Com crescente participação nas lavouras brasileiras, as plantas do gênero Amaranthus, popularmente conhecidas como caruru, se destacam pela elevada habilidade competitiva, rápido crescimento e desenvolvimento vegetal, grande prolificidade e adaptabilidade. Segundo Gazziero & Silva (2017), dependendo da espécie de caruru e densidade populacional, perdas de produtividade superiores a 91% podem ser observadas em milho, 79% em soja e 77% em algodão.

Segundo Penckowski et al. (2020) uma planta de Amaranthus hybridus pode produzir de 200 a 600 mil sementes, característica comum da maioria das espécies do gênero Amaranthus. Além da elevada produção de sementes, a dispersão facilitada dela e os diversos fluxo de emergência do caruru dificultam o manejo e controle eficientes dessa planta daninha, especialmente se tratando de populações com resistência a herbicidas.

Figura 1. Casos de resistência das principais espécies de caruru relatados no Brasil.

Fonte: Heap (2022)

Tendo em vista a resistência de plantas de caruru a diferentes mecanismos de ação de herbicidas, identificar as populações com resistentes é fundamental para embasar o manejo e controle eficiente dessas plantas daninhas. Objetivando avaliar a susceptibilidade de biótipos de caruru provenientes de lavouras de soja aos herbicidas inibidores da EPSPs, ALS, PROTOX, GS e mimetizadores de auxinas, Amarante et al. (2022) mapearam os casos de resistência do caruru no Rio Grande do Sul.

Para compor o estudo os autores coletaram sementes nos anos de 2020 e 2021 em lavouras de soja no RS, infestadas com caruru sobreviventes à aplicação de glyphosate ou de sua associação com outros herbicidas, totalizando 227 biótipos, de 92 municípios em 2020, e 220 biótipos de 98 municípios em 2021.

Amarante et al. (2022) avaliaram o controle aos 28 dias após aplicação (DAA), utilizando os herbicidas glyphosate (720 ou 1440 g e.a. ha-1), chlorimuron (20 ou 40 g i.a. ha-1 + Veget Oil® a 0,5 v/v), fomesafen (250 ou 500 g i.a. ha-1 + Energic® a 0,2 v/v), amônio glufosinato (500 ou 1000 g i.a. ha-1 + Mess® a 0,2 v/v) e 2,4-D (670 ou 1340 g e.a. ha-1).



Segundo resultados obtidos pelos autores, para a dose de bula de glyphosate, dos biótipos analisados em 2020, 19,5% demonstraram controle inferior a 70% e 80,5% foram efetivamente controlados (Figura 2.a). Já para o ano de 2021, 33,7% dos biótipos testados apresentaram suscetibilidade baixa, enquanto 2,4% apresentaram média e 63,9% apresentam alta suscetibilidade (figura 2b).

Quando avaliado o dobro da dose de glyphosate, em 2020, 16,9% dos biótipos apresentaram controle inferior a 70% e 83,1% apresentaram controle superior a 80% (Figura 2c). Em 2021, 31,4% dos biótipos foram considerados com susceptibilidade baixa, ou seja, suspeitos de resistência (Figura 2d) (Amarante et al., 2022).

Figura 2. Mapa de controle de Amaranthus spp. em função da aplicação de glyphosate na dose de bula (a-b) e dobro da dose (c-d), aos 28 DAA, nos anos de 2020 (a-c) e 2021 (b-d).

Fonte: Amarante et al. (2022)

Com relação ao controle utilizando os outros herbicidas analisados, para a dose de bula de chlorimuron, em 2020 18,1% dos biótipos foram classificados como susceptibilidade baixa, 2,1% apresentaram susceptibilidade intermediária e 79,8% obtiveram susceptibilidade superior a 80%, enquanto para o ano de 2021, 28,4% dos biótipos foram considerados com susceptibilidade baixa, 5,1 % intermediária, e 66,5% apresentaram controle satisfatório (Amarante et al., 2022).

Amarante et al. (2022) destacam que para o controle com fomesafen e amônio glufosinato, todos os bióticos estudados apresentaram suscetibilidade alta, superior a 80%, independente da dose utilizada. Já para o controle com o herbicida, 2,4-D, quando utilizada a dose de bula, 1,0% dos biótipos apresentaram controle inferior a 70% e 1,5% tiveram controle intermediário, enquanto os demais biótipos apresentaram susceptibilidade alta, superior a 80%, independentemente da dose testada para o ano de 2021.

Confira o trabalho completo de Amarante e colaboradores (2022) clicando aqui!

Referências:

AMARANTE, A. et al. MAPEAMENTO DA SUSCETIBILIDADE DE Amaranthus spp. A HERBICIDAS NO RIO GRANDE DO SUL. Comitê de Ação a Resistência aos Herbicidas, Informe Técnico, n. 1, v. 4, 2022. Disponível em: < https://drive.google.com/file/d/14PDU0fKraXkVv7CvGobkWjxNVUi280IC/view >, acesso em: 18/08/2022.

GAZZIERO, D. L. P.; SILVA, A. F. CARACTERIZAÇÃO E MANEJO DE Amaranthus palmeri. Embrapa, Documentos, n. 384, 2017. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1069527/caracterizacao-e-manejo-de-amaranthus-palmeri#:~:text=Recentemente%2C%20foi%20registrada%20a%20presen%C3%A7a,cultura%20com%20a%20qual%20conviva. >, acesso em: 18/08/2022.

HEAP. I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2022. Disponível em: < https://www.weedscience.org/Home.aspx >, acesso em: 18/08/2022.

PENCKOWSKI, L. H. et al. ALERTA! CRESCE O NÚMERO DE LAVOURAS COM Amaranthus hybridus RESISTENTE AO HERBICIDA GLIFOSATO NO SUL DO BRASIL: O PRIMEIRO PASSO É SABER IDENTIFICAR ESSA ESPÉCIE! Revista FABC, 2020. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/ebook/REVISTA-Fabc.pdf >, acesso em: 18/08/2022.

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