Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.
As cotações do milho em Chicago subiram na semana, chegando a atingir a US$ 4,23/bushel no dia 10/11. Posteriormente recuaram, fechando a semana com o primeiro mês cotado, na quinta-feira (12), atingindo a US$ 4,08/bushel, contra US$ 4,09 uma semana antes.
O relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado no dia 10/11, reduziu igualmente a safra e os estoques estadunidenses de milho, assim como os números mundiais. As principais informações foram as seguintes, para o ano 2020/21:
- A safra dos EUA fica agora estimada em 368,5 milhões de toneladas, com um recuo de 5,5 milhões em relação a outubro;
- Os estoques finais estadunidenses de milho recuam para 43,2 milhões de toneladas, perdendo 11,8 milhões de toneladas em relação a outubro;
- A cotação média para o produtor estadunidense passou a US$ 4,00/bushel, contra US$ 3,60 em outubro e US$ 3,56 no ano anterior;
- A produção mundial de milho veio para 1,144 bilhão de toneladas, ou seja, 14 milhões a menos do que o projetado em outubro;
- A produção estimada do Brasil ficou em 110 milhões enquanto a da Argentina em 50 milhões, sendo que o Brasil deverá exportar 39 milhões de toneladas;
- Os estoques finais mundiais recuariam para 291,4 milhões de toneladas, perdendo 9 milhões de toneladas em relação a outubro.
Dito isso, os EUA já teriam comprometido com exportações cerca de 33,2 milhões de toneladas de milho, contra um total esperado no ano de 59,1 milhões.
Já a colheita do cereal nos EUA, até o dia 08/11, atingia a 91% da área total, contra 80% na média histórica.
Aqui no Brasil, os preços do milho continuaram subindo. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 78,57/saco, ganhando cerca de cinco reais por saco em uma semana. Nas demais praças nacionais os preços médios assim ficaram: R$ 78,00 na região central de Santa Catarina; entre R$ 68,50 e R$ 69,00 no Paraná; R$ 68,00 em Campo Novo do Parecis (MT) e R$ 74,00/saco em Maracaju (MS); R$ 80,00 em Itapetininga (SP); R$ 83,00 no CIF Campinas (SP); e R$ 70,00/saco em Jataí e Rio Verde (GO).
A tendência parece ser de os preços estarem chegando ao seu limite de alta após baterem nos R$ 80,00/saco em muitas praças. É o sentimento do mercado em relação as cotações na B3 que, no final desta semana, cederam um pouco, com o contrato novembro/20 fechando em R$ 80,83; janeiro em R$ 81,47; março em R$ 80,90; e maio em R$ 73,51/saco. Isto se deve às dificuldades das indústrias em pagar mais do que estes valores.
Enquanto isso, a Conab reduziu em 2% a área a ser cultivada com o milho de verão no Centro-Sul brasileiro, sendo que até meados da corrente semana 68% da área havia sido semeada (cf. AgRural), com o plantio devendo ir até janeiro/21 diante das dificuldades climáticas na parte Sul do país.
No total das safras nacionais de milho, a Conab projeta uma área de 18,4 milhões de hectares, o que geraria uma produção ao redor de 105 milhões de toneladas. Ou seja, um volume bem menor do que o esperado pela iniciativa privada, que chega a avançar volumes entre 110 e 116 milhões de toneladas.
O consumo interno seria de 71,8 milhões de toneladas, graças as fortes exportações de carnes por parte do Brasil.
O órgão oficial calcula estoques finais, em 2019/20, em torno de 10,5 milhões de toneladas, e para 2020/21 de 9,5 milhões, volume que seria suficiente para um mês e quinze dias de demanda.
Por enquanto, a iniciativa privada calcula uma produção de 27,8 milhões de toneladas para a safra de verão no Centro-Sul brasileiro, ficando 6% acima do colhido na safra anterior, porém, abaixo da última projeção para este ano, que era de 28,4 milhões de toneladas. Já para a segunda safra, o volume a ser colhido chegaria a 86,7 milhões de toneladas, ficando 8% acima do registrado no ano anterior. Com isso, a produção potencial total poderia atingir a 114,5 milhões de toneladas.
Quanto as exportações, segundo a Secex, nos primeiros quatro dias úteis de novembro o Brasil exportou 1,16 milhão de toneladas de milho, com uma média diária 12,4% acima da média do mês anterior. Já em comparação à média diária do mesmo mês do ano passado, o volume é 41% superior. O preço médio obtido foi de US$ 174,80/tonelada.
Enfim, no Mato Grosso a safra 2019/20 estava 97% vendida no início da presente semana, sendo que a safra 2020/21 chegava a 59,5% vendida antecipadamente e a de 2021/22 atingia 3,7% já comercializada. Os altos preços atuais, e a perspectiva de que isso pode não continuar, levaram os produtores locais a acelerarem as vendas futuras. (cf. Imea)
No Paraná, o plantio da safra de verão chegava a 95% da área esperada, sendo que 74% das lavouras se encontravam em boas condições. (cf. Deral)
E no Mato Grosso do Sul, 70% da safrinha recentemente colhida já foi comercializada. Entre janeiro e outubro o Estado exportou 1,2 milhão de toneladas de milho, acusando um recuo de 43,4% em relação ao exportado no ano anterior neste período.
Cada vez mais o mercado considera difícil o país conseguir exportar entre 34 a 35 milhões de toneladas neste ano comercial, levando a crer que sobrará mais milho em janeiro do que o esperado, fato que tende a derrubar os preços na virada do ano.
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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ