Entre setembro e novembro, a relação de troca das principais formulações de fertilizantes utilizadas nas safras de soja, milho e cana-de-açúcar recuou 5%. No entanto, os níveis ainda permanecem elevados. Já entre abril e novembro, observou-se uma alta de cerca de 17%. A situação evidencia um ponto crítico do mercado brasileiro: a dependência das importações e o forte impacto do cenário geopolítico e das negociações externas.

No mercado de ureia, além das tensões geopolíticas no Oriente Médio, o modelo de compras adotado pelo mercado indiano, por meio de leilões, tem se mostrado decisivo para compreender a escalada dos preços. Esse cenário reforça a necessidade de repensar a estratégia de fornecimento e evidencia as fragilidades do Brasil nesse setor. Nos últimos leilões, a Índia enfrentou grandes dificuldades para assegurar os volumes necessários, o que gerou especulações e manteve outros mercados em compasso de espera por melhores oportunidades. Esse movimento provocou oscilações e, em geral, resultou em custos mais elevados. Quando a Índia, fortemente subsidiada pelo governo, paga mais caro, o efeito atinge outros mercados, que também registram reajustes.

O consumo indiano, especialmente no caso da ureia, tem se prolongado além do que seria favorável para os preços, embora já apresente sinais de redução. A disponibilidade do produto no país permanece limitada, pressionada pela expansão da área cultivada, pelo período de monções que favoreceu a aplicação antecipada e pelas baixas taxas de operação das fábricas domésticas. Segundo dados oficiais, os estoques para a safra rabi em 31 de outubro apresentaram déficit de 1,8 milhão de toneladas em relação a 2024. Apesar disso, as importações no atual ano fiscal indiano (abril a outubro) mais que dobraram em comparação ao mesmo período do ano anterior.

No caso dos fosfatados, observa-se um cenário semelhante ao da ureia em alguns aspectos, como a demanda indiana, não apenas pelo produto, mas também pela amônia utilizada na produção de fertilizantes fosfatados para o mercado interno.

Para o cloreto, o ponto de atenção é a restrição de oferta, concentrada em poucos países onde se encontram as jazidas, o que torna o Brasil naturalmente mais vulnerável às oscilações do mercado internacional. Em períodos de menor dinamismo, países como China e Índia costumam se antecipar, firmando contratos de fornecimento de grandes volumes para consumo em prazos mais longos.

Dessa forma, a relação entre o agronegócio brasileiro e o mercado internacional torna-se mais reativa, recorrendo a soluções como alternativas com custo por ponto de nutriente mais baixo, mas que geram efeitos colaterais, como problemas logísticos, atrasos e estoques reduzidos.

No Brasil, a aposta está na produção interna. A retomada das fábricas de fertilizantes nitrogenados pela Petrobras, que prevê atender cerca de 20% da demanda nacional, e o Projeto Autazes, liderado pela Brazil Potash, que poderia suprir entre 20% do consumo interno de cloreto de potássio, representam passos importantes rumo a uma maior independência frente às flutuações geopolíticas.

Fonte: Globalfert, disponível em Fecoagro



 

FONTE

Autor:GlobalFert, disponível em Fecoagro

Site: FECOAGRO

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.