As quantidades de calcário aplicadas nos solos brasileiros precisam ser revistas. O posicionamento vem ganhando força a cada dia, tanto em função das buscas de maiores produtividades como também das mudanças climáticas vividas pelo país.
Em pelo menos dois eventos, o tema ganhou força. No Encontro Nacional dos Produtores de Calcário Agrícola (Enacal), em Goiânia, o pesquisador da Embrapa, Rafael Nunes, defendeu as revisões. Já no podcast organizado pela Abracal, o engenheiro agrônomo Jairo Hanasiro também pregou novas avaliações.
Presidente da Abracal, João Bellato Júnior estima que há uma defasagem próxima de um terço da atual quantidade de calcário aplicada. No Brasil, o consumo atual de 55 milhões de toneladas deveria estar perto de 80 milhões anuais.
Bellato reforça que qualquer evolução passa pelo olhar técnico. O país ainda apresenta defasagem no processo de análise de solo, que é o primeiro passo para que a indicação do volume necessário seja a mais correta possível.
Adubo render mais
Rafael Nunes aponta que a acidez ainda é bastante notada em cultivos nos vários estados brasileiros. De acordo com o pesquisador, três objetivos principais devem estar presentes na revisão das metodologias de cálculo:
. ampliar a produtividade;
. obter estabilidade nos resultados em períodos de fenômenos climáticos;
. e melhorar o rendimento dos fertilizantes.
Nunes resumiu sua palestra no Enacal nesse vídeo.
Agora, se você quer assistir à palestra completa do pesquisador da Embrapa em Goiânia, clique aqui – a partir de 53min30seg.
Ensaios dos anos 1970
Por sua vez, Jairo Hanasiro contou no podcast “Papo de Calcário” que regiões, como a de Mato Grosso, ampliaram o consumo de calcário ao notarem os bons resultados gerados quando ocorre o salto na aplicação.
O engenheiro lembra que grande parte dos ensaios que geraram os cálculos de aplicação de corretivos ocorreu nas décadas de 1970 e 1980, em um cenário climático bem diferente. Técnicas de cultivo também foram revisadas, gerando, por exemplo, o avanço do emprego do plantio direto no agronegócio nacional.
Assista à fala de Hanasiro aqui, a partir de 29 minutos.