O início do período com chuvas e alta umidade impediu o avanço da colheita na maior parte do Estado. O retorno das máquinas às lavouras se intensificou no dia 06/05, limitando-se às lavouras de topografia mais elevada, já que, nas mais baixas, ainda havia muita umidade, impossibilitando o acesso. Nos dias subsequentes, as atividades foram intensas e buscaram diminuir a proporção de lavouras já maduras expostas as intempéries. O produto colhido apresentou alta umidade, acima da ideal para a operação.
Na amostragem da primeira quinzena de maio/22, realizada em 361 municípios das 12 regiões administrativas da Emater/RS-Ascar, o índice de colheita alcançou 83% dos cultivos. Esse índice é menor na Metade Sul do Estado, com cerca de 65% das lavouras colhidas, e maior no Extremo Norte, com 96% colhidos, no Alto Uruguai.
Permanecem a campo 16% em maturação, e 1% está em fase final de enchimento de grãos. Onde as precipitações foram em maior volume, constatou-se danos nos grãos de plantas maduras, como abertura de vagens, queda e início de germinação de grãos. As lavouras em maturação não apresentaram danos causados pelo longo período de alta umidade.
A produtividade estimada, na amostragem, permanece próxima ao levantamento anterior, mas há possibilidade de pequena redução, ou seja, uma produção que varia entre 1.400 e 1.500 kg/ha na média estadual, representando variação negativa de 55% da produtividade projetada inicialmente.
A partir da estimativa de produtividade das diferentes regiões do Estado, pode-se destacar diferentes faixas de produção, que ilustram, em maior ou menor grau, os efeitos da estiagem durante os meses iniciais de cultivo. Na regional de Santa Rosa, localizada no Noroeste do Estado, é onde estima-se a menor produtividade, 525 kg/ha, e onde as condições de cultivo foram muito impactadas pela insuficiência de água no estabelecimento inicial e nas fases reprodutivas. Também se registram, nessa região, muitos casos de abandono de lavouras sem colher devido à inviabilidade econômica. Em uma segunda faixa, estão as regionais de Bagé, Ijuí, Santa Maria e Frederico Westphalen, nas quais a produtividade é estimada entre 1.000 e 1.400 kg/ha. Nessas duas primeiras faixas, além da redução de quantidade, é possível que a qualidade de sementes para a próxima safra seja afetada, especialmente nas cultivares de ciclo mais precoces. Na terceira faixa, encontram-se as regionais de Caxias do Sul, Erechim, Lajeado e Soledade, nas quais a produtividade estimada situa-se entre 1.800 e 2.300 kg/ha, aumentando progressivamente à medida que se aproxima do leste do Estado. Por fim, na quarta e última faixa de produtividade, estão as lavouras das regionais de Pelotas e Porto Alegre, com expectativa acima de 2.500 kg/ha, com destaque esta última, que deverá alcançar em média 2.850 kg/ha, superando, até mesmo, a projeção inicial de início da safra.
No aspecto fitossanitário, não foram realizados manejos nem tratamentos, tanto pela umidade elevada quanto pela aproximação do final do ciclo das lavouras. Os produtores da região da Campanha, onde há lavouras infestadas com caruru (Amaranthus spp), relatam incidência de descontos elevados nas cerealistas, alcançando 10% em algumas cargas, além das perdas decorrentes da competição ao longo do ciclo de desenvolvimento da soja.
Comercialização (saca de 60 quilos)
De acordo com o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Rio Grande do Sul, houve redução de -2,96% em relação à semana anterior, passando de R$ 191,73 para R$ 186,05. O produto disponível, em Cruz Alta, teve redução de -2,54% em relação à semana anterior, sendo cotado a R$ 192,00.
Fonte: Emater/RS – ASCAR