As projeções do Centro de Previsão Climática da NOAA (NOAA/CPC), nos Estados Unidos, indicam probabilidade acima dos 60% para ocorrência de La Niña até janeiro de 2026. É o que informa o Boletim Trimestral do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs), coordenado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). As previsões apresentadas pelo boletim são baseadas no modelo estatístico do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
O prognóstico indica chuvas variando de normal a abaixo da média na maioria das regiões em dezembro de 2025 e janeiro e fevereiro de 2026. Maiores desvios negativos de precipitação pluvial devem ocorrer na metade sul e oeste do Estado, especialmente entre dezembro de 2025 e janeiro de 2026. Nos meses janeiro e fevereiro, as precipitações pluviais ainda podem ficar ligeiramente abaixo da média, com maior irregularidade espacial.
Há tendência de precipitação acima da média no nordeste do Estado em janeiro, retornando as condições de valores ligeiramente inferiores no nordeste e norte em fevereiro.
As temperaturas do ar sobem gradativamente ao longo do trimestre, devendo ter anomalias mais positivas em relação aos meses anteriores, com possíveis ondas de calor. Com o aquecimento, eventos de granizo e tempestades típicas de verão, com rajadas de vento, podem ocorrer.
O boletim do Copaaergs é elaborado a cada três meses por especialistas em Agrometeorologia de 13 entidades estaduais e federais ligadas à agricultura ou ao clima. O documento também lista uma série de orientações técnicas para as culturas do período.
ARROZ
- Apesar dos reservatórios estarem com suas capacidades máximas, os produtores devem manter a atenção no armazenamento e uso de água durante a safra, dado o prognóstico de chuvas abaixo da média (especialmente dezembro) e da alta demanda evaporativa do período;
- Racionalizar o uso da água disponível através de técnicas de manejo adequadas, tais como movimentação mínima da água nos quadros e manutenção de baixas lâminas de água.
CULTURAS DE VERÃO PRODUTORAS DE GRÃOS
- Na semeadura de soja (restantes 40% da área prevista), atentar para disponibilidade de umidade do solo que permita a germinação adequada, respeitando o Zoneamento de Risco Climático;
- Fazer adubação em cobertura preferencialmente antes da ocorrência de chuvas ou quando o solo apresentar disponibilidade de água adequada;
- Considerando o prognóstico de chuvas abaixo da média, especialmente em dezembro, dar atenção ao manejo de irrigação das culturas, priorizando os períodos críticos de florescimento/inicio de formação dos grãos, principalmente na cultura do milho;
- No momento de realizar a contratação de seguro agrícola, considerar a maior probabilidade de ocorrência de granizo.
HORTALIÇAS
- O prognóstico de precipitação abaixo da média requer atenção quanto à necessidade de irrigação, que deve, preferencialmente, ser realizada via sistema de gotejamento, que apresenta melhor eficiência de uso da água;
- Dar especial atenção à irrigação de espécies com maior necessidade/exigência de água (ex. brássicas), pois mesmo genótipos de verão podem ser negativamente impactados pela redução da disponibilidade hídrica;
- Mediante o prognóstico de temperaturas do ar próximas ou ligeiramente acima do padrão climatológico recomenda-se proceder ao manejo de abertura de laterais em ambientes protegidos (túneis e estufas), o mais cedo possível, evitando aumento excessivo da temperatura do ar no período diurno no ambiente interno dos abrigos;
- Se possível, usar telas sombreadoras ou refletoras sobre o dossel de plantas para reduzir a incidência de radiação solar e, consequentemente, a temperatura do ar próxima ao dossel.
FRUTICULTURA
- Preservar a cobertura verde nos pomares, seja por meio de espécies cultivadas ou espontâneas, para proteção do solo, favorecendo a infiltração e armazenamento de água;
- Apesar do prognóstico de chuvas abaixo da média no trimestre, podem ocorrer chuvas de maior intensidade (tempestades), reforçando a importância do uso da cobertura verde para minimizar a erosão e perdas de solo e nutrientes;
- Priorizar e agilizar a implantação de sistemas de proteção antigranizo, como telas antigranizo e/ou seguro agrícola;
- Em caso de ocorrência de danos por granizo, adotar o manejo usual do dossel vegetativo em relação a podas e aplicações de defensivos químicos, a fim de assegurar a produção da safra seguinte;
- Em função dos prognósticos de chuva abaixo da média, dar atenção à incidência de doenças (oídio) e pragas. Atentar para o monitoramento e controle de ácaros, evitando inseticidas pouco seletivos que afetam os inimigos naturais destes insetos; e de moscas-das-frutas, adotando o uso de iscas tóxicas.
SILVICULTURA
- Adequar o manejo florestal, considerando a possibilidade de precipitação pluvial abaixo da média climatológica;
- Em povoamentos florestais, deve ser evitada a adubação, principalmente se não houver a incorporação imediata dos fertilizantes;
- Atentar para a possibilidade de maior ocorrência de pragas, principalmente formigas em plantios recentes;
- Em viveiros, manejar as casas de sombra e áreas de rustificação com ciclos de irrigação adequados às condições de maior evapotranspiração. Avaliar a necessidade de alteração da lâmina de irrigação em função da previsão de menor umidade relativa do ar e temperatura mais elevada, a curto prazo.
PASTAGENS
- Considerando o prognóstico de precipitação abaixo da média climatológica, no trimestre (dezembro de 2025/janeiro e fevereiro de 2026) recomenda-se manter a cobertura do solo e assegurar adequada disponibilidade de forragem. O ajuste da lotação animal deve ser realizado de forma a manter oferta de forragem adequada, conforme o ritmo de crescimento das pastagens, otimizando o uso dos recursos forrageiros ao longo do período mais seco;
- Nas áreas onde havia azevém, o ciclo da forrageira já se encerrou neste período. A massa remanescente pode ser utilizada como cobertura do solo ou incorporada ao sistema para favorecer a conservação da umidade e a proteção do solo durante o verão;
- Para pastagens de verão, recomenda-se escalonar os períodos de plantio e semeadura, utilizando mudas ou sementes de alto vigor, o que favorece um estabelecimento mais uniforme e reduz os riscos associados à irregularidade das chuvas;
- A utilização de silagem ou feno produzidos a partir de cultivos e pastagens de inverno é fortemente recomendada, assegurando reserva de alimento para categorias de maior exigência nutricional durante o verão, quando o déficit hídrico pode comprometer o crescimento e desenvolvimento das pastagens;
- A adoção do diferimento de áreas contribui para aumentar a quantidade e a qualidade da forragem em períodos de estiagem, além de favorecer o aprofundamento do sistema radicular, ampliando a tolerância das plantas ao déficit hídrico;
- Quando houver disponibilidade de infraestrutura, a irrigação de pastagens cultivadas nos períodos de menor precipitação pluvial pode ser empregada, como estratégia de mitigação, reduzindo os impactos da irregularidade das chuvas sobre a produção de forragem;
- As temperaturas elevadas previstas para o trimestre podem intensificar o estresse térmico nos animais, especialmente em vacas leiteiras de alta produção. Recomenda-se adotar estratégias de manejo que atenuem os efeitos do calor, como sombreamento, oferta abundante de água fresca, redução da exposição direta ao sol e ajustes no fornecimento de alimento, a fim de preservar o desempenho e evitar perdas econômicas.
Fonte: Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação
Autor:Governo do Estado do RS
Site: Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação




