O objetivo deste estudo foi avaliar o potencial alelopático de extratos aquosos de poaia-branca sobre o comprimento e matéria seca da radícula de plântulas de soja.

Autores: Anderson Marcel Gibbert1; Neumárcio Vilanova da Costa2; Hiago Canavessi3; Silvio Douglas Ferreira4; Vitor Gustavo Kuhn5; Jaqueline de Araújo Barbosa6

Trabalho publicado nos Anais do evento e divulgado com a autorização dos autores.

INTRODUÇÃO

As plantas daninhas podem competir com as culturas de interesse de forma significativa por luz, água, nutrientes e espaço para o seu desenvolvimento. Além disso, podem produzir substâncias que interferem na germinação, crescimento e desenvolvimento da cultura, podendo gerar perdas significativas na produção final (Inderjit, 2006). Essas substâncias são conhecidas como metabólitos secundários e sua ação depende da espécie da planta daninha, da cultura, do estágio de desenvolvimento das espécies e da condição do ambiente (Ferreira & Aquila, 2000; Khanh et al., 2009).

Na região oeste do Paraná, uma das principais espécies de plantas cultivadas é a soja (Glycine max L.), que apresenta uma importância econômica muito grande. Já a poaia-branca (Richardia brasiliensis Gomes), destaca-se como uma das plantas daninhas que apresenta alta incidência nas lavouras, podendo prejudicar o desenvolvimento da cultura da soja pela liberação de substâncias alelopáticas. Dessa maneira, o objetivo deste estudo foi avaliar o potencial alelopático de extratos aquosos de poaia-branca sobre o comprimento e matéria seca da radícula de plântulas de soja.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no Laboratório de Fisiologia Vegetal da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Marechal Cândido Rondon/PR, durante o período de 26 de janeiro de 2018 a 03 de fevereiro de 2018. Os extratos aquosos de poaia-branca (R. brasiliensis Gomes) foram obtidos através da trituração da parte aérea [material fresco (MF)] destas plantas com auxílio de um liquidificador, acrescentando-se água destilada até alcançar as concentrações de 0; 25; 50; 100 e 200 g MF L-1, sendo 0 g MF L-1 a testemunha com somente água destilada.

Os extratos foram filtrados em papel filtro e ficaram em repouso por 24 horas. Foram posicionadas 2 folhas de papel germitest autoclavadas (121°C± 2°C/20 min) por gerbox e acrescentados 10 mL de extrato. Após isso, procedeu-se a disposição de 25 sementes de soja do cultivar TMG 7262 RR por gerbox e dispostas em BOD, onde foram mantidas à temperatura de 25 °C ± 2°C, e com fotoperíodo 24 horas de luz.

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com quatro repetições, sendo cada gerbox uma parcela. Ao final do 8º dia de desenvolvimento das plântulas em BOD, avaliou-se o comprimento da radícula (cm) e determinou-se a matéria seca da radícula (g planta-1), em que selecionou-se 4 plantas de cada gerbox. Os dados obtidos foram submetidos à análise de regressão utilizando o programa estatístico SigmaPlot 12.0

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os extratos aquosos de poaia-branca (R. brasiliensis) reduziram significativamente o comprimento da radícula de plântulas de soja (Figura 1), sendo que o comportamento foi de decaimento exponencial conforme aumentou-se a concentração dos extratos, sendo que a maior concentração (200 g L-1) gerou a maior redução, 55,71% em relação à testemunha.

Figura 1 – Comprimento da radícula de plântulas de soja submetidas a diferentes concentrações de extratos de poaia-branca. Marechal Cândido Rondon/PR, 2018. *Significativo a 5%

A matéria seca da radícula de plantas de soja apresentou comportamento exponencial decrescente à medida que elevou-se as concentrações dos extratos de poaia-branca (Figura 2). Com a utilização da concentração de 100 g L-1 ocorreu a maior redução na matéria seca da radícula, 43,75% em relação à testemunha, sendo que a mesma redução ocorreu para concentração de 200 g L-1.

Figura 2 – Matéria seca da radícula de plântulas de soja submetidas a diferentes concentrações de extratos de poaia-branca. Marechal Cândido Rondon/PR, 2018. *Significativo a 5%.

Os resultados obtidos podem ser justificados pelo metabolismo acelerado da radícula e de sua maior área de contato com os extratos aquosos presentes no papel germitest. Os principais parâmetros utilizados para a avaliação do potencial alelopático de uma planta são a germinação e o desenvolvimento radicular, sobretudo devido à oxidação dos tecidos de reserva das sementes (Medeiros & Lucchesi, 1993).


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Segundo Barbosa et al. (2008); Sartor et al. (2009), o metabólitos secundários presentes nos extratos aquosos atuam de forma mais intensiva sobre o sistema radicular das plântulas devido à maior exposição das raízes, alto metabolismo e maior estresse ambiental.

CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos, concluiu-se que os extratos aquosos de poaia-branca possuem potencial alelopático sobre a cultura da soja na fase de germinação, afetando significativamente o comprimento e a matéria seca da radícula das plântulas.

REFERÊNCIAS

Barbosa, E. G.; Pivello, V. R. & Meirelles, S. T. Allelophathic evidence in Brachiaria decumbens and its potential to invade the Brazilian cerrados. Brazilian Archives of biology and Technology, v. 51, p. 825831, 2008.

Ferreira, G. A.; Aquila, M. E. A. Alelopatia: uma área emergente na ecofisiologia. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, v. 12, p.175-204, 2000.

Khanh, T. D.; Cong, L. C.; Xuan, T. D.; Uezato, Y.; Deba, F.; Toyama, T.; Tawata, S. Allelopathic plants: 20. Hairy Beggarticks (Bidens pilosa L.). Allelopathy Journal, v. 24, n. 2, p. 243-254, 2009.

INDERJIT. Experimental complexities in evaluating the allelopathic activities in laboratory bioassays: A case study. Soil Biology & Biochemistry, v. 38, p. 256-262, 2006.

Medeiros, A. R. M. & Lucchesi, A. U. Efeitos alelopáticos da ervilhaca (Vicia sativa L.) sobre a alface em testes de laboratório. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 28, p. 9-14, 1993.

Sartor, L. R.; Adami, P. F.; Chini, N. Martin, T. N.; Marchese, J. A. & Soares, A. B. Alelopatia de acículas de Pinus taeda na germinação e no desenvolvimento de plântulas de Avena strigosa. Ciência Rural, v. 39, p. 1653-1659, 2009.

Informações dos autores:  

1Acadêmico do curso de Agronomia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Marechal Cândido Rondon/PR.

2Docente/Orientador, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Marechal Cândido Rondon/PR.

3Acadêmico do curso de Agronomia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Marechal Cândido Rondon/PR.

4Doutorando em Agronomia/PPGA, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Marechal Cândido Rondon/PR.

5Mestrando em Agronomia/PPGA, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Marechal Cândido Rondon/PR.

6Doutoranda em Agronomia/PPGA, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Marechal Cândido Rondon/PR.

Disponível em: Anais do I Congresso Online para aumento da produtividade de soja 2018. Santa Maria, RS.

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