HUNGRIA, M. CAMPO, R. J.; MENDES, I. C. FIXAÇÃO BIOLÓGICA DO NITROGÊNIO NA CULTURA DA SOJA. Embrapa, Circular Técnica, n. 35, 2001. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPSO/18515/1/circTec35.pdf >, acesso em: 08/01/2024.
HUNGRIA, M. et al. A IMPORTÂNCIA DO PROCESSO DE FIXAÇÃO BIOLÓGICA DO NITROGÊNIO PARA A CULTURA DA SOJA: COMPONENTE ESSENCIAL PARA A COMPETITIVIDADE DO PRODUTO BRASILEIRO. Embrapa Soja, documentos, 283. Londrina – PR, 2007. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/468512/1/Documentos283.pdf >, acesso em: 08/01/2024.
HUNGRIA, M.; NOGUEIRA, M. A. FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO. Tecnologias de Produção de Soja, sistemas de produção, 17, cap. 8. Embrapa Soja, Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1123928/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 08/01/2024.
HUNGRIA, M.; NOGUEIRA, M. A. FIXAÇÃO BIOLÓGICA DO NITROGÊNIO. Bioinsumos na cultura da soja, cap. 8. Embrapa, 2022. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1143066/bioinsumos-na-cultura-da-soja >, acesso em: 08/01/2024.