No Estado houve registro de chuvas em vários municípios nos dias 16 e 17/01, que refletiu na queda das temperaturas, porém o quadro não se manteve por muito tempo, com o retorno do calor forte. Os volumes precipitados foram um alento nas lavouras, mas não o suficiente para melhorar a performance do ciclo que avança na fase de enchimento de grãos para 19%. A área implantada corresponde a 98% do previsto para a safra.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, o registro de chuvas com baixos volumes e distribuição irregular intensifica o estresse nas lavouras na Fronteira Oeste. Além da falta de umidade no solo, a sequência de dias com temperaturas elevadas resulta em perdas consideráveis de folhas, flores e vagens. As plantas estão entrando na fase de floração com estatura muito reduzida, situação que implica em menor potencial produtivo, além de maior perda de umidade devido a cobertura deficiente do solo. As lavouras com cultivares precoces são as mais afetadas, em virtude de não haver tempo suficiente para recuperar o porte e para emissão de nova camada de flores.
Em geral, as perdas em São Gabriel estão estimadas em 35%; em São Borja, 25%; em Santana do Livramento, 20%; em Manoel Viana, 28%; em Rosário do Sul, 25%; e em Santa Margarida do Sul, 30%. Em São Gabriel, Itacurubi, Rosário do Sul e São Borja, a área prevista para cultivo com a oleaginosa não foi integralmente plantada devido ao nível insuficiente de umidade no solo.
Os cultivos na Campanha apresentam-se com melhor potencial produtivo. Os recentes registros de chuvas com volumes expressivos favoreceram as plantas semeadas mais tardias, em comparação com municípios da Fronteira Oeste. Com o restabelecimento da umidade do solo, produtores de Dom Pedrito concluíram os trabalhos de plantio. Nas lavouras já estabelecidas, é observada intensa produção de folhas novas e floradas abundantes, com boa carga inicial de vagens, apesar do estresse causado pelas elevadas temperaturas.
A coloração também melhorou consideravelmente. Produtores utilizam fertilizantes foliares para estimular o crescimento vegetativo, além de maior fixação de flores. Em vários municípios, as pancadas de chuvas no final da tarde e durante a madrugada favoreceram a infestação de praga e doenças. O monitoramento indica aumento expressivo de percevejos, além de ácaros e tripes. São realizadas as primeiras aplicações de inseticidas associadas a fungicidas.
Na de Caxias do Sul, as áreas se encontram predominantemente nas fases de floração, formação de vagens e enchimento de grãos. As semeadas no tarde estão em desenvolvimento vegetativo. As perdas acumuladas preveem redução de 31% em relação a expectativa inicial de 3.852 quilos por hectare. E não é maior devido às expressivas chuvas nos últimos dias nos principais municípios produtores: Vacaria, Muitos Capões e Esmeralda.
Na regional de Erechim, nos 234 mil hectares plantados, 60% das áreas estão em desenvolvimento vegetativo, e 40% em florescimento e início da formação de vagem. Há perdas já consolidadas de 20% em relação a produtividade inicial de 3.740 quilos por hectare.
As plantas estão com o tamanho reduzido, não fechando as linhas. As lavouras tardias, implantadas nas restevas das culturas de inverno, estão ainda com bom potencial de produção. As chuvas amenizaram a parada de desenvolvimento da planta. Produtores realizam tratamentos fúngicos. Nas de Frederico Westphalen, Santa Maria e Passo Fundo, o cenário se mantém grave diante do prolongamento das altas temperaturas, comprometendo a produção.
Áreas semeadas no final de outubro e novembro demonstram dificuldades no desenvolvimento vegetativo, evidenciadas pelo baixo porte das plantas. Fator agravante é a falta de água nas fases críticas do florescimento e da formação de grãos, que causa abortamento de flores e vagens, além de casos de morte de plantas, que demonstram danos irreversíveis e que trarão diminuição no potencial produtivo. As perdas estimadas se aproximam de 30%. O calor e a falta de umidade têm provocado o surgimento de tripes, que exige monitoramento e controle.
Na de Frederico Westphalen, produtores não conseguiram realizar tratamentos fitossanitários devido as condições adversas, fazendo com que muitas lavouras tenham problemas com o ataque de pragas e doenças. As lavouras semeadas em dezembro e janeiro, na resteva de milho e feijão, tiveram dificuldades de germinação e também estão com desenvolvimento irregular. As chuvas contribuíram para a finalização da semeadura.
Na regional de Pelotas, a continuidade do tempo seco e quente agravou as perdas. Embora haja precipitações em alguns municípios, elas são esparsas e localizadas, insuficientes para reverter ou amenizar a situação. As lavouras implantadas no cedo, e as em áreas com as cultivares mais precoces, que atingem a floração (40% da área cultivada), e as em enchimento de grãos (9%), são as que têm maior prejuízo no potencial produtivo. As lavouras em crescimento vegetativo ainda poderão recuperar seu desenvolvimento e apresentar satisfatória produção de grãos, caso ocorram chuvas regulares e em bom volume.
Na de Ijuí, a temperatura elevada, com valores superiores a 40°C, provoca problemas no desenvolvimento da cultura, morte de plantas em todos os estádios de desenvolvimento e a queda de folhas basais e de flores. Nas áreas semeadas nos primeiros quinze dias de janeiro, a emergência é desuniforme e há morte de plantas nos estágios iniciais. Em geral, as lavouras estão com baixo porte, poucas folhas, número reduzido de ramificações e densidade muito aquém da ideal para a cultura. Os reduzidos volumes de precipitações não foram suficientes para minimizar os impactos nas lavouras. Produtores realizam somente aplicações de inseticidas e fungicidas em áreas específicas que apresentam necessidade de controle, mas encontram dificuldades para o manejo diante das condições climáticas desfavoráveis.
Na regional da Emater/RS-Ascar de Porto Alegre, a chuva ocorrida em 17/01 foi fundamental para recuperar o potencial produtivo das lavouras, principalmente as que se encontram em fase de florescimento e emissão das primeiras estruturas de vagem. Nas que foram replantadas ajudou no fechamento das entrelinhas. Produtores aproveitam para
realizar os tratos culturais.
Não houve avanço na área semeada na de Santa Rosa devido à falta de umidade no solo. Das lavouras, 43% estão na fase de desenvolvimento vegetativo, 42% em florescimento – fase crítica com relação a redução da umidade do solo, 14% na fase de enchimento de grãos, e 1% na condição de maduras. O período seco, acelera as etapas de desenvolvimento das plantas, e as em fase de reprodução, evidenciam perdas cumulativas. A produtividade atual é de 1.531 quilos por hectare, redução de 54% em relação à expectativa inicial de 3.345 quilos por hectare.
Em geral, os cultivos mostram desenvolvimento heterogêneo, com plantas aquém do esperado. Algumas áreas apresentam incidência de tripes, ácaros e manchas afetadas por fungos de solo, principalmente Macrophomina phaseolina, agente causador da podridão negra.
Os produtores solicitam vistorias para encaminhamento de Proagro, em especial, nas lavouras com pequeno porte das plantas, e que se encontram na fase de enchimento e maturação de grãos devido a baixíssima carga de vagens e grãos por planta. A primeira vistoria já foi realizada, e a segunda ocorrerá no final da maturação. Em muitas lavouras, a situação de perda total já está consolidada sendo elaborado o laudo único para liberar a lavoura.
Na de Soledade, as precipitações com distribuição irregular e volumes variados, amenizaram os efeitos da estiagem no Vale do Rio Pardo. Em geral, os pequenos volumes foram evaporados imediatamente, devido as altas temperaturas e a baixa umidade do ar, mantendo o quadro de estresse hídrico. Na maioria das lavouras, o controle de plantas invasoras em pós-emergência já foi realizado e iniciaram as aplicações de fungicidas; em muitas áreas o manejo de plantas invasoras foi realizado com atraso devido as condições de restrição hídrica do solo. Os cultivos estão em situações diversas: em desenvolvimento inicial até os em enchimento de grãos (mais precoces), que apresentam perdas elevadas devido à baixa carga de vagens; e os com ciclo maior (maior parte da área cultivada) há expectativa de produtividades satisfatórias caso normalizem as chuvas.
Programa Monitora Ferrugem RS
A ocorrência de esporos de ferrugem asiática da soja, fungo Phakopsora pachyrhizi, no período de 10 a 17/01/22 foi relatada nos municípios das regiões Norte e Noroeste do Estado.
Nas últimas semanas as condições climáticas não foram favoráveis para a incidência da Ferrugem Asiática da Soja, no entanto, com a retomada das precipitações recomenda-se a
observância das condições ambientais, principalmente nos locais do Estado com a presença
de esporos.
Condições climáticas ideais: temperaturas entre 18 e 26°C, umidade relativa do ar acima de 75% e molhamento foliar superior a 10 horas diárias.
Comercialização (saca de 60 quilos)
De acordo com o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar, no Rio Grande do Sul o preço médio da saca de soja apresentou variação positiva de 1,61% em relação ao da semana anterior, passando de R$ 175,20 para R$ 178,02. O produto disponível em Cruz Alta está cotado em R$ 185,00.
Na região de Santa Rosa, os subprodutos a granel vendidos pela indústria aos produtores para alimentação de animais atingem as seguintes cotações: farelo de soja em elevação, comercializado a R$ 2.720,00/t; casca de soja estável, vendida a R$ 1.610,00/t.
Fonte: Emater-RS