Desde 2001, quando a ferrugem asiática entrou no nosso país, já ocorreram uma série de mudanças no genoma do fungo, onde aquele que apareceu em 2001 já é bem distinto do fungo que temos atualmente nas lavouras. Isso se deu em virtude de uma série de mutações que conferiram ao fungo uma menor sensibilidade a alguns fungicidas.
Atualmente, os fungicidas utilizados para o controle da ferrugem são misturas duplas ou triplas dos seguintes produtos listados abaixo, sendo que a coloração azul indica que ainda estão em fase de registro.

Pensando nisso, na terceira temporada do Dicas Mais Soja, o Dr. e pesquisador Carlos Alberto Forcelini comentou sobre a resistência dos fungos que ameaçam o controle de doenças na cultura da soja.
O pesquisador ressaltou que estamos hoje, no Brasil, em uma situação bastante grave em relação à resistência de fungos à fungicidas, especialmente na cultura da soja, onde a ferrugem asiática destaca-se nesse cenário.
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Conforme destacado, entre os anos de 2007 e 2008 teve-se os primeiros relatos de resistência fúngica em relação aos fungicidas chamados de Triazóis e em virtude de o fungo causador da ferrugem ter a capacidade de percorrer longas distâncias em função de ser carregado pelo vento, essa resistência espalhou-se rapidamente por todo o país.
Já, na safra de 2013 e 2014 observou-se uma alteração no controle, evidenciando a resistência do fungo às Estrobirulinas, com fungos resistentes a esse grupo químico.
Posteriormente, em 2017, ocorreu outro relato de resistência do fungo da ferrugem asiática às Carboxamidas.
Dessa forma, pode-se dizer que o fungo Phakopsora pachyrhizi já apresenta algum tipo de resistência parcial aos Triazóis, Estrobirulinas e Carboxamidas.
Veja, na tabela abaixo os produtos que desenvolveram resistência de forma detalhada.

Para a solução desse problema, o pesquisador comenta que é necessário que sejam lançados novos produtos com novos mecanismos de ação para o controle desse fungo, porém, essa não é uma tarefa fácil e a princípio, está projetado para serem lançados somente no ano de 2025 ou depois disso.
Com isso, o mais importante nesse momento, até que tenhamos novos mecanismos para serem utilizados, ou diferentes dos que existem hoje, devemos garantir o funcionamento dessas ferramentas através da utilização de um programa de manejo correto, trabalhando-se com reforços nas aplicações de fungicidas, principalmente os Multissítios, que são produtos de baixíssimo risco de resistência e que estabilizam esse processo.
Além disso, trabalhar com intervalos mais seguros, respeitando sempre os períodos entre uma aplicação e outra, já que os produtos reduziram sua eficácia, e por fim, realizar o manejo trabalhando de forma preventiva, são as principais ferramentas a serem utilizadas nesse momento.
Dessa forma, o pesquisador cita que, mesmo que no futuro tenhamos novas ferramentas para o controle de fungos na cultura da soja, principalmente aqueles que já desenvolveram um certo grau de resistência como a ferrugem, é importante que esses produtos sejam protegidos e utilizados da maneira correta, para que não percam sua eficiência ao longo dos cultivos como já ocorreu com os mecanismos que vínhamos utilizando, sendo recomendadas as mesmas ferramentas de manejo que já foram citadas anteriormente.
Com isso, para as novas ferramentas que serão lançadas futuramente, deve-se:
- Utilizar um programa de manejo correto;
- Utilizar reforço nas aplicações;
- Trabalhar com intervalos seguros;
- Fazer um manejo preventivo.
Para ouvir a conversa do pesquisador com o Mais Soja, assista o vídeo abaixo.
https://www.facebook.com/maissoja/videos/1556380047834579/?t=170
Elaboração: Engenheira Agrônoma Andréia Procedi – Equipe Mais Soja.