As chuvas aliviaram a preocupação dos produtores; trabalhando intensamente na colheita, avançaram para 10% das áreas implantadas no Estado. Com o retorno da umidade no solo, a cultura retomou o desenvolvimento adequado.
Na regional da Emater/RS-Ascar de Bagé, a colheita de cultivares precoces avançou na semana. Estima-se que cerca de 5% da área cultivada tenha sido colhida, com produtividades de 2.400 a 3.600 quilos por hectare, consideradas excelentes. O alto rendimento deve-se às condições climáticas mais secas durante a maturação da cultura. Com o retorno de chuvas em volumes significativos, a umidade nos solos foi restabelecida e interrompeu o estresse hídrico, que em alguns casos extremos já provocava morte de plantas. Antes das precipitações, a queda de folhas foi bastante significativa, com efeitos na redução do ciclo e perdas de produtividade nas cultivares de ciclo precoce e médio. Na Fronteira Oeste, foram solicitadas coberturas de seguro agrícola. Em São Borja, estima-se que 35% das áreas em maturação venham a apresentar produtividade entre 15 e 45 sacas por hectare, resultado da maturação antecipada, de grãos fora do padrão e enchimento incompleto de vagens. Em toda região, as lavouras implantadas em dezembro ou as de ciclo tardio foram muito beneficiadas pela reposição de umidade nos solos, pois estão em fase de enchimento dos grãos e pode ocorrer boa recuperação; plantas apresentam alta carga de vagens. Em relação ao aspecto fitossanitário, produtores que haviam interrompido as aplicações de fungicidas retomaram as pulverizações a partir de 18/03, quando as melhores condições de umidade favoreceram a absorção pelas plantas. Na Campanha, em Hulha Negra, já foram identificados focos de ferrugem. Com relação à ocorrência de insetos, é bastante variada a situação das lavouras: algumas com grandes infestações de percevejos e lagartas e outras sem danos. As infestações de ácaros e tripes devem reduzir após a chuvas.
Na de Caxias do Sul, a colheita avança ainda de maneira moderada; variedades mais precoces já atingem o ponto de colheita. A produtividade surpreende positivamente, com rendimentos médios superiores a 3.600 quilos por hectare nas áreas já colhidas e excelente qualidade de grãos. Em Serafina Corrêa, não foi necessária a aplicação de inseticidas em lavouras monitoradas, pois os níveis de lagartas e percevejos foram muito baixos durante o ciclo de desenvolvimento.
Na de Passo Fundo, a colheita chegou a 10% da área, e o desenvolvimento continua satisfatório. A expectativa de produtividade no momento é mais otimista que a inicial, quando as baixas precipitações incidiram na implantação das lavouras.
Na de Erechim, 10% das lavouras estão colhidas, e a produtividade é de 3.700 quilos por hectare. O amadurecimento da cultura ocorreu antecipadamente devido ao sol intenso. Nos próximos 15 dias, ficarão prontos e serão colhidos em torno de 50% dos cultivos.
Na regional de Frederico Westphalen, a semana de 16 a 22/03 foi marcada pelo retorno das chuvas e de altas temperaturas; essas condições aceleraram as fases de floração e de enchimento de grãos, e foram importantes para uniformizar a maturação. A qualidade do produto é muito boa; 14% das áreas estão colhidas.
Na de Santa Maria, a colheita já passa dos 10%, com expectativa de produtividade maior que a esperada inicialmente; com as últimas chuvas, as lavouras terão ótima condição de umidade para terminar o ciclo. Em Silveira Martins, já foram colhidas 23% das lavouras, com produtividade média de 4.500 quilos por hectare, bem superior à estimada.
Na regional de Ijuí, a colheita avançou para 14% da área. O retorno das chuvas na terça-feira (16) e no domingo (20) garantiu umidade no solo suficiente para os próximos dias, permitindo que a cultura da soja complete o ciclo. Embora mais de 60% da área cultivada esteja em estádio de maturação, as plantas ainda apresentam vagens verdes em final de enchimento de grãos, com grande necessidade de água para garantir a boa formação. Com a boa distribuição das chuvas, a maturação será uniforme e os grãos, completamente formados. A colheita seguiu nas cultivares precoces que apresentam produtividade média acima de 64 sacas por hectare; comparativamente aos anos anteriores, os rendimentos surpreendem positivamente. Em Catuípe, as áreas colhidas apresentaram produtividade de 60 a 90 sacas por hectare. Lavouras têm baixa infestação de insetos-praga, e as doenças atingem parâmetros aceitáveis dos programas de manejo adotados pelos produtores.
Na regional de Pelotas, avança a colheita em 7% das áreas implantadas com cultivares de ciclo mais precoces. Em razão de mais precipitações ocorridas na semana, o solo mantém boa umidade desde fevereiro. Tal situação beneficia o enchimento de grãos, resultando em muito bom pegamento de vagens, muito bom número de grãos por vagens e grãos graúdos, bem desenvolvidos e com muito bom peso. A exceção são cultivos localizados em terras baixas e planas, que retêm excesso de umidade no solo, refletindo em menores produtividades. Há perspectiva de recordes de produtividade regional, podendo chegar a rendimentos de entre 60 e 70 sacos por hectare em algumas áreas.
Na regional de Santa Rosa, a área colhida atingiu 4%. Unidades recebedoras dos grãos relatam grande variação de produtividade, de 30 a 65 sacos por hectare. As produtividades das variedades precoces dos grupos de maturidade relativa (GRM) 4.6 a 6.0 foram reduzidas; semeadas em dezembro, seus ciclos sofreram encurtamento sobretudo devido à não ocorrência de chuvas significativas nas fases de florescimento e enchimento de grãos, mais sensíveis ao estresse hídrico. As chuvas ocorridas nessa terceira semana de março em todos os municípios foram importantes para garantir a boa formação e o enchimento dos grãos, oferecendo alívio aos produtores. As condições de sanidade das lavouras em enchimento de grãos são satisfatórias, e produtores devem fazer a última aplicação de fungicidas durante a próxima semana. Na unidade de referência técnica de soja de Cerro Largo, observa-se a presença de ferrugem nas folhas em todos os pontos avaliados. Na última semana, observou-se ataque acentuado de fungos de solo, identificados como Macrophomina phaseolina, agente causador da podridão cinzenta da raiz e haste. Com o avanço da maturação das lavouras, produtores revisam e terminam os ajustes das colheitadeiras para intensificar a colheita no final de março e no início de abril.
Na regional de Soledade, a ocorrência de bons acumulados de chuvas na semana tranquiliza sojicultores; essas chuvas definiram a produção da maior parte da área cultivada que está em maturação fisiológica. Lavouras de ciclo curto – superprecoces e precoces – estão em colheita com produtividades que variam de 50 a 70 sacos por hectare. Uma lavoura inscrita no desafio de máxima produtividade do Comitê Estratégico Soja Brasil – CESB em Soledade atingiu produtividade de 95 sacas. Na região, 4% da área está colhida.
Na de Porto Alegre, iniciou a colheita em 7% da área. A perspectiva é de boa produtividade. A maioria das lavouras está entrando na fase de maturação fisiológica.
Na de Lajeado, apesar de o início da semeadura ter atrasado em função da baixa umidade do solo, houve incremento de área na safra. A produtividade esperada no momento é de 3.316 quilos por hectare; algumas áreas colhidas apresentam produtividades de até 4.500 quilos. As práticas de manejo praticamente se encerraram, pois a maior parte das áreas se encaminha para a maturação fisiológica. De modo geral, foi uma safra com baixa pressão de doenças, que aliada à aplicação preventiva de fungicidas, garantiu boa sanidade das plantas até o final do ciclo.
Comercialização (saca de 60 quilos)
De acordo com o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Rio Grande do Sul, o valor da saca da soja alcançou R$ 160,61, com redução de 1,14%, em relação ao da semana passada.
Fonte: Emater/RS – Ascar – Informativo Conjuntural – Nº 1651