Autor: Dr. Argemiro Luís Brum
As cotações do milho em Chicago acabaram subindo um pouco durante a semana, especialmente após o relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado no dia 09/11. Assim, o primeiro mês cotado fechou a semana em US$ 5,69/bushel, contra US$ 5,59 uma semana antes
O relatório do USDA indicou que a nova safra de milho nos EUA ficaria em 382,6 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais chegariam a 37,9 milhões. No primeiro caso um pequeno aumento e no segundo caso um leve recuo. Já a produção mundial de milho sobe para 1,2 bilhão de toneladas, constituindo-se em novo recorde. Os estoques finais mundiais ficariam em 304,4 milhões de toneladas, sendo que a produção brasileira está projetada em 118 milhões e a da Argentina em 54,5 milhões de toneladas. As importações chinesas de milho foram mantidas em 26 milhões de toneladas. Neste contexto, o preço médio do cereal, ao produtor estadunidense, foi mantido em US$ 5,45/bushel para 2021/22.
Dito isto, a colheita de milho nos EUA, até o dia 07/11, atingia a 84% da área semeada, contra 78% na média histórica para esta data.
Em paralelo, na semana encerrada em 04/11, as exportações de milho por parte dos EUA chegaram a 563.163 toneladas, ficando pouco superior ao limite mínimo esperado pelo mercado. No total do ano comercial os EUA já embarcaram 6 milhões de toneladas de milho, o que representa 21% a menos do que o exportado em igual período do ano anterior.
E no Brasil, os preços médios do milho ficaram relativamente estáveis, com viés de baixa. A média gaúcha fechou a semana em R$ 82,98/saco, enquanto nas demais praças nacionais o cereal girou entre R$ 69,00 a R$ 84,00/saco. Já na B3 os contratos de milho, no início do pregão da quinta-feira (11), estavam nos seguintes preços: novembro em R$ 84,87/saco; janeiro em R$ 86,10; março em R$ 86,80 e maio em R$ 82,94/saco.
Por sua vez, a nova safra de verão 2021/22, no país, até o dia 04/11, estava semeada em 75% da área esperada, contra 68% um ano antes. O clima, com exceção do sul do país, onde há certa falta de chuvas, tem sido positivo nas regiões produtoras. (cf. AgRural)
Em paralelo, na primeira semana de novembro o Brasil exportou 447.195 toneladas de milho. Este volume leva a uma média diária de 149.065 toneladas, o que significa uma redução de 37% sobre a média diária de todo o mês de novembro de 2020. O preço da tonelada, todavia, aumentou 37,3% no período, saindo de US$ 178,40 para US$ 245,00. De janeiro a outubro o Brasil teria exportado 14,6 milhões de toneladas, cerca de 41% a menos do que no mesmo período do ano anterior (cf. Secex) Para o total de novembro espera-se exportações ao redor de 2,65 milhões de toneladas, segundo a Anec. Em isso ocorrendo, os primeiros 11 meses do ano registrariam exportações totais de 17,2 milhões de toneladas, contra 33,4 milhões exportadas em todo o ano de 2020, segundo ainda a Associação.
Por outro lado, o Brasil importou, nos primeiros três dias de novembro, um total de 122.154 toneladas de milho, recebendo apenas neste período 58,3% de tudo que foi importado em todo o mês de novembro do ano passado. A média diária do atual mês de novembro é 289% superior à média de novembro do ano passado. Enquanto isso, a tonelada importada viu seu preço saltar de US$ 142,80 para US$ 248,20 no período. De janeiro a outubro o Brasil já importou 2,14 milhões de toneladas, ou seja, 133% acima do que no mesmo período do ano anterior. (cf. Secex)
Em termos estaduais, no Mato Grosso a comercialização da última safrinha de milho bateu em 92,1% do total na virada do mês de outubro para novembro, com um recuo no preço médio do saco, o qual ficou em R$ 71,88. Já para a próxima safra a comercialização antecipada chegou a 36,7%, enquanto o preço médio subiu, ficando em R$ 63,28/saco. Mesmo assim, 12% abaixo do registrado na média do ano anterior. (cf.Imea)
No Paraná, o plantio da nova safra de verão local chegou a 98% da área esperada, sendo que 96% da mesma está em boas condições. A área total prevista para esta safra de verão é de 420.128 hectares, o que poderá propiciar uma produção final de 4,1 milhões de toneladas, com produtividade média ao redor de 166 sacos/hectare, caso o clima colabore até o final. (cf. Deral)
Já em Goiás os preços do milho recuaram na semana passada, perdendo quase cinco reais por saco, ao se estabelecerem na média de R$ 73,14. Nesta semana já caíram para R$ 69,00, considerando as praças de Rio Verde e Jataí. (cf. Ifag)
E no Mato Grosso do Sul, nos primeiros oito dias de novembro, o preço do milho recuou de R$ 76,00 para R$ 72,63/saco na média. Lembrando que a média de novembro de 2020 foi de R$ 70,70/saco neste Estado. A comercialização da safrinha passada já atinge a 74% do total no Mato Grosso do Sul. (cf. Famasul)
Enfim, vale muito destacar que o forte recuo nas exportações, associado ao forte aumento nas importações, está levando o Brasil a ficar com estoques finais de mais de 10 milhões de toneladas de milho, quando se esperava escassez do cereal neste ano. Isso está invertendo a tendência dos preços. (cf. Brandalizze Consulting) E muito ainda poderá ocorrer se a safra de verão, com aumento da área semeada, vier normal.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).