A rotação de culturas com crotalária e braquiárias pode ajudar a manejar nematoides em lavouras de algodão. De acordo com a Abrapa (Associação Brasileira de Produtores de Algodão), o Estado do Mato Grosso planta 70% do algodão produzido no Brasil. Estudo realizado pela AMPA (Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão) avaliou mais de mil talhões de algodoeiro espalhados pelo Estado e identificou que 96,2% apresentaram nematoides no solo.

De acordo com a Abrapa (Associação Brasileira de Produtores de Algodão), o Estado do Mato Grosso planta 70% do algodão produzido no Brasil. Estudo realizado pela AMPA (Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão) avaliou mais de mil talhões de algodoeiro espalhados pelo Estado e identificou que 96,2% apresentaram nematoides no solo.

Nos últimos anos, esse verme tem ganhado cada vez mais destaque na cotonicultura, devido ao seu potencial de dano – há relatos de que nematoides causam até 60% de redução na produtividade. A principal recomendação de manejo para esse advento é a rotação de culturas, pois quando o algodoeiro está instalado, não há alternativa eficiente disponível para combater os nematoides.

Nematoides no algodoeiro

Os nematoides são vermes cujo corpo tem formato cilíndrico e geralmente alongado, medindo de 0,3 mm a 3 mm. Esses parasitas têm um estilete bucal que, além de retirar substâncias nutritivas das plantas, facilita a entrada de substâncias tóxicas no interior da célula vegetal. Geralmente, os nematoides estão presentes no solo e atuam nas raízes das plantas. Quase sempre esse parasitismo fica evidente pelo aparecimento de formas anormais de estruturas – galhas e escurecimento do tecido.

Os principais nematoides que causam danos ao algodoeiro são:

  • Nematoide-das-galhas (Meloidogyne incognita)
    • Gera as chamadas “galhas” nas raízes da planta de algodão, que são alterações celulares causadas no interior do tecido das plantas pelo processo de alimentação desse nematoide. Como consequência, ocorrem a diminuição da área foliar, deficiências minerais e murchamento temporário da planta durante o período mais quente do dia.
  • Nematoide reniforme (Rotylenchulus reniformis)
    • Pode causar redução do tamanho e ramificação das raízes principais ou laterais, bem como a diminuição do porte das plantas. Não ocorrem alterações visuais muito expressivas nas raízes.
  • Nematoide-das-lesões-radiculares (Pratylenchus brachyurus)
    • Provoca o escurecimento das raízes e a redução no tamanho da planta. Os sintomas do ataque deste nematoide ocorrem apenas em casos de alta infestação e são mais difíceis de serem observados, quando comparados aos outros dois.

Manejo de nematoides no algodoeiro

Não há alternativa química ou biológica para o manejo de nematoides. A melhor forma de controlar essa praga é evitando sua entrada na lavoura, com práticas integradas, como:

  • Limpar sempre os reservatórios de água e os canais de irrigação.
  • Lavar cuidadosamente as máquinas e os implementos agrícolas, principalmente após a utilização em áreas infestadas por nematoides.
  • Evitar plantios consecutivos com culturas suscetíveis ao verme.
  • Usar cultivares resistentes.
  • Expor as camadas profundas do solo à radiação solar nas horas mais quentes do dia.
  • Fazer rotação de culturas.

A rotação de culturas no algodoeiro

A rotação de culturas já é praticada com intensidade em todo o território nacional. No entanto, na maioria dos casos, a rotação acontece por conveniência nas principais regiões produtoras de algodão, considerando-se estratégias comerciais, e não o manejo de nematoides.

O sistema produtivo mais comum dos cotonicultores é composto por uma safra de algodão, seguida por safra de soja – cultivo que cria ambiente favorável para o desenvolvimento de mais de 100 espécies de nematoide, envolvendo cerca de 50 gêneros ao redor do planeta. Especificamente no Brasil, os nematoides mais comuns em lavouras de soja são, na maioria, os mesmos que reduzem a produtividade do algodão.

Nesse cenário, a rotação de culturas é fundamental para o algodoeiro e pode fazer a diferença no longo prazo nas lavouras. Entretanto, é preciso adotar as culturas ideais, que não sejam fontes de alimentos para nematoides e que ajudem a cortar o ciclo de permanência deles no solo.

Conheça as principais recomendações de cultura para rotação com algodão

  • Crotalaria Spectabilis
    • É uma planta leguminosa anual de verão, considerada eficiente na redução da população dos nematoides reniformes, de galhas e de cisto, além de lesões radiculares. Apresenta grande capacidade de fixação biológica de nitrogênio atmosférico e excelente produção de massa verde. Pode ser usada em entrelinhas de culturas perenes, sem prejudicar o trânsito de maquinários ou pessoas.
  • Braquiárias – Brachiaria decumbens e Brachiaria ruziziensis
    • São muito empregadas como cobertura de solo. Apresentam grande volume de massa verde e forragem de qualidade. Quando usadas com foco em plantio direto, os benefícios para o solo são evidentes. Além disso, são plantas muito sensíveis a herbicidas. As braquiárias são importantes para o manejo de nematoides-das-galhas e nematoides reniformes.

Conheça a performance de outras culturas que geralmente são utilizadas para rotação com algodoeiro

Estudo da AMPA identificou o potencial de diversas culturas como rotação para o manejo de nematoides no algodoeiro. Confira na tabela quais são elas, de acordo com as cores: vermelho indica que a cultura é boa hospedeira da praga (portanto, não deve ser usada em rotação), azul indica que a cultura multiplica pouco os nematoides (má hospedeira), verde indica que a cultura não multiplica o nematoide (cultura não hospedeira) e laranja indica plantas que apresentam reação variável.

É muito importante reforçar que, para a escolha da melhor cultura para a rotação com a cotonicultura, é necessário conhecer muito bem o histórico da lavoura e do ambiente produtivo. Isso vai garantir que a cultura em rotação traga rendimentos econômicos de forma sustentável, não impactando na estratégia comercial do produtor, além de manejar nematoides do algodoeiro.

Fonte: Agro Bayer Brasil

Foto de capa: Fabiano Perina – Embrapa Algodão 

 

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