A ocorrência de chuvas, mesmo que em volumes e distribuição irregular, proporcionaram melhores condições e umidade do solo e a manutenção de temperaturas amenas. Esses fatores estimularam a emissão de novas folhas e a retenção de vagens em cultivos que estão entre a fase final de floração e fase inicial de enchimento dos grãos. Na metade Leste do Estado, há uma recuperação parcial, inclusive em lavouras em fase final de enchimento de grãos, aumentando o seu peso e, portanto, impactando positivamente na produtividade.

Dessa forma, o cenário da produção é distinto, pois varia em termos de efeitos causados pela estiagem. Dentre as lavouras mais afetadas, estão aquelas semeadas no início do período recomendado, as cultivares mais precoces e as localizadas na metade Oeste do Estado. A estimativa de produtividade atual é de 1.511 quilos por hectare, sendo 52% menor que a inicialmente planejada.

A colheita evoluiu lentamente para 6%, concentrada em cultivos com maiores danos por estiagem. A produtividade, nessas áreas, é muito baixa, com abandono de algumas lavouras que não viabilizam economicamente a operação. Além dos danos quantitativos, parte dos grãos colhidos apresentam defeitos que inviabilizam a extração de óleo, sendo destinados alternativamente para rações, com depreciação comercial.

As condições fitossanitárias de maneira geral são satisfatórias, mesmo com a redução do número de pulverizações de produtos químicos, em decorrência do clima seco e da necessidade de redução nos custos de produção. A ocorrência de doenças está limitada a manchas foliares concentradas no terço inferior das plantas. No entanto, houve aumento na incidência de lagartas, como a falsa-medideira (Chrysodeixis includens), com indicação de controle em algumas regiões. As chuvas registradas em maior frequência e a redução nas temperaturas máximas contribuíram para a redução na população de ácaros e tripes.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, as temperaturas elevadas continuam a causar estresse, fator que ocasiona o abortamento de flores e vagens, atingindo também as lavouras irrigadas. A colheita está em fase inicial, e em Maçambará, a produtividade é abaixo de 600 quilos por hectare. Em Manoel Viana, oscila entre 300 e 600 quilos por hectare, com abandono de algumas lavouras onde a relação custo/benefício inviabiliza a colheita. Em Rosário do Sul, a ocorrência de granizo em 28/02 causou perda total em algumas lavouras. Na Campanha, produtores motivados com a elevação nos preços da soja e o retorno das chuvas retomaram aplicações de fungicidas e inseticidas suspensas em fevereiro. As lavouras em áreas de várzeas com cultivares de ciclo mais longo apresentam o maior potencial de produção, superior a três mil quilos por hectare. Em solos rasos e com problemas de compactação, as cultivares de ciclo mais longo apresentam desfolha e morte de plantas. Em Dom Pedrito, município com a maior área cultivada na região, a colheita encontra-se em fase inicial, e 9% das lavouras já estão em fase de maturação.

Na de Caxias do Sul, as chuvas, a partir de janeiro, foram mais expressivas nos principais municípios produtores, e a expectativa de rendimento vem se mantendo, após uma queda inicial. Em Esmeralda, onde são cultivados 30 mil hectares, 10% das lavouras foram colhidas, e o rendimento é em torno dos 1.500 quilos por hectare. Para as lavouras semeadas no final do período recomendado, estima-se rendimentos mais elevados, que elevem a média municipal a 2.400 quilos por hectare.

Na de Erechim, 6% das lavouras já foram colhidas. A produtividade, nessas primeiras lavouras, é de 900 quilos por hectare. A produtividade média regional deverá sofrer uma redução de aproximadamente 40%, prevendo-se finalizar próximo a 2.300 quilos por hectare.

Na de Frederico Westphalen, a recorrência de chuvas favoreceu as lavouras implantadas em sucessão ao milho. Contudo, aumentou a incidência de doenças e pragas. A colheita foi realizada em 6% da área cultivada, e há estimativa de redução de aproximadamente 60% na produtividade.

Na regional de Ijuí, produtores realizaram manejos fitossanitários com fungicidas e para o controle da grande incidência de lagartas. As lavouras evoluíram rapidamente de fase, com 62% em estádio de formação e enchimento de grãos. A produtividade tem quebra estimada em 68%, e a colheita alcançou 4%. No Noroeste Colonial, em Catuípe, os primeiros rendimentos são de 240 quilos por hectare e, no Alto Jacuí, em Colorado, foram um pouco superiores, variando entre 600 e 900 quilos por hectare. Ambos com elevado percentual de grãos esverdeados e formação incompleta.

Na de Passo Fundo, a colheita avançou para 14% dos cultivos, e a redução de produtividade em 44%.

Na de Pelotas, as lavouras foram beneficiadas com as precipitações em todos os Municípios da região, com acumulados de 10 mm a 118 mm. A cultura encontra-se predominantemente no período de enchimento dos grãos, com 70% nesse estágio. Outros 24% estão em fase de florescimento, 4% em desenvolvimento vegetativo e 2% em maturação. Mesmo com a melhora das condições, a produtividade média estimada é de aproximadamente 2.400 quilos por hectare, considerando que as lavouras mais prejudicadas deverão apresentar produtividades inferiores a 1.500 quilos por hectare.

Na de Porto Alegre, os solos estão mantendo um bom teor de umidade, o que permite a manutenção do crescimento e vigor das plantas. Predominam as fases de formação de vagens e enchimento de grãos. Estima-se uma redução de 5% no potencial produtivo, com previsão de colheita de 2.800 quilos por hectare. Foram realizadas aplicações preventivas de fungicidas devido à conjugação de temperatura e umidade relativa do ar altas.

Na de Santa Maria, a perda estimada é superior a 60% na cultura em relação à estimativa inicial de rendimento. 10% das lavouras estão colhidas, e 70% estão entre os períodos de floração e enchimento de grãos.

Na de Santa Rosa, os estádios da cultura dividem-se em desenvolvimento vegetativo (4%); florescimento (13%); enchimento de grãos (51%) e maturação fisiológica (28%). Foram colhidos 4% dos cultivos, com produtividade média de 550 quilos por hectare. Há dificuldades na comercialização do produto colhido, pois há resistência de empresas em receber grãos esverdeados, chochos e danificados. Essa condição leva as unidades a qualificá-lo como não comercial e classificá-lo como impureza, alcançando de 65% a 80% dos grãos entregues. Mesmo no sistema cooperativo, há unidades que segregam o produto sem danos, disponível para comercialização de acordo com a cotação vigente, e outro produto com qualidade inferior, armazenado separadamente, que produtores só poderão realizar a venda caso haja oportunidade de negócio, mas com valor inferior ao de melhor qualidade. Essa política de comercialização tem causado dificuldades aos produtores quanto ao acionamento de Proagro e seguros agrícolas, para os quais é necessário indicar a valoração da produção remanescente.

Na de Soledade, a produtividade atual estimada é de 2.250 quilos por hectare. As lavouras em desenvolvimento vegetativo representam 12%; em florescimento e formação de vagens, 30%; em enchimento de grãos, 47%; e em maturação, 10%. A colheita aproxima-se de 1%. O controle de plantas invasoras em pós-emergência foi finalizado em áreas com plantio tardio. Aplicações de fungicidas para controle da ferrugem asiática e inseticidas foram realizadas em locais com maior incidência de lagartas e percevejos.

Programa Monitora Ferrugem RS

Com o avanço nos estádios de desenvolvimento do cultivo de soja, a ocorrência de esporos da ferrugem asiática tem aumentado nas últimas semanas, no período de 21 a 28/02/22 identificou-se a presença de esporos em quase todo o território gaúcho, desta forma, recomenda-se cuidados com a doença. Menciona-se ainda a necessidade de observância das condições climáticas favoráveis a ocorrência da doença.

Mapa da presença de esporos da ferrugem da soja no período de 21 a 28/02/22, Rio Grande do Sul, Safra 2021-2022. Resultados compilados de 01 a 07/03/22 e divulgados em 08/03/22.

Comercialização (saca de 60 quilos)

O levantamento semanal de preços, realizado pela Emater/RS-Ascar no Estado, identificou cotação média da saca com variação de +2,37% em relação à da semana anterior, ou seja, passou de R$ 197,54 para R$ 202,22. O produto disponível em Cruz Alta foi cotado em R$ 210,00/sc.

Fonte: Emater/RS – ASCAR

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